28/09/2019 - 13:30 - 15:00 AL1 - GT Ampliando Linguagens - As Diferentes Linguagens e o Cuidado Frente a Agravos e Ciclos de Vida |
30955 - “QUEM OLHA PARA FORA SONHA, QUEM OLHA PARA DENTRO DESPERTA”: (RE)SIGNIFICADOS DE MULHERES COM FIBROMIALGIA A PARTIR DO ENCONTRO COM A ARTETERAPIA MARIELLY DE MORAES - UNIVERSIDADE FEEVALE, TATIANE BAGATINI - UNIVERSIDADE FEEVALE, JORGE LUIZ DE ANDRADE TRINDADE - UFRGS, UNIVERSIDADE FEEVALE
Contextualização: A Arteterapia é uma prática expressiva artística, visual, que atua como elemento terapêutico na análise do consciente e do inconsciente, buscando interligar os universos interno e externo do indivíduo, por meio da sua simbologia, favorecendo sua saúde física, mental, emocional e espiritual. A conexão entre a arte e o processo terapêutico torna-se potente na exploração com fim em si mesma (foco no processo criativo, no fazer) e/ou na análise/investigação de sua simbologia (arte como recurso terapêutico). Este trabalho compreende a apresentação de retratos fotográficos de duas experiências vivenciadas em um projeto de estágio desenvolvido em um curso de pós graduação em Arteterapia que ofereceu oficinas de expressividade para um grupo de mulheres com fibromialgia, possibilitando um espaço terapêutico de expressão de si através do desenvolvimento criativo utilizando a Arteterapia sob várias perspectivas. Período de realização: As atividades com o grupo de mulheres aconteceram semanalmente, por meio de 23 encontros com duração de duas horas e meia cada, entre os meses de abril e dezembro de 2018, nas dependências da Universidade Feevale, na cidade de Novo Hamburgo- RS. O grupo contou com a participação efetiva de 6 mulheres. Objetivos: Este ensaio fotográfico tem o intuito de retratar imagens de duas abordagens que envolveram a Arteterapia realizadas com o grupo de mulheres com fibromialgia, atentando para os aspectos que envolvem os (re)significados de si a partir do encontro com essa proposta de Prática Integrativa e Complementar em Saúde. Descrição/Resultados: A proposta de criação desse grupo buscou possibilitar um espaço terapêutico para o cuidado de si das mulheres de forma integral, envolvendo as diferentes dimensões da saúde (física, emocional, mental, espiritual, relacional); identificar as potencialidades e as fragilidades apresentadas pelas participantes do grupo; oferecer um espaço para o desenvolvimento do processo criativo por meio de atividades artísticas; e possibilitar um espaço terapêutico de expressão de si (do sentir, pensar e agir), voltado para o acolhimento, autoconhecimento, autocuidado e empoderamento, fazendo uso de diferentes recursos da Arteterapia. As imagens retratadas nesta coletânea apresentam dois momentos distintos ocorridos ao longo dos encontros das oficinas de expressividade. As primeiras 5 imagens compreendem o Resgate de memórias corporais da dor a partir da representação da dor de cada mulher no desenho de si em tamanho real; e, em seguida, fruto do encontro posterior, o retrato da Ressignificação da dor com representação de cura, um convite a transformar a dor, trazendo saúde e luz ao corpo e representar a cura para o que dói. Tal prática foi disparada e instigada a partir de um vídeo sobre O poder das mandalas, onde as mulheres puderam compreender as mandalas como o círculo mágico de poder, a concentração de energias usadas como instrumentos para atingir estados superiores de meditação, de proteção e de cura, integração e harmonia. Abriu-se então espaço para o trabalho de cada mulher sobre o seu corpo representado no papel, a partir de seus sentimentos e sua criatividade. As imagens de 6 a 10 ilustram a abordagem que teve como foco O Empoderamento de si, a partir do conto O Barba Azul, onde, a partir da história e do diálogo sobre o arquétipo do predador, as mulheres foram convidadas a refletir sobre si, escolher uma porta (onde encontra-se trancado o que desejam libertar, da qual tem a posse da chave, e podem acionar sempre que desejarem) e uma chave (que lhes pertence, e abre a porta de tudo que as oprime, em relação a si mesmas e aos outros) representativas de suas histórias. As mulheres trabalharam com as portas, as chaves e escreveram sobre o que desejavam se desprender. Aprendizados e análise crítica: A sequência de imagens se propôs a dar visibilidade e instigar reflexões críticas acerca da potência da Arteterapia como prática plural de reinvenção do cuidado em saúde e reafirmar a importância das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde neste âmbito. A partir das fotos que representam a arte como veículo e exploração de materiais expressivos percebe-se a importância de se abrir espaços que despertem novas possibilidades de se olhar para dentro, no cuidado em saúde, que fomentem o despertar. Simbolizar a dor e o sofrimento plasticamente, por meio da Arteterapia, produziu prazer, saúde e qualidade de vida para essas mulheres. Essa mostra nos permite concluir que, conforme Rolnik (2002), arte é algo além que acontece na nossa relação com o mundo, uma forma de experimentação das sensações, exploração do corpo vibrátil que se dá em outra dimensão da subjetividade. Diz respeito à experimentação de um tipo especial de saúde; trata-se de uma noção ampliada de criatividade. Uma saúde relacionada com o viver, que envolve criação de si e de mundo, um perceber a saúde como a possibilidade de exercitar na própria vida a criatividade (LIMA, 2009).
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