29/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-8D - GT 8 - Cuidado em Saúde: Formação, Trabalho e Curriculum |
30825 - O PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA NA CONSTRUÇÃO DO CUIDADO EM SAÚDE: COMPREENSÃO DO SIGNIFICADO DA EXPERIÊNCIA VIVIDA
HELENA WESCHENFELDER CORRÊA - UFMG, RAMONA FERNANDA CERIOTTI TOASSI - UFRGS, LUCIANA BITELLO FIRMINO - GHC
Introdução: O Programa Saúde na Escola (PSE), instituído no âmbito dos Ministérios da Educação e da Saúde, propõe-se a reconhecer, discutir e refletir sobre os problemas e determinantes de saúde da comunidade escolar, viabilizando o trabalho intersetorial. A realização de ações de prevenção, promoção e atenção à saúde, determinadas pelo PSE, buscam estimular o empoderamento dos estudantes frente a suas decisões no cuidado em saúde e pode proporcionar escolhas saudáveis que resultem na melhoria da qualidade de vida. O Programa faz parte do trabalho realizado pelas equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) que são responsáveis pela saúde dos escolares que estão nos territórios de abrangência. É neste território que os profissionais da ESF se vinculam à comunidade, buscando desenvolver estratégias de cuidado para além do espaço das Unidades de Saúde, favorecendo a ampliação de escolhas saudáveis das coletividades. Objetivo: Compreender o significado que as ações do PSE têm para as equipes de Atenção Primária à Saúde (APS), na perspectiva dos coordenadores do Programa. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa cuja perspectiva teórico-metodológica foi a da fenomenologia. Buscou-se estudar o significado do PSF dentro do contexto social do cotidiano em que acontece e do ponto de vista dos coordenadores das equipes de saúde que o experienciam. O estudo foi realizado em Unidades de Saúde (US) vinculadas ao Serviço de Saúde Comunitária de um Hospital Público do sul do Brasil. O referido Hospital é uma instituição de referência no atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e oferta o serviço de Atenção Primária à Saúde (APS) em 12 US. As escolas cadastradas em cada território variam quanto ao tipo de oferta de ensino e número de escolares, o que determina uma atenção diferente na realização das ações, visto que trabalhar com um número menor de escolares proporciona melhor aproximação e vínculo. Para este estudo foram realizadas entrevistas semiestruturadas guiadas por roteiro norteador, gravadas e posteriormente transcritas. Os entrevistados foram os coordenadores do PSE das 12 US. A amostra foi intencional, sendo a escolha do entrevistado baseada no tempo e proximidade deste coordenador com as ações do Programa. O material textual produzido foi interpretado pela análise temática de conteúdo. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital (CAAE 62765616.6.0000.5530). Resultados e discussão: Foram entrevistados 13 coordenadores do PSE. Em uma das US participaram da pesquisa dois coordenadores. Os participantes eram, em sua maioria, mulheres, cirurgiões-dentistas, com quatro a cinco anos de trabalho na coordenação do PSE. A coordenação do Programa é uma escolha determinada pelos profissionais das equipes, sendo que na maior parte das US é centrada em apenas um profissional. Na percepção dos coordenadores, as equipes de saúde compreendem a escola como um espaço potente para o trabalho intersetorial, capaz de transformações sociais e de construção de conhecimentos e valores. A realização de atividades de promoção da saúde no espaço escolar fortalece o trabalho dos profissionais da educação nas escolas e auxiliam na redução de vulnerabilidades. Os coordenadores do PSE reconhecem desafios na implementação do trabalho intersetorial voltados à grande demanda de trabalho nas Unidades de APS, necessidade de educação permanente dos profissionais da APS para planejamento, realização e avaliação das ações específicas do Programa, dificuldades na inclusão da comunidade escolar e famílias nas ações e na valorização do trabalho na escola por parte da equipe de saúde, e à pouca resolutividade das demandas clínicas identificadas nos escolares. Apesar dos desafios, os coordenadores percebem que a equipe de saúde acredita na importância do trabalho realizado no PSE, atribuindo um significado de valorização das ações, demostrando vivências e experiências expressas pela formação de vínculos de cuidado com a comunidade escolar que potencializa o cuidado integral e longitudinal nos territórios pelos profissionais das equipes de saúde. Considerações finais: O PSE é um programa de múltiplos significados, complexo e potente para a institucionalização do trabalho intersetorial saúde-educação, desenvolvendo ações educativo-preventivas que são compatíveis e esperadas no contexto da APS. Pesquisas avaliando as ações desenvolvidas pelo PSE na perspectiva de múltiplos atores, como escolares e profissionais que atuam nas escolas, devem ser estimuladas e recomendadas para melhor compreender as relações intersetoriais entre saúde e educação no contexto do PSE.
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