28/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-8A - GT 8 - Formação, Cuidado e Reconhecimento |
30277 - CUIDADO EM SAÚDE A PARTIR DA EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL INTEGRADA AOS SERVIÇOS DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: SIGNIFICADOS PARA A FORMAÇÃO DE FUTUROS PROFISSIONAIS RAMONA FERNANDA CERIOTTI TOASS - UFRGS, ALZIRA MARIA BAPTISTA LEWGOY - UFRGS, DENISE BUENO - UFRGS, LUCIANE INES ELY - UFRGS, RENYELLE SCHWANTES DE SOUZA - PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE (PMPOA), THAIS OSTROSKI OLSSON - UFRGS, MARINA PEDUZZI - USP - SÃO PAULO
Introdução:
O contexto em que estamos inseridos é de complexidade crescente das necessidades de saúde das pessoas e comunidades. Nessa perspectiva, a concretização da integralidade das ações de saúde, um dos princípios ordenadores do Sistema Único de Saúde (SUS), requer profissionais comprometidos com o trabalho em equipe e prática colaborativa interprofissional. Buscando superar o descompasso entre o que é demandado e o que é ofertado por cuidado, o trabalho em equipe ganha protagonismo, tanto no processo de formação dos futuros profissionais quanto nas práticas de atenção à saúde no SUS. Uma estratégia apontada na literatura nacional e internacional como um dos caminhos para aprimorar o cuidado integral em saúde, por meio da formação de profissionais com capacidade de trabalhar de forma colaborativa, é a Educação Interprofissional (EIP).
Objetivos:
Analisar o significado da experiência de Educação Interprofissional (EIP) na graduação em serviços da Atenção Primária à Saúde (APS) para a formação de futuros profissionais da saúde.
Metodologia:
Pesquisa de abordagem qualitativa (estudo de caso), cujo fenômeno de análise é a experiência prática de EIP de uma universidade pública do sul do Brasil, que se desenvolve em territórios adscritos a Unidades de Saúde da Família (USF)/APS. Essa experiência de EIP constitui atividade de ensino oferecida como disciplina eletiva, que está compartilhada nos currículos de 15 cursos de graduação da saúde. A produção de informações ocorreu em três momentos: 1) Entrevistas semiestruturadas com egressos (n=9), estudantes (n=18), gestor universitário (n=1), professores (n=11) e observação participante com registros em diário de campo. 2) Entrevistas semiestruturadas com agentes comunitários de saúde (ACS) e gestores dos serviços de saúde (n=20). 3) Instrumento online encaminhado aos estudantes e egressos que concluíram a prática de EIP, de 2012 a 2017 (n=186). Amostra foi intencional e as entrevistas seguiram o critério da saturação teórica associado à densidade do material textual para seu encerramento. Os dados foram interpretados pela análise temática de conteúdo, com o apoio do software Visual Qualitative Data Analysis (ATLAS.ti.). A fenomenologia da percepção – Merleau-Ponty –, foi a abordagem teórico-metodológica utilizada, amparada pelo referencial teórico da inovação pedagógica, educação interprofissional e cuidado em saúde. Estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade estudada e da Prefeitura Municipal.
Resultados e discussão:
A experiência de EIP nos serviços de APS foi compreendida como uma iniciativa que inte(g)rou estudantes, professores e profissionais da saúde, promovendo aprendizagens relacionadas às competências colaborativas (reconhecimento e valorização dos papéis de cada profissão na equipe e desenvolvimento de habilidades de comunicação interprofissional), características da EIP. Possibilitou o reconhecimento de territórios geográficos-relacionais, constituídos por pessoas em seus contextos de vida, aliado à possibilidade do ‘aprender juntos’, ‘sobre’ e ‘com’ diferentes profissões, dialogando, conhecendo e valorizando o papel de cada profissão. Apresenta, em sua proposta constitutiva, um caráter inovador na formação de profissionais da saúde com potencial para a formação de profissionais com maior disponibilidade para o trabalho colaborativo em equipe e para qualificar a atenção integral à saúde. A educação tutorial em pequenos grupos (dois professores tutores e oito estudantes por USF) e o cenário da APS, foram relatados como facilitadores das aprendizagens. Desafios para a consolidação da proposta incluíram a estrutura universitária amparada na organização departamental e em currículos essencialmente uniprofissionais; o pouco tempo em que a atividade de ensino acontece (4 meses); a experiência dos professores para atuarem como tutores em cenários de prática na APS; a grande demanda de trabalho na rotina dos profissionais da APS; a rotatividade dos profissionais nas USFs e as barreiras geográficas e a violência nos territórios. Para os serviços, a contribuição da experiência de EIP está relacionada com o amadurecimento do processo de (re)pactuação dos objetivos e metodologias de aprendizagem a cada semestre. Participar dessa iniciativa de EIP, na percepção dos profissionais da APS, é uma oportunidade de estar aprendendo constantemente, trocando ideias e experiências, proporcionando uma maior interação na equipe e entre equipes com questionamentos e diferentes perspectivas que colaboram para manter o ‘trabalho vivo’.
Considerações Finais:
A iniciativa de EIP em serviços de APS promoveu interação entre estudantes, professores e profissionais de diferentes profissões, caracterizando-se como uma experiência de aprendizagem interprofissional compartilhada na graduação. É uma aprendizagem potente para qualificar a colaboração no trabalho em equipe e o cuidado integral à saúde orientado às necessidades dos usuários, famílias e comunidade.
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