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Grupos Temáticos

28/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-8C - GT 8 - Mulheres, Mães e Cuidados na Resistência

30543 - “AQUILOMBADAS RESISTEM!” – TRAJETÓRIAS DE MULHERES NEGRAS ATIVISTAS DO CAMPO DA SAÚDE NA BAHIA NA CONSTRUÇÃO DO BEM VIVER
GABRIELA DOS SANTOS SILVA - UFBA, CLARICE SANTOS MOTA - UFBA, LENY ALVES BOMFIM TRAD - UFBA


Apresentação/Introdução

O fenômeno interseccional – gênero, raça e classe – e seus desdobramentos têm impactado na vida das mulheres negras de diferentes formas. Tal fenômeno se apresenta, por vezes, em produtor de sofrimento, o colocando no centro do debate para as análises do processo saúde-doença e os impactos nas trajetórias das ativistas negras. Da mesma maneira que classe, raça e gênero interferem de forma contundente na vida das mulheres negras, o ativismo e suas diferentes formas de organização também se insere enquanto um alicerce crucial na trajetórias de tais mulheres. O estado da Bahia tem um importante papel nas lutas antirracistas do país, tanto pela organização orgânica do movimento negro, quanto pelo contexto político, econômico e social do estado mais negro fora do continente africano.

Objetivos:

O projeto tem como objetivo geral analisar, sob o prisma da interseccionalidade, a relação entre feminismo negro e ativismo em saúde na trajetória de mulheres negras ativistas do campo da saúde no estado da Bahia. Os objetivos específicos pretendem: Compreender o processo de “tornar-se ativista”, identificando quais foram os marcos desse momento nas trajetórias das mulheres negras ativistas; Analisar o processo de articulação das redes das mulheres negras ativistas; Identificar quais as formas de resistências individuais e coletivas das mulheres negras; Investigar as contribuições das mulheres negras ativistas na produção do conhecimento do campo da saúde coletiva, tendo em vista o abrangente campo das Ciências Sociais em Saúde; Investigar em que medida a atuação das mulheres negras ativistas conformam a construção de uma epistemologia pautada no bem viver.

Metodologia:

Trata-se de um projeto de pesquisa de natureza qualitativa e se ancora na perspectiva feminista e antirracista Tal perspectiva oferece bases para compreensão mais aprofundada sobre grupos sociais que estão historicamente em condições de desigualdade. Além disso, evidencia as mulheres negras enquanto produtoras de conhecimento, e não mais enquanto objeto de estudo apenas, marcando assim novos caminhos e discursos sobre a população negra. O projeto lançará mão de três estratégias de produção de dados – pesquisa documental, entrevistas narrativas com mulheres negras ativistas do campo da saúde e observação participante das ações de movimentos de mulheres negras. As protagonistas da pesquisa serão mulheres negras ativistas que tenham atuação no campo da saúde no estado da Bahia, tendo como lócus – o movimento social e popular, a gestão pública e o espaço universitário.

Resultados e discussão:

O campo de atuação das mulheres negras é amplo, no qual suas pautas giram em torno do tema do trabalho, educação e saúde. No campo da saúde, as ativistas negras levantam a bandeira do direito à saúde e da defesa do Sistema Único de Saúde, mais especificamente, a Saúde da População Negra. A atuação das mulheres negras ativistas no campo da saúde além de evidenciar o racismo e o sexismo presente nas práticas de cuidado, também coloca em questão uma nova perspectiva de compreensão de qualidade de vida, o bem viver, o que se pode apontar como uma nova epistemologia do saber. Tal atuação prioriza também o cuidado de si e as articulações em rede no processo de consolidação do bem viver, o que, coloca em xeque as questões – como cuidar de si enquanto prática da liberdade a partir de uma imagem negativa de si mesma? Imagem essa que foi construída sob a estrutura racista, sexista da sociedade brasileira? O que torna o cuidado de si como prática da liberdade de mulheres negras extremamente complexo, pois para pensar e praticar o cuidado de si é necessário um conhecimento ético e verdadeiro de si mesma. É nesse sentido que o ativismo e as formas de resistência da população negra se tornam fundamental na análise desse fenômeno.

Considerações Finais

Ao se falar de trajetória de mulheres negras ativistas, assinalamos a interseccionalidade como estrutural de um sistema de dominação ancorado no capitalismo, no racismo e no sexismo, mas também o projeto se apoia nos conceitos e categorias que se contrapõem e se forjam enquanto contra hegemônicos, tais como, Feminismo Negro, Ativismo em saúde, Justiça social e racial, cuidado, produção de saúde e formas de resistência. As mulheres negras ativistas se constroem e (re)constroem cotidianamente para dar fim a uma trajetória que foi (e ainda é) construída pelo racismo e sexismo, que apaga suas memórias, suas vivências, as materializam como objeto, as violentam como forma de silenciamento e correção, e em último caso, as matam. O esforço tem sido para, de forma coletiva, construir uma trajetória alicerçada nos preceitos da igualdade de direitos, da recuperação da memória, da participação social, e acima de tudo, do bem viver. Como diz a poetiza ryane leão, “contem suas histórias, descubram o poder de milhões de vozes que foram caladas por séculos”. Nossos passos vêm de longe!

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

Campus I - Lot. Cidade Universitaria, João Pessoa - PB, 58051-900