28/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-8B - GT 8 - Vivências Participativas e o Direito à Saúde |
30494 - PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO EM SAÚDE: EXPERIENCIA VIVENCIADA PELA RESIDÊNCIA INTEGRADA EM SAÚDE EM UMA UNIDADE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE LARA LYS SANTOS ROCHA - ESP/CE, PATRÍCIA COSTA DE OLIVEIRA - ESP/CE, GEÓRGIA YNGRID GOMES FONTENELE - ESP/CE, MARIANA PINHEIRO DE MARCHI - ESP/CE, ROSIRENE BRITO SOUSA - ESP/CE, RAQUEL DE CASTRO ALVES NEPOMUCENO - PMF
CONTEXTUALIZAÇÃO: O planejamento participativo em saúde, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, envolve a reflexão e o trabalho coletivo de todos os que atuam neste contexto: trabalhadores de saúde, usuários do sistema e gestores. Planejar coletivamente exige o conhecimento prévio das necessidades de saúde da população e um esforço conjunto para que sejam propostas ações de saúde que respondam efetivamente a essas necessidades. DESCRIÇÃO E PERÍODO DE REALIZAÇÃO: Realizou-se uma Oficina de Planejamento Participativo em Saúde na Unidade de Atenção Primária à Saúde (UAPS) Frei Tito de Alencar, localizada em Fortaleza, Ceará, organizada pela turma de Residência Integrada em Saúde (RIS) da Escola de Saúde Pública (ESP-CE) em parceria com o Conselho Local de Saúde. Participaram desta atividade profissionais de saúde, profissionais da RIS, lideranças comunitárias, conselheiros de saúde, representantes de equipamentos e pontos de apoio no território (Instituto Povo do Mar, Pastoral da Criança, Centro de Integração Psicossocial, Casa de farinha, Ocupação terra prometida II, Coordenadoria Regional de Saúde II). Utilizou-se tarjetas para que principais demandas de saúde no território fossem apontadas pelos participantes. As demandas semelhantes foram agrupadas em um painel e, após momento de escuta, falas e pactuações do grupo, foram identificados eixos prioritários. OBJETIVO: relatar a experiência da residência integrada em saúde no planejamento participativo em saúde em uma unidade de atenção primária em saúde no município de Fortaleza. RESULTADOS: Verificou-se que havia problemas de pouca ou nenhuma governabilidade da equipe, como o número insuficiente de Agentes Comunitários de Saúde, a falta de médico em uma das equipes e a dificuldade de agendamento para algumas especialidades médicas. No entanto, foi acordado compartilhar essas dificuldades com a gestão local, regional e municipal. Alguns problemas foram comuns as áreas correspondentes das quatro equipes de saúde da área adscrita da unidade de saúde e foram agrupadas em três eixos: saúde ambiental; saúde da criança e adolescentes e saúde mental. No eixo de saúde ambiental, os problemas elencados foram o acúmulo de lixos, pouca educação ambiental da comunidade e acúmulo de água parada em determinadas áreas. No eixo de saúde da criança e adolescentes, as dificuldades selecionadas para intervenção foram a baixa cobertura vacinal e puericultura, poucas atividades voltadas à juventude e demandas de crianças com atraso na aprendizagem. No contexto da saúde mental, foram identificados problemas como violência e violação de direitos; depressão, ansiedade, automutilação, entre outras. Como encaminhamento, articulou-se a realização de três momentos distintos para construção das ações da equipe RIS/ESF voltadas para cada eixo: saúde mental, saúde ambiental e saúde da criança e adolescente; a serem realizados nos meses de maio e junho com a participação da rede de apoio e usuários interessados com as respectivas temáticas. APRENDIZADOS E ANÁLISE CRÍTICA: A partir desta experiência vivenciada foi possível estender o olhar frente ao contexto social que influência direta e indiretamente nas condições de saúde das comunidades, o que remete a discussão acerca do conceito de saúde enquanto uma condição de bem-estar físico, mental, social e espiritual e não apenas a ausência de doenças. O conceito ampliado de saúde em conjunto com as demandas expostas pelos usuários consideradas fora da governabilidade dos profissionais de saúde, apontam para a reflexão sobre a responsabilidade que os demais setores do Estado e da sociedade em si, têm para com a garantia da saúde humana de forma geral. Frente a esta percepção, é notável a necessidade do conhecimento e fortalecimento de toda a rede de assistência a população para que a saúde possa ser pensada de maneira ampla e incorporada para além do Sistema Único de Saúde (SUS), contribuindo para as estratégias de prevenção em saúde e na sustentabilidade dos princípios norteadores do SUS. O planejamento participativo também propiciou a ampliação do conhecimento sobre o território, fortalecendo os laços e vínculos dos profissionais com a comunidade e, em especial, com a rede de apoio no território, fundamental para o desenvolvimento das ações de saúde. Além disso, este encontro oportunizou ouvir as demandas da comunidade, que muitas vezes estão silenciadas, bem como abriu uma possibilidade concreta de parceria entre a comunidade e a instituição saúde, a fim de construir estratégias de atenção à saúde voltadas a humanização e as reais necessidades da população.
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