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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-3C - GT 3 - Experiências e análises de processos em Gestão e Controle social na perspectiva da Análise Institucional

31020 - ANÁLISE DAS IMPLICAÇÕES DE UMA GERENTE DE UNIDADE DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA NA PRODUÇÃO DE CUIDADO AOS USUÁRIOS
STÉPHANIE GONÇALVES MACÊDO ROSA DANTAS - UFF, ANA LÚCIA ABRAHÃO DA SILVA - UFF, ÂNDREA CARDOSO DE SOUZA - UFF


A inclusão do gerente na unidade básica de saúde tem como objetivo contribuir para a qualificação do processo de trabalho ao fortalecer a atenção à saúde prestada pelos profissionais das equipes à população adscrita por meio de função técnico-gerencial. Quando pensamos no papel do gerente geralmente o atrelamos ao disparador da adoção de boas práticas pela equipe e não o consideramos como produtor de cuidado direto ao usuário.Com essa consideração nos questionamos: por que a gestão precisa acontecer apartada do cuidado aos usuários? Será que só é possível produzir atos de gestão adotando tecnologias leve-duras como referência (planilhas, traçando metas)? Esses questionamentos fazem pensar num esvaziamento da potência do “ser” ou “estar” gerente e por isso nos lançamos aqui na produção desse relato para compartilhar inquietações, ideias e propostas para uma gestão mais próxima, voltada para um cuidado cotidiano, junto aos usuários dos serviços das unidades básicas de saúde. A participação do gerente na produção de atos de cuidado junto ao usuário na unidade caracteriza outros modos de se fazer gestão. Não tomamos por "menor" ou "melhor" a produção de cuidado pelo gerente. Apenas a consideramos uma atividade intrínseca da gestão da clínica e do cuidado em saúde. Este, constitui-se em um relato de experiência de uma enfermeira gerente de uma unidade de saúde da família do município do Rio de Janeiro, no período entre os anos 2013 a 2018. Propomos a análise da implicações como ferramenta da análise institucional para conduzir esse relato. O relato foi construído na primeira pessoa com objetivo de enfatizar a produção de vínculo e a análise das implicações da autora neste estudo. Foram utilizadas narrativas para compartilhar experiências para as quais a produção de vínculo e cuidado na gerência foram imprescindíveis na busca pela resolubilidade das questões apresentadas pelos usuários. Muitas vezes em meio à estafante rotina da gestão de uma unidade de saúde da família me questionei sobre o quão adequado era o fluxo do usuário ser estabelecido principalmente através do gestor da Unidade. Além do meu autoquestionamento, ainda fui tensionada pelas equipes que afirmavam que “eu facilitava muito o lado dos pacientes”. Mas o que seria facilitar o lado dos pacientes? E por quê faria diferente disso? Consegui, após cinco anos de muita conversa e debate com a equipe, o entendimento de que o meu trabalho como gerente de unidade também passava pelo cuidado direto aos usuários e que todo o processo de trabalho que é desenvolvido na unidade toma como centralidade o usuário. Penso que esse entendimento me fazia ser acionada em tempo integral pelos usuários e pelos profissionais, todos com demandas singulares e que eu tentava contribuir dentro das minhas possibilidades, indo muitas vezes para além do horário de funcionamento da unidade. Tal atitude fez com que eu me sentisse “afogada” em urgências do cotidiano do cuidado em detrimento do olhar “macro” que facilitaria o processo de gerenciamento da unidade. A inesgotável demanda burocrática de prestação de contas e alcance de indicadores e metas, o gerenciamento de insumos e estrutura, o controle de recursos financeiros, as demandas referentes a recursos humanos, a mediação do processo de trabalho e a rotina administrativa são tarefas inerentes ao gerente e também são demandadas em tempo integral. O cumprimento de prazos em cima da hora ou o descumprimento destes aumentavam minha angústia e me faziam muitas vezes questionar minha habilidade ou competência como gestora. Quando esse pensamento me tomava de angústia, era rapidamente tomada por um sentimento reverso de resolubilidade alcançada baseada no sentimento de gratidão demonstrado por muitos usuários que me procuravam cotidianamente e em atitudes concretas de estabelecimento de vínculo dos profissionais da equipe da unidade com os usuários com os quais conseguiram estabelecer atos de cuidado e solidariedade. A busca do usuário pelo gerente da unidade configura um encontro potente para estabelecimento de vínculo deste usuário com o serviço, possibilitando novos modos de produzir cuidado e construir autonomia, além de ser uma oportunidade para o gerente identificar possíveis nós no trânsito desse usuário pelo serviço, qualificando a assistência prestada pelo serviço. O vínculo pode ser um grande diferencial entre o trabalho burocrático e o trabalho cuidador. Para que seja possível o gerente produzir atos de cuidado junto ao usuário, concluo que é preciso a adoção de tecnologias relacionais, que permitam a partir do trabalho produzir intervenções que agenciam o outro, em diferentes intensidades. Deve-se, para tanto, analisar a micropolítica da organização do processo de trabalho e o manejo das tecnologias leves como potentes disparadores de novos modos de produzir cuidado e, por conseguinte, de novos modos de se produzir, pensar e fazer gestão de unidades básicas de saúde.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

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