29/09/2019 - 15:00 - 16:30 AL5 - GT Ampliando Linguagens - Desafios das Lutas e Movimentos Sociais em Saúde em Contextos de Invisibilidades |
31496 - SOBREPOSIÇÃO DE TEMPOS DÓCEIS POR DENTRO CONTRA QUALQUER TIPO DE PRECONCEITO PATRÍCIA DE OLIVEIRA SOARES - ATIVISTA, BRUNA EVANGELISTA ROSA - UFVJM
Contextualização
Uma arte-educadora doula e uma artista ativista do movimento cultural das periferias e também doula, mergulham no universo de jovens meninas mães moradoras da Favela do Moinho entre 2016 e 2018. Doulam e se envolvem nos movimentos políticos e sociais locais que resultam em uma vasta experiência, ensaio fotógrafo, escrita, relatos, música, poesia, amor e dor. Para além de julgamentos sobre uma jovens mulher de 24 anos que vive com seus 5 filhos, propomos uma denuncia poética as violências de gênero e classe social que em suas insterseccionalidades lutam pelo direito ao amor, seja ele em forma de afeto, maternidade, identidade ou poder. Assim propomos nesse espaço expor fragmentos fotográficos desse lugar de memória junto a leitura de uma carta manifesto que segue no resumo e será também fixada junto a exposição após sua leitura presencial. Precisamos de um momento para ler o manifesto junto a exposição de fotografias, 2 minutos bastam.
Resumo/Sinopse
Sobreposição de tempos
Dóceis por dentro
contra qualquer tipo de preconceito
Após doular dentro do lar que tanto se doa apesar do reboco exposto, da parede fria, da privacidade restrita, comunica.
Dizem as imagens sobre aquilo que as palavras não conseguem alcançar.
A moça de cabelos de fogo chama Rosângela, nascida no interior da Bahia se mudou ainda pequena para cidade grande, cuidou e criou as irmãs e desde que se entende por gente, cuida de gente. A casa dela sempre tem muita gente, gente. Difícil doular nesse lar. Exaustivo, quente, muita gente. As massagens sempre feitas de pé, no máximo sentada, falta espaço, falta ar, falta peito, falta mão. Criança não falta, grito também não, cumplicidade também não. A criança de 6 anos cuida da menor, todos se cuidam, todos se ajudam, eles se resolvem, tem hora que é difícil ter tanta gente. E tem hora que é mais fácil. Mas confesso que dentro das possibilidades visíveis, as soluções são muito bem planejadas.
Um salve a todas ás mulheres!
A todas as mães que criam seus filhos sozinhas.
A todas as mulheres que tiveram seus direitos talhados na hora de
parir!
Um salve ás mães periféricas!
A todas ás mães que diariamente são resumidas ao papel de mãe!
Um salve para todas as mães que são silenciadas pelo sistema
patriarcal!
Um salve a todas as mães que tem os seus filhos arrancados pela
justiça!
Um salve para todas as mães que tem os seus filhos mortos pela
mão da polícia!
Um salve ás mães de maio!
Um Salve a Carolina Maria de Jesus!
Um salve a Tula Pilar!
Mulher Negra, Mãe, Poetiza da Zona Sul de São Paulo.
Um Salve a Rosangela Monteiro!
Mãe de cinco e moradora da Favela do Moinho SP.
Um Salve a mãe do mundo!
Ao nosso útero que carrega força, luz e vida!
Seguiremos Unidas:
Pelo fim de Feminícidio.
Por todo o sangue derramado de nossas irmãs!
Pelos Fim da Violência Obstétrica!
Pelo nosso lugar de fala garantido em todos os ambientes!
E por espaços que trabalhem a autonomia e o imaginário criativo de
nossas crianças!
Pelo fim do Adultismo Institucional, Cultural e Internalizado!
Por Patrícia Soares
Ano e local da produção
Favela do Moinho/SP - Maio de 2018
Formatos e suportes necessários referentes à apresentação
Espaço em uma parede iluminada nas dimensões 1,80m de altura x 3,20m de largura para exposição de 6 fotografias arranjadas verticalmente em duas fileiras de 3, alinhadas com espaçamento de 20 cm.
Biografia das autoras
Patrícia Soares é Mãe, Doula, Agente de Proteção à Infância, Arte Educadora Social e Pesquisadora das Culturas Tradicionais Brasileiras. Membra Fundadora da Coletiva Brincaderia atua de forma itinerante pelas periferias da cidade de São Paulo propiciando o Espaço do Brincar nos Movimentos de Militância. No intuito de fortalecer o protagonismo infanto-juvenil nesses espaços e a participação integral das mães nas atividades de articulação e formação política, através de atividades lúdicas e educativas que valorizam o imaginário criativo e autonomia da criança. Militante das Culturas da Infância, desenvolve diálogos sobre as opressões que crianças e jovens passam nessa fase da vida, lutando pela Interseccionalidade da Pauta Adultismo.
Bruna Rosa é formada em Artes Cênicas pela UFOP possui especialização em Ciências Sociais pela FGV e atualmente é mestranda do Programa Interdisciplinar Saúde, Sociedade e Ambiente na UFVJM. Trabalha desde 2008 com produções culturais voltadas a uma arte que se faz linguagem do processo educativo. Foi educadora do Sesc SP, onde desenvolveu o Projeto “Jovens Mães – Soma Materna” que se estendeu pra além da instituição, adentrando territórios da Favela do Moinho entre 2016 e 2018. Concluiu o curso de atualização em “Antropologia da Cidade: Ativismos, Táticas, Insurgências” pela FFLCH da USP, chegando a compor dinâmicas do Grupo de Estudos de Antropologia da Cidade (GEAC). Hoje é doula e pesquisadora das semióticas do gênero feminino e da antropologia e integra o processo de formação da Escola Huytaca Colombiana sobre Parteria Tradicional.
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