29/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-8E - GT 8 - Processo de Trabalho, Saberes e Praticas na Saúde |
31465 - PRÁTICAS DOS CIRURGIÕES-DENTISTAS QUE ATUAM NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA EM MUNICÍPIOS DO CEARÁ.
GIOVANNA DE VASCONCELOS HERBSTER - SECRETARIA DE SAÚDE DE FORTALEZA / FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ (FIOCRUZ- CEARÁ), SHARMÊNIA DE ARAÚJO SOARES NUTO - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ (FIOCRUZ- CEARÁ) / UNIVERSIDADE DE FORTALEZA (UNIFOR)
RESUMO
O Programa Saúde da Família (PSF) foi criado, como principal aposta do Ministério da Saúde para a reorganização da Atenção Primária, sendo considerada uma alternativa de ação para o alcance dos objetivos de universalização, equidade e integralidade preconizados pelo SUS. O PSF tornou-se estratégico para a reorientação do modelo assistencial na atenção primária, deixando a concepção focalizada e programática para tornar-se a Estratégia de Saúde da Família (ESF) no ano de 2005. No modelo que a ESF preconiza contém uma equipe de caráter multidisciplinar composta no mínimo por médico, enfermeiro, auxiliar e/ou técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde (ACS). Podendo fazer parte da equipe os profissionais de saúde bucal (cirurgião-dentista, preferencialmente especialista em saúde da família, e auxiliar ou técnico em saúde bucal) e o agente de combate às endemias (ACE). Com a inserção do dentista nesse novo modelo assistencial, criou-se a necessidade de mudança de atuação desses profissionais. Tiveram que romper com o paradigma do trabalho curativo e restaurador a que estavam acostumados e adentrar em um campo de atuação mais amplo, mais relacionado com o coletivo, onde os profissionais da Odontologia necessitariam conhecer e praticar os conceitos e princípios dessa estratégia e desenvolver habilidades para o trabalho multiprofissional. A proposta desse trabalho foi a de analisar a relação entre campo, escopo de práticas profissionais e colaboração interprofissional dos dentistas que atuam na ESF. O estudo foi desenvolvido em quatro municípios no estado do Ceará, com representação de um município de grande porte, um de médio porte, um de pequeno porte e a capital do Estado. Tratou-se de um estudo transversal descritivo de abordagem qualitativa. Foram entrevistados oito dentistas pertencentes à ESF. As falas dos entrevistados foram gravadas, transcritas e analisadas através do método de interpretação dos sentidos. Os temas empíricos foram agrupados em cinco categorias: competência do dentista para atuação na Atenção Básica (1) o que ele faz e é de sua competência profissional, (2) o que ele faz e não é, (3) e o que ele não faz e é de sua competência; as outras duas categorias são: (4) relação do trabalho interprofissional na eSF e (5) inovações criadas pelos profissionais. Para analisarmos a atuação do dentista na eSF fizemos um comparativo com a PNAB 2017 e o Brasil Sorridente do que se espera da competência profissional. O desfecho apontado foi que o observado na prática da estratégia saúde da família é o cirurgião- dentista ainda com sua atuação bastante inserida no consultório odontológico; sendo que se identifica uma mudança em alguns pontos do atendimento clínico como o uso de ferramentas tais como o acolhimento e a estratificação de riscos. Também percebe-se uma maior integração do dentista com a equipe no sentido de combinar as agendas dos profissionais para o atendimento de gestantes e diabéticos. A promoção de saúde exercida pelos dentista ainda se estabelece prioritariamente dentro da escola com escovação e aplicação tópica de flúor. Quanto a categoria 2, constata-se que alguns dentistas que apresentam aptidões para cirurgia realizam procedimentos como remoção de 3os e sialolitos, evitando que o paciente seja encaminhado para a atenção secundária. Relatam falta de apoio e reconhecimento por parte da gestão nesse processo. Em relação à terceira categoria, verifica-se na fala de alguns dentistas, a falta de um modo de proceder mais proativo no sentido da realização de algumas práticas preventivas e promocionais de saúde. Alguns profissionais declinam em participar de visita domiciliar ou realizações de palestras educativas, mesmo o consultório estando sem funcionamento. A inclinação pessoal do profissional de saúde bucal e/ou da gestão são decisivas para a realização do trabalho de promoção de saúde e prevenção de doenças Os resultados apontaram que na equipe é sempre a enfermeira a profissional que incita o planejamento das atividades. A relação interpessoal entre os componentes da eSF é, de forma geral, muito satisfatória. Mas o trabalho em equipe, apesar de cooperativo, na realidade limita-se em referenciar ou tirar dúvidas. Somente um entrevistado pontuou a discussão de casos clínicos, demonstrando uma abordagem interprofissional. Os demais compreendem o trabalho em equipe de forma fragmentada e hierarquizada. Um dentista apresentou um projeto inovador o Geração Cárie Zero que consistiu em um marketing educativo em promoção de saúde bucal.
Descritores: Estratégia Saúde da Família; Atenção Primária à Saúde; Odontologia; Prática profissional.
|
