29/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-8D - GT 8 - Cuidado em Saúde: Formação, Trabalho e Curriculum |
31038 - CORPO, ALMA E ESPÍRITO: A REDESCOBERTA DA INTEGRALIDADE DO SER HUMANO NO PROCESSO SAÚDE X DOENÇA ROBERTO BATISTA DE LIMA - UNICAMP, SERGIO RICARDO SIANI - FGV, CLARA MARIA AYRES PALASTHY - UNICAMP, SILVIO ROBERTO FERNANDES SOARES - UFERSA, ANNA CAROLINA DALTRO PEREIRA - UFMT
Corpo, Alma e Espírito: a redescoberta da integralidade do ser humano no processo saúde X doença
Resumo
Neste ensaio teórico busco a reflexão sobre o aspecto insolúvel dos problemas de saúde em face da compartimentação do ser humano, ou seja, de não se concebê-lo em suas dimensões conjuntas: corpo (soma), alma (psico) e espírito (noético).
A principal base teórica adotada neste trabalho é representada por Lukas (1989), que define o corpo como a dimensão biológica do homem, a parte psíquica como sensações, impulsos e desejos e por último a dimensão espiritual como o lugar da consciência moral, e compreende “as decisões pessoais de vontade, intencionalidade, interesse prático e artístico, pensamento criativo, religiosidade, senso ético e compreensão do valor” (pg. 29).
O presente ensaio discute ainda como a Iatrogenia – definida como o resultado negativo de uma prática médica, embora possa também ser concebida como qualquer atitude de um médico (BRASIL, 2019) – se torna uma das três maiores causas de morte no mundo.
Em 2013, pelo menos 250.000 pessoas que procuraram cuidados hospitalares morreram não em decorrência de doenças ou lesões, mas de erros evitáveis (BMJ, 2016). Esse número excede as mortes causadas por derrames e Alzheimer juntas e só fica abaixo das mortes por doenças cardiovasculares e câncer, que matam 600.000 vidas por ano. Ademais, o número de mortos por acidentes médicos seria ainda maior se as casas de repouso e atendimento ambulatorial fossem incluídas nesse levantamento.
Alguns exemplos comuns podem ser apontados como fontes de Iatrogenia, quais sejam: as interações medicamentosas, a prescrição indiscriminada de antibióticos, quimioterapias e radioterapias (queda capilar, anemia, náuseas etc.), as infecções, dentre outros. (PADILHA, 2001).
Ainda, busca-se destacar o importante papel dos avanços tecnológicos para a erradicação de doenças que nos séculos passados mataram milhares de pessoas, considera-se que a maior responsabilidade no processo de produção de saúde não foi da medicina biomecânica cientificista, focada somente no corpo.
Se por um lado Sigerist assevera que cada civilização cria sua própria doença (Illich, 1975), de outro lado Foucault (1997) diz que a loucura é uma doença mais social do que natural, e isso justifica sua localização na história. Podemos pensar na sociedade de consumo chegando ao seu limite, e o nome dele é excesso, e o câncer parecendo como o resultado físico, palpável de toda expectativa e angústia do ser humano nesta época. Suas características nos levam a pensar numa correlação direta: maior consumo + vazio existencial – relacionamentos profundos – valores absolutos + dor (do corpo, da alma e do espírito) + crescimento do inimigo por dentro (câncer).
Nossa conclusão aponta para a necessidade de se redescobrir o espírito humano como parte essencial do processo saúde X doença, traçando-se esse como o grande paradigma para esse novo milênio. Demonstramos que o enfrentamento de diversos conflitos com o mercado de produtos e serviços continuará a existir até que a psicologia possa estabelecer sua autonomia e lugar de protagonismo. Enquanto isso, os bandeirantes dessa nova dimensão deverão ter coragem para se firmar como uma fonte de respostas e como um bastião dessa dimensão espiritual que não deverá ser corrompida como apenas mais um novo produto e serviço de consumo ansiado pela desesperada e angustiada sociedade contemporânea.
Palavras-chaves: Dimensão espiritual. Modelo biomecânico. Medicina e processo saúde X doença. Câncer e depressão.
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