30/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-8F - GT 8 - Territórios Vivos: Saúde em Movimentos |
29950 - PRÁTICAS EDUCATIVAS EM SAÚDE EM UM CURSO DE GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA
BIANCA MAIA CURTY - IESC/UFRJ, GILSON SAIPPA DE OLIVEIRA - UFF
Introdução
A utilização de práticas educativas em saúde ofertadas no âmbito individual ou coletivo ampliam as ações dos serviços de saúde na direção da construção do cuidado integral. A discussão e o aprendizado destas Práticas Educativas em Saúde durante o processo de formação dos futuros profissionais de saúde são imprescindíveis, a fim de promover uma saúde que tenha como protagonista o usuário, colaborando para construção de sua autonomia e emancipação.
Objetivos
Investigar o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos sobre Práticas Educativas em Saúde entre discentes do primeiro e nono período do curso de fonoaudiologia de uma universidade pública.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo fruto de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em Fonoaudiologia aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Instituto de Saúde de Nova Friburgo (ISNF/UFF) sob o parecer nº 2.641.676. Foram realizados dois grupos focais que envolveram temas relacionados a Práticas Educativas em Saúde e a construção de Mapas Falantes para a resolução de uma situação-problema abordando o cotidiano da profissão. Os participantes foram selecionados a partir de uma amostragem não probabilística de cotas. As narrativas dos discentes foram analisadas, interpretadas e trianguladas a partir da Análise Temática, dando origem à três categorias: Educação em Saúde como ferramenta de empoderamento para população, Vivências em Educação em Saúde na Graduação e Métodos Pedagógicos em Educação em Saúde.
Resultados e Discussão
Participaram do grupo focal trezes graduandos: cinco no grupo de ingressantes e oito no grupo de concluintes. A partir dos questionamentos lançados para os grupos, foram discutidos temas como equidade, corresponsabilização do cuidado, autonomia, inclusão, prevenção e promoção da saúde na prática fonoaudiológica. O grupo de ingressantes abordou a Educação em Saúde como ferramenta para divulgar sua profissão para que a população conheça a fonoaudiologia e sua atuação. Esse sentido foge ao objetivo da Educação em Saúde, que mora nas práticas problematizadoras e emancipadoras, que buscam a autonomia do indivíduo, seu empoderamento e corresponsabilização do cuidado, como foi pontuado pelo grupo de concluintes como atributos da Educação em Saúde. As vivências em Práticas Educativas em Saúde surge nos dois grupos como foco das atividades desenvolvidas nas disciplinas teórico-práticas de Trabalho de Campo Supervisionado que acontecem durante sete semestres na graduação em fonoaudiologia. Os dois grupos levantaram a necessidade de se intensificar a realização dessas ações, uma vez que estas acontecem por um período muito curto de tempo e em número reduzido de atividades. Foi levantado pelos concluintes a necessidade de romper com os muros da universidade, a fim de levar para a comunidade essas práticas e conhecimentos, afirmando o compromisso da universidade pública com a população. Os concluintes afirmaram ainda que esta prática também é abordada em alguns estágios nos anos finais e apenas em algumas disciplinas da Saúde Coletiva. O desenvolvimento de Práticas Educativas em Saúde é abordado pelos ingressantes com métodos pouco dialógicos, como a realização de palestras e confecção de cartazes sobre agravos à saúde. Porém, estabelecem que as ações devem ocorrer com o uso de uma linguagem acessível à toda população, incluindo recursos variados para atender à todas as necessidades. Os concluintes trazem como proposta a formação de grupos de discussão para troca de conhecimentos dos participantes entre si e dos participantes com os profissionais de saúde envolvidos nas ações de saúde, a partir da valorização das demandas dos usuários, da escuta ampliada e do acolhimento como dispositivos importantes na realização da Educação em Saúde em todos os espaços de produção do cuidado.
Considerações finais
Há necessidade de valorizar a transversalidade das ações e da discussão sobre Promoção da Saúde em todos os momentos da formação, para que esta não fique encapsulada à Saúde Coletiva e perpasse pela atuação em todas as áreas da fonoaudiologia. As discussões sobre temáticas como autonomia, cuidado e responsabilização auxiliam na busca de uma prática e formação voltada às necessidades da população. A Educação em Saúde é afirmada pelos concluintes como estratégia para autonomia e cidadania da população e como auxílio na garantia da saúde como direito. Apesar de não compreenderem ainda o objetivo dessa prática, os ingressantes já demonstram preocupações sociais, o que reforça a importância de valorizar na formação do profissional debates e ações que não são apenas estratégias de aprendizado, mas um compromisso do futuro fonoaudiólogo com a construção do cuidado integral à saúde.
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