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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-3C - GT 3 - Experiências e análises de processos em Gestão e Controle social na perspectiva da Análise Institucional

30600 - PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA SOBRE APOIO MATRICIAL EM SAÚDE MENTAL: AVANÇOS E CONTRADIÇÕES.
LÍVIA CRISTINA SIQUEIRA GARCIA - UFRN, LYGIA MARIA DE FIGUEIREDO MELO - UFRN, JACILEIDE GUIMARÃES - UFRN


Introdução: O Apoio Matricial em saúde mental na Atenção Básica (AB) é uma estratégia de suporte para o cuidado integral de pessoas em sofrimento mental no território. O exercício de Apoio Matricial implica em interlocução entre equipes de referência e equipe matriciadora, desenvolvendo-se por meio da cogestão, atuando em redes de atenção ou em sistemas complexos de saúde. O Apoio Matricial é alicerçado no conceito ampliado de saúde e adoecimento, em relações dialógicas e relações interprofissionais para a construção compartilhada de diretrizes clínicas. Nessa perspectiva buscou-se identificar o entendimento dos profissionais da Estratégia Saúde da Família (ESF) sobre a ferramenta do Apoio Matricial em saúde mental, pois conhecer as fragilidades, lacunas e potencialidades dessa compreensão contribuem para qualificar ações estratégicas de trabalho em rede e potencializar o cuidado em saúde mental de base comunitária.
Objetivos: Analisar a compreensão do Apoio Matricial em saúde mental na Atenção Básica na perspectiva dos profissionais da ESF dos Distritos sanitários leste e sul do município de Natal/RN.
Metodologia: Esta pesquisa faz parte da dissertação de mestrado “Apoio matricial em saúde mental: ferramenta para o cuidado integral?” realizada no período de dezembro de 2018 a março de 2019, desenvolvida em 8 equipes de ESF dos Distritos Sanitários leste e sul, Natal/RN. Esse estudo é de natureza descritiva e exploratória de abordagem qualitativa, cujos sujeitos da pesquisa foram os profissionais médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e os agentes comunitários de saúde (ACS), pertencentes às unidades que atuam como modelo da Estratégia Saúde da Família. Para construção dos achados foi utilizada a técnica de entrevistas com roteiro semiestruturado e para análise apoiou-se na Análise de Conteúdo de Bardin. A amostra compreendeu 15 sujeitos, selecionados intencionalmente por conveniência, sendo delimitada pelo critério da saturação teórica.
Resultados e discussão: Nos resultados identificou-se entendimentos divergentes de Apoio Matricial pelos profissionais da ESF, que foram agrupados em três núcleos de sentidos. O primeiro revelou o entendimento de matriciamento como ações que abrangem intervenções técnico-pedagógica e assistencial de saúde mental na atenção básica. Nesse sentido, as ações compreendem retaguarda e suporte técnico especializado da equipe de saúde mental na AB, estratégias que articulam cuidados colaborativos entre equipes multidisciplinares, ações de educação permanente, capaz de potencializar ações no território para qualificar a atenção à saúde. Essas percepções compreendem as definições de Apoio Matricial formuladas por Campos (1999) e que posteriormente foram adotadas oficialmente pelo Ministério da Saúde (2008) pela política que cria os Núcleos de Apoio à Saúde da Família. O segundo entendimento compreendeu o Apoio Matricial como facilitador do acesso à rede assistencial, que possibilita o acesso/encaminhamento ao médico psiquiatra ou assistência de acordo com a necessidade do usuário na rede de saúde ou intersetorial. Neste cenário, observamos um modelo de cuidado direcionado para a doença em detrimento do sujeito, uma vez que, há presença marcante do modelo biomédico influenciando as relações entre os serviços, mesmo que na tentativa de articulação em redes (CAMPOS, 2007). De acordo com Gonçalves (2013), isso revela incompreensão dos profissionais sobre o exercício do Apoio Matricial, pois os profissionais criam grandes expectativas no “encaminhamento” de casos para os matriciadores, transferindo assim, apenas a responsabilidade. E, o terceiro entendimento configurou incompreensão a respeito da metodologia do Apoio Matricial, sua conceituação e exercício por ausência de informação ou vivência prática de Apoio. Fernandes e Figueiredo (2014, p. 290), ao pesquisarem a atuação dos apoiadores do SUS de Campinas, evidenciaram que há “desinvestimento político no Apoio, como metodologia de trabalho” nos últimos anos. Além disso, o desenvolvimento das ações de Apoio Matricial depende de investimento em políticas públicas que promovam capacitação dos trabalhadores, assim como, também dependem do envolvimento de gestores e atitudes individuais dos profissionais, seja da equipe de referência ou equipe matriciadora (Gonçalves, 2013).
Considerações Finais: A partir desse estudo, observamos que o entendimento do Apoio Matricial recebe concepções distintas e, por conseguinte, revelam fragilidades no Apoio Matricial ofertado pela equipe matriciadora do território adscrito, além de inferir o modelo de atenção em saúde mental que as equipes de ESF desenvolvem no território da AB diante de uma situação usuário de saúde mental, pois o entendimento interfere diretamente na condução clínica dos casos. Assim, é preciso desenvolver estratégias para superar essas lacunas de compreensão e atuação do Apoio Matricial para qualificar e legitimar o cuidado integral do usuário de saúde mental no território.

local do evento

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