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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-3F - GT 3 - Transformações nas profissões em saúde: análise das Práticas Profissionais em curso

30508 - A ANÁLISE INSTITUCIONAL COMO SUPORTE NUMA PESQUISA SOBRE O NASCIMENTO NO BRASIL: EM BUSCA DA TRANSFORMAÇÃO DE PRÁTICAS
SIMONE SANTANA DA SILVA - USP / UNEB, CINIRA MAGALI FORTUNA - USP - RIBEIRÃO PRETO, GILLES MONCEAU - UNIVERSITÉ DE CERGY-PONTOISE, FRANCE, MARGUERITE SOULIÈRE - UNIVERSITÉ D'OTTAWA, CANADÁ


Trata-se de uma pesquisa realizada no Brasil, Canadá e França que discute sobre o nascimento como um processo biopsicosocial no que envolve aos efeitos das práticas e discursos sobre a parentalidade. A presente pesquisa é coordenada, nos três países, por membros da rede francofônica Recherche Avec. No evento, intencionamos compartilhar a experiência brasileira no desenvolvimento da pesquisa e o uso do referencial teórico da Análise Institucional a partir do enfoque de René Lourau. O referido referencial teórico-metodológico entende a instituição como uma produção permanente a partir de práticas sociais e históricas constituídas por forças dialéticas e dinâmicas. Tem sido desenvolvido em pesquisas de cunho social, como saúde e educação, a partir de elementos analisadores que revelam o funcionamento das instituições, integram a subjetividade dos sujeitos envolvidos e orientam a transformação das práticas investigadas. A pesquisa adotou, nos três países, o mesmo percurso metodológico na produção dos dados: três encontros de grupos de discussão para construção de um questionário e realização de uma análise cruzada entre os temas que emergiram nos países. Além disso, foram realizadas restituições participativas contínuas cruzadas. No Brasil, a pesquisa foi desenvolvida com dois grupos de trabalhadores da saúde e dois grupos de pais. Em relação ao grupo de trabalhadores, esses atuam no âmbito hospitalar e prestam assistência materno-infantil: um serviço público que dispõe de infraestrutura e pessoal para o desenvolvimento de estratégias voltadas para práticas humanizadas (dentro do que está previsto na legislação brasileira) e outro serviço, de práticas mais tradicionais, beneficente que presta serviços públicos e também à rede conveniada privada. Em relação ao grupo de pais: um grupo que utiliza um serviço escolar público e outro que tem seus filhos matriculados numa escola privada de idiomas. A inserção de dois grupos de participantes, com contexto diferentes permitiu englobar o máximo possível de realidades. Para a produção dos dados, como referido, foram realizados grupos de discussão (grupo focal) e diário de pesquisa. O norte das discussões foi a experiência com o nascimento desde a gestação à primeira infância com a formulação de questões que pudessem retratar vivencias, marcas e inquietações do ser pai e ser mãe na atualidade. Nas análises do estudo, as instituições saúde e educação são interrogadas e, consequentemente, cruzadas, o nascimento foi o principal analisador, e é articulado pelos discursos e práticas dos trabalhadores e vivencia dos pais. Utilizamos ainda nas análises, a restituição participativa na discussão entre todos os envolvidos na pesquisa. Aqui nos basearemos em quatro eixos que evocarão ideias-chave para conduzir a análise. É válido evidenciar que a realidade brasileira é marcada pela proibição do aborto, embora ocorram em grande quantidade clandestinamente e, assim, provocam os serviços assistenciais; por uma forte influência religiosa que demarcam a cultura nas relações e serviços, como num 1- (visões contrastante) discurso que oscila entre o romantizado em relação à maternidade e o cruel em relação aos contextos de extrema vulnerabilidade; há também uma marcante 2- biomedicalização (discurso autoritário e práticas dominantes) das ações saúde materno-infantil que refletem diretamente na gestação, parto e pós-parto e até na vida das pessoas em um contexto geral. No contexto brasileiro, no geral, os serviços públicos de atenção básica são responsabilizados pela preparação para o parto, mas infelizmente 3- (organização dos serviços) não dialogam com a rede hospitalar que realiza o parto. Tal fato repercute, portanto, em estratégias educativas que facilmente destoam da realidade encontrada nos serviços hospitalares. Outro aspecto evidenciado com muita força é 4- (relações profissionais e pais/familiares envolvidos) que a oferta de cuidado das equipes nem sempre contemplam as especificidades das pessoas e famílias envolvidas. Diante dessas questões levantadas, é inegável a existência de elementos que se configuram como estratégias de enfrentamento da excessiva valorização das práticas médico-centradas como, por exemplo, na inserção de outros profissionais como obstetrizes, doulas e enfermeiras obstetras, bem como o fortalecimento na formação das equipes multiprofissionais. Tudo isso é colocado com um convite para a revisão das práticas hegemônicas destinadas ao nascimento e o reconhecimento da existência de demandas específicas de cada mulher, a autonomia e direito sobre seu próprio corpo. Deste modo, a valorização das estratégias de orientação e cuidado a partir do encontro entre as famílias e as redes de apoio é de extrema relevância. Ainda, há de se considerar o necessário entendimento do caráter biopsicossocial que valorize todas as etapas desde o pré-natal, o parto e também o puerpério.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

Campus I - Lot. Cidade Universitaria, João Pessoa - PB, 58051-900