28/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-3A - GT 3 - Análise Institucional e Saúde Coletiva: inventando enfrentamentos na construção compartilhada do SUS |
30180 - INTEGRAÇÃO DAS REDES DE ATENÇÃO BÁSICA E ESPECIALIZADA NA PREVENÇÃO DA VIOLENCIA INSTITUCIONAL NA GESTAÇÃO DE ALTO RISCO: CONTRIBUIÇÕES DA ANÁLISE INSTITUCIONAL ANA PAULA CAVALCANTE RAMALHO BRILHANTE - UECE, SOLANGE L’ABBATE - UNICAMP, ÂNGELA ALENCAR ARARIPE PINHEIRO - UFC, ISABEL MORALES MORENO - UCAM, RAIMUNDA MAGALHÃES DA SILVA - UNIFOR, MARIA SALETE BESSA JORGE - UECE
INTRODUÇÃO: A Rede de Atenção à Saúde é definida como arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas, que integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado (BRASIL, 2010). No pré-natal as equipes da saúde da família estratificam o risco em todas as consultas, quando presente alto risco são referenciadas para atenção especializada. Entretanto, o acesso à atenção especializada nem sempre é garantido e tem apresentado violação de direitos, ocasionando violência institucional. Essa forma de violência é exercida nos/pelos serviços públicos, pode incluir desde a dimensão mais ampla da falta de acesso até a má qualidade dos serviços, as peregrinações e outras formas de violação de direitos (PEDROSA et al 2011). OBJETIVOS: Descrever o modelo de atenção na gestação de alto risco e (des)velar a relação entre as redes de atenção que atendem às mulheres em gestação de alto risco. METODOLOGIA: Estudo qualitativo, a partir do referencial teórico-metodológico da Análise Institucional (AI), na perspectiva da socioanálise na vertente da socioclínica. Utilizou-se AI a partir dos dispositivos demandas, restituição, analisadores e implicação (LOURAU, 2014). Realizado no município de Fortaleza- Ceará, em uma das seis regionais de saúde. Participaram 38 sujeitos das redes de Atenção Básica (AB) e Atenção Especializada (AE). Realizou-se quatro encontros no período de novembro de 2018 a janeiro de 2019. Este estudo faz parte da tese de doutorado da primeira autora e do estudo multicêntrico realizado em quatro regiões metropolitanas brasileiras, uma delas Fortaleza (CE). A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará, conforme Parecer nº 1.986.926. RESULTADO E DISCUSSÃO: Os caminhos percorridos ao longo dos encontros foram fundamentais para o alcance das mudanças na melhoria da atenção à gestante de alto risco. Pensar junto, reconhecer os limites do outro foi fundamental para a apresentação das propostas, a partir de inovações para a transformação da realidade vivenciada pelas gestantes de alto risco. Para o encontro utilizou-se o dispositivo restituição, trazendo para o diálogo, o resultado da pesquisa multicêntrica, a qual contribuiu para análise e proposição desse estudo. Dessa forma, a restituição permitiu que os sujeitos saíssem de seus papéis cristalizados, produzindo discussão coletiva a partir da análise dos conhecimentos produzidos. Os resultados revelaram diferentes analisadores, entretanto, para esse trabalho, discutiremos o analisador “(des)integração das redes de atenção”. O processo possibilitou reflexões a partir autoanálise e autogestão do grupo, ampliando os coeficientes de transversalidade dos sujeitos. O estudo revelou a inexistência de diálogo, não somente entre as redes, mas entre a própria rede, em especial da AB, apontando que esses problemas contribuem na fragmentação do cuidado na gestação de alto risco. Percebeu-se por meio dos discursos a deficiência, e/ou falta de conhecimento do funcionamento, organização das redes, apontando a peregrinação das gestantes na AB e AE, levando a violência institucional. Revelou ainda, a inexistência de monitoramento do caminhar das gestantes, desresponsabilização dos serviços de saúde, inexistência de contrarreferência, fluxo institucionalizado e outros problemas. Portanto, a partir da discussão do analisador, buscou-se repensar e propor construção coletiva a partir de intervenções no intuito de desnaturalizar, desestabilizar com que se encontra instituído. Para enfrentar essa fragmentação e desarticulação, torna-se necessário o diálogo aliado à práxis efetiva no intuito de amenizar a violência institucional nos serviços de saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A utilização da análise institucional contribuiu para a revelação de analisadores presentes nas redes de atenção e no modelo de atenção em Fortaleza, revelando modelo de atenção fragmentado, desarticulado, inexistência de contrarreferência e de integração das redes que cuidam da gestante de alto risco. Os movimentos gerados com e entre os sujeitos fizeram emergir seu protagonismo, proporcionando ação-reflexão-ação, a partir de processos interventivos. Portanto, à violação dos direitos à saúde desse grupo tem configurado violência institucional. A relação hierarquizada estabelecida historicamente entre as diferentes redes de atenção, necessita ser ressignificada a partir do fortalecimento da AB como coordenação do cuidado e ordenadora da rede, pois ficou evidenciado o distanciamento de um modelo integral, equânime e resolutivo.
REFERÊNCIAS:
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010.
PEDROSA, C.M.; SPINK, M.J.P. A violência contra a mulher no cotidiano dos serviços de saúde: desafios para a formação médica. Saúde Soc. v. 20, n.1, p. 124- 35. 2011.
LOURAU, R. A Análise institucional. Petrópolis: 3. ed. Petrópolis RJ: Ed. Vozes, 2014.p.11-325
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