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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 15:00 - 16:30
AL7 - GT Ampliando Linguagens - Saberes e Práticas Tradicionais em Saúde: Diálogos com a Cultura Popular

31501 - DONA ZEFINHA, A REZADEIRA DA VARGINHA
RAÍSSA DE ARAÚJO FERREIRA CARDOSO - UFRJ, GABRIELA SANTANNA MACHADO - UFRJ


1.Contextualização das atividades artísticas e culturais
O ponto de partida desta ideia é o afeto e, em seguida, o encontro. Descobrimos uma na outra que somos provocadas e convocadas por um encantamento mútuo pela sabedoria popular, as diferentes formas e olhares sobre o cuidado, que vem muitas vezes a partir de um estilo de vida guiado por outro tempo. Com o avanço das tecnologias valoriza-se também outro tipo de comunicação que pretende mais informar que contar e nesse contexto essa narrativa preciosa tende a ser perdida. Portanto, tínhamos em comum também, a vontade de registrar essa voz.
A primeira vez que visitamos a casa e a vida de Dona Zefinha ainda nos sentíamos amedrontadas pelos becos do Mandela, da Varginha e, como o povo diz: “do Manguinhos”. O “Manguinhos” onde os meninos são “chapa quente”, a maioria deles anda descalço e vestem apenas short e alguma arma. O Mandela que tem um baile famoso que fica lotado nos finais de semana e tem um som tão alto que chegou a rachar a parede da casa da Dona Maria. A Varginha,fica numa ponta onde o rio se divide em dois: o canal do Cunha e o Jacaré. E ali, na beira do canal do Cunha fica o Beco do Fotógrafo onde viveu Dona Zefinha.
É verão no Rio, estamos em fevereiro e antes desta semana fazia tanto calor que em cada esquina do Mandela havia uma piscina de plástico cheia de água e de crianças brincando. Mas naquele dia o asfalto estava molhado, o céu estava indeciso entre chuva ou sol e o ar ainda carregava a umidade da chuva do dia anterior.
O sol ilumina uma gaiola e o canto do passarinho atravessa as grades de madeira. Há muito falatório na rua, o comércio funcionando, a lojinha de produtos nordestinos, a oficina e o bar da Dona Antônia. A favela nunca dorme, mas temos a sensação de que neste momento ela estava despertando. Tem muito lixo no chão e no rio, a água é totalmente poluída e fede, mas tem garças no meio dos entulhos. Atravessamos a ponte e ali do outro lado homens fumam, conversam e riem. Pedimos permissão para filmar.
Tem dois cômodos embaixo: a cozinha e a varanda. Decidimos filmar na varanda por que com a chuva faltava luz. Dividimos o espaço com entulhos de obra e Diene, a Agente Comunitária de Saúde, teve que ficar do lado de fora, pois não cabíamos todas lá. Nossa entrevistada, então, senta no seu trono verde de balanço e nos conta sua história.
Aprendeu a rezar diretamente com Deus. Foi pelo meu filho que era muito magrinho, ela conta. Peguei três galhos daquela florzinha branca: vassourinha e assim comecei. No início eu tinha vergonha. Era muito nova. Treze filhos, um trem, um caranguejo santo, a época da roça, 4 rezas, a cigana e a granjona. Em apenas uma manhã, captamos através da câmera do celular o que Zefinha escolheu nos contar sobre a sua vida.
Com a ajuda de amigos que trabalham numa produtora própria, a Quiprocó filmes, pegamos algumas dicas básicas de edição e continuamos a nossa jornada de produção de um filme, que é também, o início de um projeto de vida: registrar a voz da narrativa dos saberes populares antes que ela se perca.
Aproximadamente 3 semanas após a entrevista, a Dona Zefinha nos deixou. Conversamos com a família que ficou feliz com o registro desta entrevista. Na presente data, ainda não confirmamos um dia e um local de encontro, mas em breve estaremos junto com os familiares exibindo o filme e conversando sobre como a rezadeira da Varginha nos tocou.
2.Resumo/Sinopse
Nascida em Santa Rita, terra de caranguejo santo, Dona Zefinha, depois de morar em muitos cantos, veio morar no Complexo de Manguinhos, nessa “malucagem doida” que é a vida. Por onde passou levou consigo sua força e fé. Na reza, se reconheceu como cuidadora e com orgulho passou a ser chamada de “minha dôtora” por muitos que cruzaram o seu caminho. Sua narrativa traz um olhar alegre e firme para os percalços do destino, uma reflexão sobre a temporalidade, os ritmos do cuidado e um olhar ampliado sobre a saúde e a doença a partir da perspectiva da sabedoria popular.
3.Formatos e Suportes Necessários referentes à apresentação
Este trabalho foi feito no formato de filme Curta-metragem AVI com duração de 14 minutos. Para apresentação será necessário um ambiente silencioso que disponha de projetor e som adequados.
Link Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=mM07ZgLwxpI&feature=youtu.be

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

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