28/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-8C - GT 8 - Mulheres, Mães e Cuidados na Resistência |
31360 - MULHERES CUIDADORAS: UM OLHAR FEMINISTA ÀS REALIDADES DO CUIDADO NA VIDA DE AGENTES COMUNITÁRIAS DE SAÚDE NA CHAPADA DIAMANTINA
STEFFANE CAVALCANTI RODRIGUES - UFBA
O presente trabalho refere-se a uma breve apresentação das discussões realizadas na dissertação de mestrado intitulada “Mulheres Cuidadoras: Um Olhar Feminista às Realidades do Cuidado na Vida das Agentes Comunitárias de Saúde na Chapada Diamantina”, realizada pela autora no Instituto de Saúde Coletiva da UFBA. O trabalho tem como objetivo central compreender as realidades, percepções e práticas de cuidado presentes nos cotidianos de vida e trabalho das Agentes Comunitárias de Saúde (ACS) de uma Unidade de Saúde da Família (USF) na zona rural da Chapada Diamantina, na Bahia. Foram realizados seis meses de trabalho de campo, com coleta de dados realizada a partir da observação participante, dos diários de campo e das entrevistas narrativas realizadas com as participantes da pesquisa. O estudo tem como base teórica as Teorias Ético-Políticas do Cuidado pela ótica feminista de autoras como Flávia Biroli, Joan Tronto, Nancy Fraser e Ilze Zirbel, com viés epistêmico e metodológico ancorado no conceito de Interseccionalidade tal como pensado por algumas teóricas do feminismo negro, Angela Davis, Djalmila Ribeiro e Carla Akotierene. Atentando para as categorias de gênero, classe e raça/cor, refletimos a Ética do Cuidado enquanto uma Teoria Política Feminista para compreender os trabalhos de cuidado e suas contradições em um sistema capitalista, racista e sexista de sociedade. Existe uma alocação desigual em torno das tarefas do cuidado que não é aleatória e obedece a uma estrutura desigual de sociedade que funciona através hierarquias de sexo, raça/cor e classe social. Neste sentido, as teorias ético-políticas feministas se diferenciam por dar atenção às relações de poder presentes nos trabalhos de cuidado das vidas cotidianas das mulheres, ampliando-as em suas dimensões ética, políticas, sociais e econômicas. Do mesmo modo, uma análise feminista do Cuidado volta-se à Divisão Sexual do Trabalho (DST), à Divisão Racial do Trabalho (DRT), ao trabalho doméstico e ao "familismo" para pensar a reprodução destas desigualdades e assimetrias sociais. Assim encontramos como sentidos e significados das ACS as noções de que o cuidado tem múltiplas formas de apresentar-se na vida humana, abarcando diversas dimensões, perpassando sentidos emocionais, psíquicos, sociais, culturais e espirituais. As participantes também atribuíram ao cuidado sentidos de bem estar e autocuidado; responsabilidades e preocupações em relação ao sistema familiar e ao ambiente doméstico; e a noção de reciprocidade e responsabilidade política atrelada à equidade social, ao combates as desigualdades sociais, de gênero e às injustiças. Para isso, chegamos à crítica as desigualdades presentes no mundo doméstico e familiar, à dualidade público e privado e a individualização de questões políticas e sociais, pensando as questões do cuidado como pertinentes e urgentes à democracia. Com este estudo esperamos contribuir para o fortalecimento da socialização do cuidado através de políticas públicas que ajam de acordo com aspectos normativos de uma Teoria Ético-Política Feminista do Cuidado - visando contribuir na alteração do sistema de gênero, equilibrando as práticas e responsabilidades de cuidado entre as atrizes e atores sociais.
Palavras-chave: cuidado, feminismos, agentes comunitárias de saúde
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