29/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-3D - GT 3 - Formação em saúde: reflexões a partir da Análise Institucional |
31528 - A EXPERIÊNCIA DA SALA DE SITUAÇÃO E A DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM EM VIGILÂNCIA EM SAÚDE À LUZ DA ANÁLISE INSTITUCIONAL
FABÍOLA BRAZ PENNA - UFF, LUCIA CARDOSO MOURÃO - UFF, ANA CLEMENTINA VIEIRA DE ALMEIDA - UFF
Introdução
Nas últimas décadas apareceram novas doenças infecciosas e o retorno de doenças erradicadas. A primeira autora vivenciou situações de enfretamento às doenças transmissíveis emergentes e reemergentes, na Coordenação Municipal de Vigilância Epidemiológica, culminado com o reaparecimento de casos de da Febre Amarela em uma região, que possui extensa área silvestre, cercada de matas e com a existência dos vetores concernentes na fauna sinantrópica. Sua responsabilidade como gestora e como docente do curso de graduação em Enfermagem de uma universidade privada que realiza estágios supervisionados na rede de serviços de saúde do referido município requereu a organização de uma intervenção multiprofissional que englobasse os aspectos de promoção, proteção e recuperação da população em geral. O referencial teórico metodológico da Análise Institucional tem norteado a sua prática, sobretudo os conceitos de instituição em seus momentos instituído, instituinte e de institucionalização, além do de implicações, do institucionalismo francês.
Período de realização
Primeiro semestre de 2017
Objetivo
Analisar a prática dos profissionais de saúde, educação, transporte e da defesa civil na sala de situação de saúde para enfrentamento das doenças transmissíveis emergentes e reemergentes à luz dos conceitos da Análise Institucional.
Descrição
Para organização da intervenção, a primeira autora convocou a instalação da Sala de Situação de Saúde, compostas por representantes da própria Vigilância em Saúde, da Vigilância Epidemiológica, Saúde Ambiental e Imunização, da Atenção Básica, da Rede Hospitalar Pública e Privada, da Assistência Farmacêutica, dos Laboratórios Públicos e do Setor de Transporte, além da Defesa Civil e de alguns docentes de enfermagem da universidade privada local para definição das ações a serem adotadas, considerando também o fato do município ser o pólo da região Iniciaram as discussões pela análise das implicações dos participantes com a instituição vigilância em saúde e evidenciou-se os atravessamentos que às instituições saúde e educação imprimem na prática do cuidado em saúde. Após essas reuniões, os profissionais dos referidos setores, inclusive os docentes que participaram retornaram para seus locais de atuação para implementar o plano de ação proposto. Em reunião de avaliação, no final do semestre, os profissionais assinalaram as nuances da aplicação do referido plano e sugeriram intervenções conjuntas permanentes a serem implantadas nas suas referidas esferas de atuação.
Resultados
Houve uma intervenção integrada entre os representantes dos setores, produzindo uma cobertura total das ações de vigilância em saúde na referida região. A comunicação entre os agentes foi facilitada pela articulação construída e alguns ajustes foram sendo implementados à medida que surgiam situações imprevistas. Algumas dificuldades foram encontradas no decorrer desse processo de planejamento coletivo da intervenção em emergências em saúde pública. A constante necessidade de intervenção da Vigilância em Saúde, especialmente quanto a notificação, a classificação dos casos suspeitos e a coleta de material laboratorial, evidenciou que os profissionais de saúde e de áreas afins possuem pouca ou nenhuma formação profissional no modelo tecnoassistencial da Vigilância em Saúde.
Aprendizados
A prática de reuniões com os sujeitos responsáveis pelos cuidados em saúde, sejam de áreas meio ou fim é uma estratégia que deve ser permanente na área de Vigilância em Saúde. A identificação das contradições, dos não-ditos e das práticas repetitivas, sem momentos de avaliação ou reflexão, produzem engessamentos que dificultam a necessária agilidade que as emergências em saúde pública requerem.
As ações da primeira autora foi analisada como gestora e como docente do curso de graduação em Enfermagem. Os outros docentes de enfermagem que exercem suas atividades práticas na rede de serviços de saúde interrogaram também sua prática de ensino junto aos futuros profissionais. Como desdobramento desta experiência, um projeto de intervenção sobre a formação em enfermagem foi elaborado pela primeira autora usando a abordagem Socioclínica Institucional, para investigar junto com os docentes de enfermagem, os efeitos do projeto de ensino da Vigilância em Saúde na formação dos futuros enfermeiros, na Universidade.
Análise Crítica
As doenças emergentes e reemergentes, alteram o seu comportamento ao longo do tempo e requer novas estratégias de controle por parte da Vigilância em Saúde.
As diretrizes curriculares em saúde recomendam uma formação que atenda às necessidades sociais de saúde com ênfase no SUS, porém na prática profissional da Enfermagem, isso ocorre de forma muito fragmentada, com a abordagem do conceito de interdisciplinaridade ausente ou incipiente, especialmente quando se trata de enfrentamento de Emergências em Saúde Pública. Os conceitos da Análise Institucional podem trazer uma nova orientação da prática profissional em enfermagem.
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