30/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-8F - GT 8 - Territórios Vivos: Saúde em Movimentos |
31074 - NÚCLEO AMPLIADO DE SAÚDE DA FAMÍLIA E ATENÇÃO BÁSICA (NASF-AB): TRANSFORMAÇÕES DE UM DISPOSITIVO PARA A CONSTRUÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE.
KAREN GONZAGA WALTER RODRIGUES - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, JOSÉ RICARDO DE MESQUITA CARVALHO AYRES - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
INTRODUÇÃO:
Durante os dez anos de construção dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), mudanças foram acontecendo por meio das políticas e orientações foram sendo disponibilizadas por parte do Ministério da Saúde (MS) a fim de nortear o trabalho destas equipes.
OBJETIVO:
Compreender como o princípio da integralidade do cuidado é entendido e orientado pelas portarias relativas ao NASF observando o sentido que as mudanças de orientação foram apontando no desenvolvimento do trabalho. Entender que motivações e razões não explícitas se associam ao processo de transformação destas políticas.
MÉTODO
Trata-se de estudo qualitativo, combinando a análise de seis portarias relativas ao NASF e entrevistas com cinco informantes-chave do Departamento de Atenção Básica do MS, partícipes das discussões para elaboração e mudanças dessas politicas públicas. A produção e interpretação do material empírico é orientado pela Teoria do Processo de Trabalho em Saúde, de Mendes-Gonçalves, e pelo quadro do Cuidado/Integralidade, desenvolvido por Ayres.
RESULTADOS
Ao analisar as portarias e entrevistas, destacamos: orientações sobre o modo de trabalho do NASF por meio da metodologia apoio matricial (AM), enfatizando a utilização de ferramentas de trabalho como o projeto terapêutico singular, articulação em rede e a gestão da clínica nas áreas de saúde mental, reabilitação, atenção nutricional e práticas farmacêuticas. Apesar das mudanças nas portarias ao longo dos últimos dez anos, o NASF foi fortalecido pela diminuição do número de equipes de Saúde da Família para referencia, maior diversidade na composição de categorias profissionais, aumento do repasse financeiro e ampliação do apoio às demais equipes de AB. Tem-se o desafio da formação profissional, déficits no trabalho decorrente do tamanho da população assistida e uniformidade de entendimento a respeito do trabalho realizado por equipes multiprofissionais, gerando outras propostas como por exemplo, a mudança de nome para Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) com a intencionalidade por parte de alguns atores apoiarem o trabalho ambulatorial na AB.
CONCLUSÃO
O modelo e organização dos processos de trabalho são determinados pelo aproveitamento das janelas de oportunidades políticas, com forte implicação dos agentes à frente das discussões, das relações de poder e como resultado das disputas travadas no campo da gestão interfederativa. São fundamentais os mecanismos de indução do trabalho e a dissolução da “crise de identidade” do NASF-AB gerada, em parte, pelo entendimento sobre a metodologia de trabalho. Os desafios podem ser ainda maiores, dependendo da “política administrativa” escolhida para gerir os territórios, a exemplo das Organizações Sociais de Saúde, cada uma com suas características administrativas que afetam de diferentes modos o trabalho dos profissionais de saúde.
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