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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-3D - GT 3 - Formação em saúde: reflexões a partir da Análise Institucional

30136 - ANÁLISE DE UM PROCESSO DE FACILITAÇÃO DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE PARA FORMAÇÃO EM SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO BÁSICA
LARISSA DE ALMEIDA REZIO - UFMT, MARTA ESTER CONCIANI - SES-MT, MARILENE ALVES QUEIROZ - SES-MT


Introdução: A Educação Permanente em Saúde (EPS) como estratégia pedagógica aciona um conjunto de ferramentas metodológicas que favorecem o agir-refletir-agir no cotidiano do trabalho em saúde. Parte da realidade local e questiona o processo de trabalho de forma que ao se refletir sobre ele são mobilizados saberes e conhecimentos capazes de transformar a prática. Considerando que o cuidado em saúde mental na Atenção Básica (AB) requer transformações em diversos âmbitos, dentre eles, sócio-culturais, técnico-assistenciais e teórico-conceituais, voltando-se para desconstrução de crenças e de modos instituídos de cuidado, entendemos que a EPS pode ser um potencial para esse movimento de formação em serviço (CECCIM, 2004; DALPIAZ, 2015; AMARANTE, 2007). Objetivos: Analisar a facilitação de um processo de Educação Permanente em Saúde para formação em saúde mental na Atenção Básica. Metodologia: Este estudo é parte de uma tese de doutorado, e refere-se a uma pesquisa-intervenção tendo a EPS na centralidade do processo pedagógico para formação em saúde mental realizado em duas Equipes de Saúde da Família (ESF) de um município de grande porte do estado do Mato Grosso, no período de março de 2016 a fevereiro de 2017. Participaram 20 trabalhadores, com alternância de frequência: onze trabalhadores da equipe I e nove trabalhadores da equipe II. O processo de EPS aconteceu quinzenalmente, totalizando 12 encontros com cada equipe, com média de duas horas de duração. Para iniciarmos essa ação, foi utilizada entrevista semi-estruturada com todos os trabalhadores, buscando informações acerca do cotidiano de trabalho, das práticas de saúde mental na AB, vivências em EPS, e identificação de necessidades-demandas para o processo de EPS fornecidas pelos envolvidos no trabalho. Durante a EPS, ainda houve dois momentos de restituição de informações com cada equipe, em que a pesquisadora contou com a participação de duas facilitadoras trabalhadoras da Rede de Atenção Psicossocial que se alternavam nas rodas de EPS/restituição. Este processo de EPS foi inspirado e analisado a partir da Análise Institucional (AI) e Socioclínica Institucional. Este referencial não é uma modalidade técnica ou protocolo de prática e análise, mas um meio para se questionar e entender as dinâmicas sociais, incluindo maneiras de se relacionar no coletivo do trabalho, com as instituições, de pensar essas relações e de atribuir valores, sendo constituída por um conjunto de atualização das implicações profissionais do sujeito (MONCEAU, 2015). Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, com o parecer de nº CAAE 53029016.2.0000.5393. Resultados e discussão: Transformar práticas, conceitos, paradigmas e modelos de trabalho implica também em analisar as instituições que compõem essa construção histórica da formação e do cuidado em saúde/saúde mental, assim como em avaliar quais são as interferências institucionais no processo de formação participativo, inclusivo, crítico e horizontalizado. Desse modo, identificamos que muitas vezes, as facilitadoras buscaram controlar o processo de EPS, por estarem implicadas com a instituição educação, e pela sobreimplicação vinculada a condução de outros processos formativos. Porém, apesar dos momentos de controle, a maioria dos encontros foi pautado na construção coletiva e reflexão acerca do processo de trabalho, iniciando também o exercício da autogestão do trabalho e do aprendizado pelo/no grupo. Esse movimento também produziu desterritorialização na equipe e nas facilitadoras. A EPS pode ser uma prática que mobiliza desterritorialização na equipe, à medida que vai produzindo reflexão, mas também pode ser capturada por modelos instituídos e por olhares especializados para saúde mental enquanto especificidade, direcionando para uma formação mais objetiva, positivista, com poucas flexibilidades e possibilidades de fala ou de criação no grupo e pelo grupo. Os princípios da socioclínica pode favorecer movimentos de olhar e perceber essas capturas de modos instituintes no cotidiano, como o controle da formação, por exemplo (MONCEAU, 2015; CECCIM, 2004). A possibilidade de contar com duas profissionais da rede propiciou potencializar a análise de implicação e avanços em discussões acerca de conceitos e cuidado em saúde mental. Considerações finais: Analisar esse aspecto da pesquisa oportunizou: olhar para a ação de EPS realizada como um espaço de aprendizagem no e pelo coletivo uma vez que toda ação foi pactuada entre os envolvidos, sendo um estímulo a autogestão do aprendizado; reflexão da prática de facilitação da restituição e condução da pesquisa; reconhecimento das implicações e sobreimplicações das facilitadoras e atravessamentos institucionais, que por sua vez possibilitou as facilitadoras aprenderem com e no processo de encontro com o outro e os saberes que esses disponibilizam com e na EPS.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

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