28/09/2019 - 15:00 - 16:30 AL2 - GT Ampliando Linguagens - Diversidade de Olhares na Produção do Conhecimento em Saúde |
30492 - UM OUTRO OLHAR SOBRE O AUTISMO KAROLINA SAAD RACHED - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA PARAÍBA, FCM-PB, MOISÉS ORTEGA XAVIER DE ARAÚJO ANTON VARANDAS - INSTITUTO REVERTENDO AUTISMO, IRA, KLEIDE MARIA SILVA TEIXEIRA - INSTITUTO REVERTENDO AUTISMO, IRA, MARCELA TOZZI CARVALHO GOMES - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA PARAÍBA, FCM-PB, MATTHEUS DE LUNA SEIXAS SOARES LAVOR - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA PARAÍBA, FCM-PB, CATARINA NÓBREGA LOPES - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA PARAÍBA, FCM-PB, MARINA MOUSINHO DE PONTES DAMACENO - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA PARAÍBA, FCM-PB, ISABELA PEDROSA VIEIRA LIMA - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA PARAÍBA, FCM-PB, PERILO RODRIGUES DE LUCENA FILHO - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA PARAÍBA, FCM-PB, MARIA LUIZA SANTOS ARNAUD COUTINHO - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA PARAÍBA, FCM-PB, GIOVANNA GRISI PINHEIRO DE CARVALHO - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA PARAÍBA, FCM-PB, ROBERTA ARAÚJO LUZES - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA PARAÍBA, FCM-PB, GILBERT GUIMARÃES MONTE FILHO - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA PARAÍBA, FCM-PB, MARIANA SOARES MADRUGA GUEDES PEREIRA - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA PARAÍBA, FCM-PB, BÁRBARA RAPHAELLA DAMIÃO E SILVA - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA PARAÍBA, FCM-PB, ANDRIELLY CARDOSO DE ANDRADE - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA PARAÍBA, FCM-PB, LARA MENDONÇA MAIA WANDERLEY VENTURA PAULO - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA PARAÍBA, FCM-PB, MÁRIO IVO DA COSTA LEITE FILHO - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA PARAÍBA, FCM-PB, LETÍCIA HOSANA ARAÚJO DE ALMEIDA - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA PARAÍBA, FCM-PB, TÂMARA ALBUQUERQUE LEITE GUEDES - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA PARAÍBA, FCM-PB, RAISSA GUILHERME NUNES BRAGA - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA PARAÍBA, FCM-PB, THALITA FERREIRA CAMPOS - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA PARAÍBA, FCM-PB
Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno global do desenvolvimento caracterizado por déficits de interação social, comunicação e alterações comportamentais, podendo haver alterações sensoriais, estereotipias, seletividade alimentar, interesses restritos e outros. O TEA pode ser associado a comorbidades como: epilepsia, hiperatividade e déficit de atenção. Há uma crescente prevalência do autismo no mundo. Segundo um estudo divulgado pelo Centers for Disease Control and Prevention houve um aumento de 1:150 crianças com TEA durante 2000-2002 para 1:68 no período de 2010-2012. Estima-se que atualmente 1 a cada 59 crianças é autista e que no Brasil há cerca de 2 milhões de autistas, sendo a maioria do sexo masculino.
A origem do TEA ainda não é totalmente esclarecida, evidências apontam causas multifatoriais com fatores genéticos, neurológicos, intestinais, imunológicos e ambientais. O diagnóstico do TEA ainda é um desafio no Brasil devido à escassez de profissionais capacitados no assunto, e geralmente ocorre tardiamente. Seu tratamento deve ser multidisciplinar contando com: médicos, nutricionistas, fonoaudiólogos, terapêutas ocupacionais, fisioterapeutas, psicólogos e psicopedagogos.
Instituto Revertendo o Autismo (IRA), uma Organização Social Civil de Interesse Público, sem fins lucrativos que promove atividades de prevenção e promoção à saúde a autistas e seus familiares na grande João Pessoa. O Projeto de Extensão Muito Além do Autismo (PEMAA) foi criado em 2017 numa instituição de ensino privada em João Pessoa-PB com o objetivo de difundir conhecimento sobre o autismo para estudantes, pais, profissionais de saúde, pessoas com TEA e a população em geral. É composto por estudantes de medicina e nutrição e 2 docentes (fisioterapeuta e nutricionista) e conta com reuniões semanais na faculdade, nas quais os alunos têm um aprofundamento teórico sobre o tema através da discussão de textos ou filmes, realização de oficinas, produção de pesquisa na área, bem como planejamento de palestras, congressos, oficinas e rodas de conversas sobre o TEA.
O IRA junto com o PEMAA realiza ainda atividades quinzenais na praia de Ponta de Campina, Cabedelo-PB. Nesse ambiente cerca de 35 famílias com suas crianças ou adolescentes participam de atividades de surf-terapia, nas quais parte dos estudantes fica responsável por interagir com as crianças com o uso de pranchas, baldes, bóias, botes e conchas, estimulando-as através dos sons, texturas e sensações que o contato com a praia lhes proporciona. Uma maneira de permití-los explorar seus déficits sensoriais e de desenvolver a habilidade de interação social. Na ocasião, crianças neurotípicas também participam, estimulando-as a aprender a lidar com as particularidades dos autistas e sensibilizando-os no processo de inclusão destes.
A outra parte dos estudantes e a equipe do IRA fica em uma Roda de Conversa com os pais na tenda tirando dúvidas dos familiares sobre algum tema como a alimentação no autismo. Nesse local também é servido um lanche com diversas frutas, sucos e alguma receita especial adequada para pessoas com TEA desenvolvida pelas estudantes de nutrição do projeto. Essa é uma oportunidade das crianças superarem a seletividade alimentar.
Esses encontros são registrados com fotografias e diários de campo. Todos os acadêmicos ficam responsáveis pelo registro fotográfico e por fazer seu relato sobre as impressões que o encontro com as crianças autistas lhe proporcionou, permitindo uma posterior discussão. As fotos selecionadas neste trabalho foram tiradas pelos autores nas atividades na praia durante o período de setembro a dezembro de 2017 e fevereiro a maio de 2019 e serão exibidas em apresentação de digital.
Dessa forma, o IRA e o PEMAA através das suas diversas atividades permite que as crianças com TEA sejam estimulados através do contato com novas texturas e sabores, além de interagir com neurotípicos e outros autistas; que os pais acessem informação sobre o TEA e tenham um momento de lazer frente a sobrecarga no cuidado dos filhos e que os acadêmicos de medicina e nutrição desenvolvam o olhar clínico sobre o TEA, entendam sua dimensão familiar e desenvolvam habilidades como a comunicação não verbal.
A autora deste texto é médica e ex- extensionista pelo PEMAA. Ama o poder transformador dos projetos de extensão, que permitem que o aluno vivencie o conteúdo na prática e desenvolva habilidades para além do campo técnico, tornando-o mais autônomo, envolvido com causas sociais e participante ativo na transformação social. A participação no PEMAA e no IRA a fez ter contato com a complexidade do TEA, que envolve não somente as dificuldades decorrentes dessa condição, mas ainda o universo no qual essas crianças estão inseridas, os desafios de tratamento, inclusão, dificuldades familiares, dentre outros. O autismo ainda é pouco discutido nos cursos de saúde e projetos como o IRA e o PEMAA são espaços que permitem essa discussão dentro e fora da faculdade.
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