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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 15:00 - 16:30
AL6 - GT Ampliando Linguagens - Linguagens e Possibilidades de Repensar Processos de Formação no Campo da Saúde

31189 - A CULTURA E AS LINGUAGENS DA ARTE NA CONSTRUÇÃO CURRICULAR DO CURSO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE
FERNANDA DO NASCIMENTO MARTINS - FIOCRUZ


Trabalho, educação e cultura. Seria possível o ser humano existir e perpetuar a sua espécie sem essas três práticas?
Ao analisarmos o processo de formação do ser ao longo da história podemos, através da perspectiva materialista histórica, compreender que o trabalho é a prática que difere o ser humano dos demais animais que habitam este mundo, modificando a natureza para se adaptar as suas necessidades e sobreviver.
Porém, para garantir a perpetuação de sua espécie, além do trabalho e pelo trabalho, o homem necessita estabelecer relações, se comunicar com seus pares e assim se fortalecer e garantir seu legado, desenvolvendo-se em gerações futuras. Essa comunicação, a troca do novo vivenciado, aqui denominamos de processo educativo. Produto da existência, indispensável para o humano se formar enquanto sujeito e ser social.
Atrelado a esses processos, vemos a cultura emergir como uma das superestruturas de análise da sociedade e derivada do cotidiano, a qual, a partir das necessidades objetivas da vida social, faz com que o ser humano reflita e expresse sua atuação no mundo.
Ao longo do processo histórico, vemos essas três práticas, sendo descoladas de suas intenções iniciais, sobretudo a partir do advento do capitalismo, o ser passa a utilizar o trabalho, a educação e a cultura, não somente para o fortalecimento das suas relações comunitárias, prezando um bem comum e evolução da espécie, mas também como aparelhos de poder, dividindo-se em classes.
Toda essa transformação, assim como a opressão exercida pela classe dominante, não é “assimilada” e “observada” de forma passiva pela classe dominada. Através de muita luta, a classe oprimida tenta constituir práticas que possam romper com o sistema dogmático, apesar das relações desiguais de forças.
A pesquisa, fruto da dissertação do Mestrado Profissional em Educação Profissional em Saúde, na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSVJ), traçou diálogos com a cultura e a arte em nossa sociedade, partindo da estética como análise reflexiva do cotidiano. Procurou, também, compreender que as possíveis lutas no interior das instituições de ensino, vistas como um aparelho ideológico do Estado – fundamentado nos pensamento de Gramsci e Althusser – se fazem necessárias e possíveis através das disputas que estão alocadas em sua concepção. Para tal, objetivou-se analisar a construção curricular a partir de uma ampla visão de seu conceito, enquanto um processo histórico, político, social, econômico e cultural, constituído para expressar uma “realidade” não neutra e que representa narrativas de determinados atores, imbuídas de relações de interesses e poder em detrimento de outros, torna-se fundamental.
Partindo desses pressupostos e crendo que a educação e a arte são práticas articuladas que, mesmo apropriadas como aparelhos de um poder coercitivo, podem ser (re)apropriadas para refletir e problematizar a sociedade na qual vivemos, buscou identificar através da análise do plano de curso e dos planos de aula do Curso Técnico de Agentes Comunitários em Saúde (CTACS), realizado na EPSJV, como o debate da cultura e as linguagens da arte, inseridos na estrutura curricular, podem contribuir para um processo formativo crítico e reflexivo, promovendo um dialogando integrado entre as práticas oriundas do seu ambiente laboral e as teorias a respeito da Saúde Pública, das Políticas em Saúde e da sociedade em sua completude, almejando a valorização desse profissional de extrema importância para na consolidação do Sistema Único de Saúde.
O CTACS–EPSJV é dividido em três etapas formativas, a partir dos seguintes temas: “Construção histórica do trabalho do ACS: políticas públicas, território e educação em saúde”; Organização da Atenção Básica e a atuação do ACS: o cuidado e educação em saúde da família; e “Trabalho do ACS e a participação política: educação e cidadania em saúde”. No interior desta estrutura existem os eixos, que ao todos se constituem em 11 eixos, 01 dedicado ao Trabalho de Conclusão de Curso, além das “Estratégias de articulação entre a geral e a formação em saúde”, composto pala Oficina de Leitura e Oficina de Cultura.
A cultura e as linguagens da arte perpassam, integrando, todas as etapas. Dentre alguns exemplos estão: o debate sobre diversidades culturais na Educação Popular em Saúde. A discussão da constituição da República brasileira e seus impasses na concretização de um projeto político efetivamente republicano e de uma cultura de direitos no Brasil, utilizando-se do documentário: O Rio dos Trabalhadores e da leitura da crônica: Os trabalhadores da Estiva de João do Rio.
Compreende-se a arte e a educação somente não irão transformar as desigualdades presentes em nossa sociedade, porém, através do dialogo das mesmas, na construção de processos formativos que atrelem em seus currículos perspectivas e valores que reflitam conhecimentos e saberes até então excluídos, podem sim contribuir no caminho à extinção da dominação e da violência dessa ordem social.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

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