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28/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-8A - GT 8 - Formação, Cuidado e Reconhecimento

31364 - AS NARRATIVAS NA FORMAÇÃO/EDUCAÇÃO PERMANENTE DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE: EXPRESSANDO AS DIMENSÕES INTANGÍVEIS DO CUIDADO.
DENISE SCOFANO DINZ - ENSP/FIOCRUZ, MARILENE DE CASTILHO SÁ - ENSP/FIOCRUZ


Introdução
A despeito de sua importância crescente na pesquisa qualitativa em saúde, ainda parece ser tímida sua utilização de narrativas como estratégia pedagógica e de intervenção junto a equipes nos serviços.
Diniz e Sá1, em recente levantamento bibliográfico sobre o uso das narrativas como estratégias na educação e/ou formação em saúde no Sistema Único de Saúde (SUS), apontam serem, ainda, escassas as experiências publicadas sobre o tema.
Este artigo resulta de pesquisa voltada a examinar os limites e as possibilidades das abordagens metodológicas de formação/educação permanente dos profissionais de saúde do SUS que utilizam as estratégias do dispositivo grupal e uso de narrativas quanto à (re)construção de sentidos, pelos profissionais de saúde, para suas práticas. Foram analisadas as narrativas elaboradas pelos alunos de um curso de atualização sobre o cuidado voltado para profissionais do SUS, que se apoia na abordagem de narrativas e no dispositivo grupal visando à (re)construção de casos ou situações relacionadas ao cuidado em saúde, vividas pelos profissionais no cotidiano dos serviços de saúde.

Metodologia
A pesquisa se apoia no referencial teórico-metodológico da psicossociologia clínica, de base psicanalítica, que tem como foco a problemática do sofrimento, da crise e da busca por (ou produção do) sentido, guiando a análise e a intervenção dos processos organizacionais ou grupais.
A pesquisa teve como material 37 narrativas escritas produzidas pelos alunos do curso acima referido. Objetivamos levantar e analisar quais as concepções de cuidado dos profissionais e como se exercem ou se expressa dimensões que consideramos intangíveis do cuidado, como o vínculo, a cooperação e a autonomia.

Resultados e Discussão
Identificamos no material pesquisado que, ao lado das formas de expressão/exercício das dimensões intangíveis do cuidado, alvos da pesquisa – o vínculo, a cooperação e a autonomia, duas outras grandes dimensões estavam presentes: o apoio-sustentação e a criatividade.
Vínculo
O estabelecimento do vínculo se expressou nas narrativas como implicação e mobilização do trabalhador ao tentar ajudar o paciente e os membros de sua família, procurando minimizar seu sofrimento e/ou buscando ‘tecer’ a rede de integralidade do cuidado.
Autonomia
A autonomia se dá entre sujeitos, comportando modalidade relacional, mais do que independência, e reconhecendo a necessidade de estabelecer acordos com os outros. Manifesta-se, entre outras formas, através de outra dimensão fortemente presente nas narrativas escritas, que é o apoio-sustentação que busca, além de outras funções como a escuta e o reconhecimento, ampliar a autonomia do paciente.
Cooperação
A cooperação, conforme observa Dejours2(29), é impossível de ser prescrita. "Ordenar a cooperação é como ordenar o amor, numa ordem do tipo: ‘amai-vos uns aos outros‘, ‘cooperai uns com os outros‘". A cooperação, a solidariedade e o cuidado dependem da disposição do sujeito para se "abrir" ao outro, para buscar no outro o que ele não sabe ou o que lhe falta.
Apoio-Sustentação
Observamos que se trata de uma dimensão do cuidado muito forte, que interpenetra e potencializa as demais. Com Figueiredo3, compreendemos de forma clara esta dimensão, mais especificamente o sustentar e o conter – que se apresenta através da confiabilidade e previsibilidade da atenção, apoio; e o reconhecer – que se manifesta como escuta e o prestar atenção, onde o ato de cuidar se dá pelo testemunho, oferecendo legitimidade e reconhecimento da dor e do sofrimento do outro.
Criatividade
Outra importante dimensão, a criatividade, se apresentou nas narrativas potencializando o vínculo e o acolhimento das demandas dos usuários. Além da criatividade, identificamos nas narrativas as diversas faces do cuidar3, tanto em termos daquilo que o cuidador faz como presença implicada – acolher, reconhecer e interpelar – como presença reservada – dar tempo e espaço, esperar, manter-se disponível sem intromissões excessivas.

Considerações Finais
A partir das narrativas, identificamos, juntamente, com o vínculo, a cooperação e a autonomia, focos iniciais da pesquisa, outras duas dimensões: a criatividade e o apoio/sustentação. Observamos como estas cinco dimensões se alimentam e potencializam umas às outras. E, de modo inverso, como a ausência ou dificuldades no desenvolvimento destas dimensões geram sofrimento nos profissionais de saúde e usuários.

Referências Bibliográficas
1. Diniz SD, Sá MC. O Uso das Abordagens das Narrativas e do Dispositivo Grupal como Estratégia Pedagógica de Formação/Educação Permanente dos Profissionais de Saúde: uma revisão bibliográfica. Interface (Botucatu). 2019 23(71)
2 Dejours C. Da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho. In: Lancman S., Sznelwar LI. (Orgs.) Christophe Dejours – Da Psicopatologia à Psicodinâmica do Trabalho. Rio de Janeiro: Fiocruz, p.47-104, 2004.
3. Figueiredo LC. A metapsicologia do cuidado. Psychê, ano X, n.21, p.13-30, jul-dez, 2007.

local do evento

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