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Grupos Temáticos

28/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-8C - GT 8 - Mulheres, Mães e Cuidados na Resistência

30903 - MULHERES ATINGIDAS PELA MINERAÇÃO, CONSIDERAÇÕES SOBRE SAÚDE MENTAL.
PAULA SASSAKI COELHO - USP


Apresentação
A grande mineração assume papel de crescente importância na economia brasileira no último período. Seu padrão produtivo implica em profundos impactos sócioambientais, com grande rapidez, alterando as economias dos lugares onde ela se instala. O presente trabalho aborda narrativas de mulheres em torno dos impactos e mudanças nos modos de vida e sociabilidade a partir da implantação do empreendimento Minas-Rio, na região de Conceição do Mato Dentro (MG) com ênfase nas questões de saúde mental de maneira ampla. O protagonismo e atuação das mulheres no sentido da resistência e mobilização popular também foi um dos critérios para a escolha do campo de pesquisa. Chamava a atuação de mulheres enquanto lideranças comunitárias, assim como a importância de ter no território um movimento social voltado à questão da luta pela soberania na mineração: o MAM (Movimento pela Soberania Nacional na Mineração).
O complexo Minas-Rio teve início de extração em 2008, mas seus impactos se dão desde o momento de prospecção de minérios, da construção civil da planta além da extração do minério em escala industrial em si, que também afeta drasticamente toda a região. Dentre outras coisas, o empreendimento minerador, pertencente à transnacional Anglo American, está composto por um mega-empreendimento. A cadeia produtiva da grande mineração exige uso intensivo de recursos hídricos e de áreas de terra para a extração, além de gerar poluição (sonora, da água e do ar) e afetar toda a economia e cadeia produtiva das regiões onde se instala. A instalação de plantas de extração se dá em regiões de maior vulnerabilidade econômica e social, o que facilita a inserção das empresas e seus ritmos e determinações produtivas e políticas necessárias para garantir o controle produtivo.
Por tanto, toda a cadeira de relações produtivas, fundiárias, de uso dos recursos naturais são impactados. Assim como hábitos e relações familiares e comunitárias sem que haja necessariamente consentimento das comunidades atingidas nem a participação nas decisões dos investimentos e retornos financeiros advindos da mineração. Além disso, as experiências de catástrofes geradas por rompimentos de barragens em lugares próximos como Mariana trazem a vivência cotidiana do medo de outro possível rompimento. Os planos de futuro e as atividades econômicas também são profundamente alterados de maneira abrupta e desigual para as famílias frente à transnacional e todo aparato jurídico e político que a acompanha. Este conjunto de fatores deixam as comunidades em situação de extrema desigualdade perante os interesses da transnacional.

Objetivos
Os objetivos deste trabalho são de destacar elementos relacionados ao protagonismo das mulheres no que diz respeito às mobilizações populares na região por meio de relatos e narrativas das mesmas. Além de elencar e discutir questões relacionadas à sociabilidade e saúde mental destacadas pelas mulheres durante as conversas e momentos em Conceição do Mato Dentro. Assim como dar visibilidade e fomentar discussão a respeito do modelo atual da mineração no Brasil e seus impactos nas comunidades em que ela está implantada.

Metodologia
A pesquisa à qual se apoia este trabalho foi realizada com metodologia de pesquisa participante e incluiu 5 idas de 3 a 4 dias a Conceição do Mato de Dentro e previu visitas e conversas com mulheres indicadas pelo MAM, assim como momentos de formação política acerca de gênero e mineração. Toda a pesquisa foi construída em parceria com militantes do MAM e as ações na região foram planejadas e executadas conjuntamente ao movimento social.

Resultados e discussão
Chamou a atenção a constância dos relatos em torno do medo de um possível rompimento. A totalidade das mulheres dizia imaginar rotas de fuga, lugares e pessoas que elas tentaria salvar ou contactar, para onde correriam com suas crianças e familiares. Chama também a atenção as mudanças em relação aos planos pessoais e familiares e ao sentimento de insegurança assim como uma perspectiva de piora nas condições de vida. O sono e a intranquilidade do mesmo devido às alterações e o risco de catástrofe também foram presentes. Foi bastante nítida a desigual correlação de forças entre os interesses da mineração e das famílias atingidas. A mobilização popular foi em contrapartida apresentada enquanto algo positivo, um ganho quanto às visões de mundo e vivencias de experiências enriquecedoras e novas.

Conclusões/Considerações Finais
Desta maneira, entendendo a saúde mental enquanto conjunto de relações e possibilidades de construção de identidade e determinação popular, ficam marcados os impactos também nesta esfera da vida das comunidades atingidas pela mineração. Esfera essa muito difícil de ser mensurada e de constar enquanto violação de direitos.
Em contrapartida, destaca-se a saúde promovida pelo fortalecimento dos vínculos e conquistas advindas da resistência popular e a importância da atuação de um movimento social na região.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

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