Clique para visualizar os Anais!



Certificados disponíveis. Clique para acessar a área de impressão!

Associe-se aqui!

Grupos Temáticos

28/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-3A - GT 3 - Análise Institucional e Saúde Coletiva: inventando enfrentamentos na construção compartilhada do SUS

30444 - A INTERVENÇÃO FOTOGRÁFICA COMO FERRAMENTA DISPARADORA DE ANÁLISE DE IMPLICAÇÃO PROFISSIONAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
FLÁVIO ADRIANO BORGES - UFSCAR, MÁRCIA NIITUMA OGATA - UFSCAR, MARISTEL KASPER - EERP/USP, MÔNICA VILCHEZ DA SILVA - SES/DRSIII, ADRIANA BARBIERI FELICIANO - UFSCAR, SILIANI APARECIDA MARTINELLI - SMS/PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO CARLOS, CINIRA MAGALI FORTUNA - EERP/USP


O desenvolvimento de pesquisas destinadas a melhoria efetiva dos serviços públicos de saúde consiste em um grande desafio. Intervir na realidade ao mesmo tempo em que os dados de pesquisa são produzidos tem sido uma perspectiva que temos realizado, aliando a produção de conhecimento ao compromisso social e com o Sistema Único de Saúde (SUS). Assim, relatamos a experiência da utilização da fotografia como uma ferramenta disparadora da análise de implicação profissional com os apoiadores da Política Nacional de Humanização e articuladores de Educação Permanente em Saúde (EPS) de 24 municípios da área de abrangência de um Departamento Regional de Saúde (DRS) do Estado de São Paulo. O contexto de sua utilização foi em uma oficina realizada em abril de 2018, contemplada na programação de dois projetos: Projeto de Pesquisa para o SUS (FAPESP processo nº 2016/15199-5) e o Prêmio INOVASUS 2015. A análise de implicação profissional consiste nas relações que os sujeitos estabelecem com o seu trabalho (MONCEAU, 2013), sendo este, considerado uma instituição (LOURAU, 2014). E o ato de fotografar consiste em “uma prática que modula formas de existência, onde a vida se mostra através de sucessivos instantes, pela capacidade de registrar, descartar, armazenar, manipular e, enfim, produzir a vida cotidiana na forma de registros instantâneos e descontínuos” (TITTONI, 2009, p. 7). Essa oficina contou com o apoio de uma pesquisadora que vem estudando a intervenção fotográfica enquanto estratégia de pesquisa. Teve seu início previamente ao encontro presencial, por meio da criação de um grupo no aplicativo WhatsApp onde foram compartilhadas algumas fotografias tiradas pelos participantes do grupo durante seus respectivos cotidianos de vida. No momento presencial, foi realizada uma breve exposição teórica sobre o uso da fotografia e do quanto ela pode ser utilizada como dispositivo capaz de colocar o trabalho em análise, por meio da reflexão de imagens que suscitam, de alguma forma, o cotidiano dos serviços de saúde. Em seguida, foi feito um breve apanhado das imagens compartilhadas pelas pessoas no WhatsApp e as respectivas interpretações dadas pelo grupo sobre as mesmas, buscando articular o que aquelas imagens despertavam em cada um. Tal fato, possibilitou visibilidades e interpretações diferentes sobre as mesmas imagens, caminhando para uma perspectiva de aquecimento grupal em prol do desenvolvimento da tarefa que viria posteriormente, afinal a fotografia é capaz de desencadear modos de vida diferentes que se produzem a partir das mudanças nos olhares e de pontos de vistas trazidos por ela (TITTONI, 2009). Após este momento de aquecimento, propusemos a tarefa de registrarmos, em grupos ou individualmente, uma fotografia que expressasse/representasse, de alguma forma, o trabalho em saúde a partir do espaço físico disponível na oficina. Após os registros, as imagens foram projetadas para que o grupo fizesse as análises das diferentes perspectivas, a partir da visualização das imagens. Neste momento, foi possível realizarmos a análise coletiva das implicações profissionais daquele grupo em suas diversas dimensões: libidinal, ideológica e organizacional (LOURAU, 2014). Na dimensão ideológica, os resultados demonstraram preocupações com as ameaças ao desmonte do SUS, enquanto um sistema público e de qualidade, e a resistência como possibilidade de defesa de um ideal de sociedade. Na dimensão libidinal, revelou-se sentimentos contraditórios de raiva, satisfação e amor pelo trabalho. Na dimensão organizacional, evidenciou-se o trabalho em saúde desenvolvido de maneira fragmentada e hierarquizada. Concluímos que “a fotografia possibilita mostrar o mundo de uma maneira invisível a olho nu, permitindo olhar para outras visibilidades, podendo produzir outras formas de ser e estar no mundo” (OLIVEIRA, 2009, p. 116). Neste sentido, a utilização deste dispositivo como uma estratégia desencadeadora de processos analíticos foi bastante potente. O aprofundamento analítico nas dimensões da implicação profissional é algo capaz de gerar transformações relevantes no processo de formação profissional, por meio da prática cotidiana dos serviços de saúde e a utilização da fotografia, enquanto um dispositivo desencadeador deste processo, demonstrou ser algo bastante potente.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

Campus I - Lot. Cidade Universitaria, João Pessoa - PB, 58051-900