29/09/2019 - 15:00 - 16:30 AL5 - GT Ampliando Linguagens - Desafios das Lutas e Movimentos Sociais em Saúde em Contextos de Invisibilidades |
31567 - CURSO DE MULHERES EDUCADORAS POPULAR EM SAÚDE: FORMAÇÃO EM SAÚDE EM CONTEXTOS DAS PERIFERIAS URBANAS VICTORIA SANTANA COSTA - UFRB, PAULA DANDARA GOMES - UFRB, MILYANE LUÍSA RIBEIRO COSTA VIGAS - UFRB, CARLOS ALBERTO SANTOS DE PAULO - UFRB, LÍVIA MILENA BARBOSA DE DEUS E MÉLLO - UFRB
A Lei 9.394 de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, define que a educação superior deve promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão da criação cultural, da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição. Neste sentido, baseado na ideia de a universidade ser e estar não tão somente para a comunidade acadêmica como também para toda a comunidade que a cerca e buscando curricularizar a extensão, foi estabelecido o componente curricular obrigatório denominado Processos de Apropriação da Realidade, no âmbito do Bacharelado Interdisciplinar em Saúde, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Este componente acontecendo do primeiro ao quinto semestre do curso, tem como objetivo aproximar reciprocamente discentes e comunidade externa, proporcionando a troca de conhecimentos e experiências com moradores de um determinado bairro da cidade.
A experiência aqui apresentada, aconteceu no bairro do Cajueiro I em Santo Antônio de Jesus/BA, num conjunto habitacional “Minha Casa, Minha Vida”. Trata-se de um vídeo que retrata o projeto de culminância realizado através de um Curso de Mulheres Educadoras Popular em Saúde, elaborado pelos 36 alunos da turma 2015.1 do Bacharelado Interdisciplinar em Saúde da UFRB, entre fevereiro e março de 2018. O objetivo do mesmo foi formar multiplicadores para o trabalho comunitário em defesa dos direitos sociais e humanos relacionados ao ser mulher, saúde e seus determinantes e as estratégias de organização e participação popular para o bem viver. Buscou-se trabalhar a partir de questões e problemáticas que atravessam a vida das mulheres, em especial relacionadas ao contexto onde vivem. Além disso, o curso buscou atender aos preceitos da interdisciplinaridade, exigidos pelo Bacharelado Interdisciplinar em Saúde, conjugando saberes dos diversos componentes curriculares daquele semestre letivo, a saber: Estado e Políticas de Saúde; Comunicação e Educação em Saúde; Parasitologia e Sistemas que compõem o corpo humano.
O curso envolveu 19 mulheres indicadas por três lideranças do bairro, sendo realizado nas instalações da universidade, sob supervisão dos professores do componente. O arcabouço teórico-metodológico da educação popular em saúde foi escolhido e aprofundado pela turma, voltando as ações para a promoção, proteção e recuperação da saúde, valorizando os saberes populares, a ancestralidade, a produção de conhecimentos e a inserção social, de modo que se forjem novos sujeitos políticos na saúde. Com isto, foram realizadas rodas de conversa e dinâmicas de grupo em vista de promover a troca de conhecimentos, de forma horizontal, firmando-se, sem dúvidas, como uma das experiências mais ricas da graduação.
O curso foi dividido em cinco módulos: Ser Mulher: reconhecimento e lutas, em que foi abordada a valorização pessoal, as diferenças entre sexo biológico, gênero e orientação sexual, a influência da dinâmica cultural sobre o comportamento feminino, além do feminismo, sua história e as principais representantes das lutas feministas em diferentes momentos desse movimento; Raça e Gênero que abordou sobre o “gênero na mídia” e explanou o conceito de representatividade e como a raça e o gênero aparecem nos meios de comunicação, quantificando e qualificando a influência desta na sociedade, o que levou a reflexões críticas desses aspectos retratados na mídia; Saúde é meu direito, participar é o meu dever que abordou sobre a relação entre saúde e os determinantes de saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS) e seus princípios, a Reforma Sanitária, a Constituição Federal de 1988, além da importância da participação popular e da educação popular como meio de assegurar a acessibilidade aos direitos sociais; Conhecendo as Redes de Apoio, que apresentou os diversos pontos da rede de saúde presentes no município (UBS, USF, UPA, Policlínica, Hospital, SAMU e CAPS-II), as quais asseguram ao cidadão o direito de acesso qualificado; e Construindo e Conquistando Direitos em que se discutiu acerca da criação de uma associação urbana de mulheres para debater as questões de saúde da comunidade, através da união comunitária, com reuniões e debates acerca de problemáticas locais, que podem tanto ser levadas ao Conselho Municipal de Saúde, como também apresentadas e firmadas nas Conferências de Saúde.
O projeto mostrou-se efetivo e apresentou excelente reconhecimento por parte das participantes, uma vez que entendemos que a Educação popular (EP), dentro do contexto deste curso, foi uma importante estratégia para identificar e valorizar diferentes saberes e perspectivas e a partir disso, auxiliar no reconhecimento das potencialidades dos moradores e as suas capacidades de desempenhar papéis fundamentais dentro da sua própria realidade, reforçando sempre o respeito ao próximo e a construção compartilhada de conhecimento, sendo o diálogo o ponto-chave para qualificar a relação entre cidadãos.
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