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29/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-8E - GT 8 - Processo de Trabalho, Saberes e Praticas na Saúde

30311 - OS DESAFIOS DO TRABALHO NA SAÚDE MENTAL
DIRLEY LELLIS DOS SANTOS FARIA - IRR-FIOCRUZ/MG, CELINA MARIA MODENA - IRR-FIOCRUZ/MG


OS DESAFIOS DO TRABALHO NA SAÚDE MENTAL
Introdução:
O modelo de Atenção Psicossocial trouxe uma inversão na organização do processo de trabalho em Saúde Mental (SM), bem como, mudanças importantes para o papel dos profissionais; demandados a atuar em atividades que pressupõem escuta, empatia, acolhimento, estímulo à (re)construção da autonomia; bem como disponibilidade para negociar e compartilhar saberes e práticas entre os membros da equipe. Propõe-se que as equipes deixem de ser um conjunto de categorias específicas para formar um coletivo, responsável por atender as diferentes demandas e dimensões dos sujeitos em sofrimento mental.
Objetivo:
Compreender a dinâmica de trabalho em equipes multiprofissionais desenvolvido em serviços de saúde mental do município de Betim/MG.
Metodologia:
Este estudo foi sustentado na abordagem qualitativa a partir de Minayo. Teve como cenário a RAPS do município de Betim/MG. Foram utilizadas duas estratégias metodológicas: entrevistas narrativas e grupo focal. Foram entrevistados 21 profissionais de diferentes categorias e realizado um grupo focal com nove participantes. As categorias de análise foram definidas a partir do diálogo entre os conteúdos e a revisão de literatura, sendo: 1) Construção do processo de trabalho: aspectos históricos e atuais. 2) Trabalho em equipe e repercussões nas profissões. 3) Desafios do trabalho.
Resultados
No município, os serviços foram sendo constituídos ao longo dos anos por equipes multiprofissionais. Os profissionais passaram a ter um “núcleo comum” de atividades, necessitando de colaboração para realizar novas funções, numa perspectiva de trabalho integrado e interprofissional. Para tanto, criaram-se espaços de reflexão, tais como as passagens de plantão, reuniões de equipe, fóruns intersetoriais, etc. Nesses espaços estabeleceram relações que permitiram recombinações de saberes e práticas.
Para muitos entrevistados, o trabalho em saúde mental estabelece-se num limite impreciso entre a especificidade, a identidade profissional e os papéis atribuídos ao coletivo da equipe. Muitos se identificam como “trabalhadores da SM”.
No entanto, a precarização do trabalho, a falta de condições adequadas, um número insuficiente de trabalhadores, o excesso de encargos e responsabilidades, o aumento da demanda, o adoecimento e a falta de investimento da gestão foram apontados como desafios para a sustentação da RAPS de Betim/MG. Retrata-se a falta de investimento institucional causando sofrimento nos trabalhadores.
Mesmo reconhecendo a importância do trabalho em equipe, os profissionais de Betim/MG têm enfrentado desafios para realizá-lo de forma colaborativa. Alguns serviços não estão conseguindo integrar os trabalhadores recém-chegados na mesma dinâmica que foi construída anteriormente. Vários trabalhadores queixaram da falta de supervisões e de outros espaços de discussão, necessários a construção de uma equipe interprofissional. Verificou-se que os espaços reflexivos conquistados, outrora, estão sendo fragilizados.
Considerações
O município de Betim foi vanguarda na sustentação do modelo de Atenção Psicossocial e adquiriu importantes conhecimentos para o trabalho em equipe interprofissional. No processo de construção dos serviços estabeleceram-se dispositivos essenciais para o cuidado integral dos usuários. Os trabalhadores, nesta trajetória de construção, puderam reconstruir lugares identificatórios distintos dos seus núcleos específicos, compartilhando com as demais categorias novas funções e adquirindo outras competências. A história recente, no entanto, tem trazido diversos desafios: enquanto há um aumento importante na demanda, bem como na complexidade dos casos; vive-se, por outro lado, uma crise no financiamento das políticas de saúde, acarretando retrocessos e enfraquecimento de práticas coletivas e colaborativas de reflexão do trabalho.
Referencias:
Brasil. Lei no 10.216, de 06 de abril de 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadores de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em Saúde Mental. Diário Oficial da União 2001; 09 ab.
Brasil. Portaria n° 3.088, de 23 de dezembro de 2011. Institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da União 2011; 30 dez.
Campos, GWS. Saúde pública e saúde coletiva: campo e núcleo de saberes e práticas. Cien Saude Colet 2000; 5(2):219-230.
Honorato CEM, Pinheiro R. O trabalho do profissional de saúde mental em um processo de desinstitucionalização. Physis 2008; 18(2):361-380.
Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 14 ed. São Paulo: Hucitec, 2014.
Silva NS, Esperidião E, Cavalcante ACG, Souza ACS, Silva KKC. Desenvolvimento de recursos humanos para atuar nos serviços de saúde mental. Texto contexto - enferm [online]. 2013; 22(4):1142-1151.

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