28/09/2019 - 15:00 - 16:30 EO-3B - GT 3 - Análise Institucional e Saúde Coletiva: inventando enfrentamentos na construção compartilhada do SUS |
29925 - O ACESSO AOS SERVIÇOS DE ATENÇÃO BÁSICA ENQUANTO INSTITUIÇÃO: PERSPECTIVAS E POSSIBILIDADES DA ANÁLISE INSTITUCIONAL TAIS VICARI - UFRGS, ALEXANDRE FÁVERO BULGARELLI - UFRGS
Apresentação: O presente resumo aborda o processo de construção teórica e metodológica de um objeto de pesquisa de mestrado em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A referida construção tem como objetivo: analisar a promoção do acesso aos serviços da Atenção Básica (AB) na perspectiva dos trabalhadores de uma Unidade de Saúde da Família (USF) do município de Porto Alegre-RS. Tal projeto está vinculado a um macroprojeto intitulado “Impacto do apoio institucional na qualidade das ações das equipes de saúde e saúde bucal na atenção primária à saúde e a percepção dos apoiadores”. A identificação com o tema, as inquietações e a busca por informações exploratórias por parte da pesquisadora, bem como leituras iniciais sobre o apoio institucional promoveram o contato e aproximação com as perspectivas da Análise Institucional (AI). Neste processo, tal problemática possibilitou a construção de uma proposta de pesquisa embasada nessa corrente.
Objetivo: Apresentar o processo de construção do objeto e método de pesquisa em uma aproximação com alguns conceitos da AI.
Metodologia: A pesquisa apresentada por meio deste resumo traz uma aproximação teórico-metodológica qualitativa e caminhar metodológico embasado nos pressupostos e conceitos da AI. O projeto de pesquisa encontra-se em desenvolvimento. Os participantes da pesquisa são os trabalhadores de uma USF do município de Porto Alegre-RS. A USF foi estudada por indicação/encomenda da Secretaria Municipal de Saúde do município em questão.
Resultados e discussão: A aproximação com a AI possibilitou o desenvolvimento de um esquema teórico para abordar o objeto e o método de pesquisa. Segundo Baremblitt (1998), as instituições representam um conjunto de lógicas, que são estabelecidas formalmente ou informalmente, de forma verbal ou prática e representam uma forma de regulação da vida humana, de modo a caracterizar e lhe atribuir valor, indicando as atividades que devem ser seguidas - o prescrito, as que não devem ser - o proscrito e aquilo que é indiferente. Dessa forma, as instituições são de ordem abstrata e para regular a vida humana materializam-se nas organizações. As organizações são as formas materiais que efetivam os enunciados das lógicas das instituições, são constituídas por um conjunto de unidades menores, das quais o exemplo mais característico é o estabelecimento (BAREMBLITT, 1998). Por sua vez, os estabelecimentos são compostos por equipamentos. Porém, para que instituições, organizações, estabelecimentos e equipamentos ganhem dinamismo no campo da realidade é necessário a atuação dos agentes, que são os seres que desencadeiam e possibilitam esse processo. Para tanto, os agentes desenvolvem práticas teóricas e técnicas, verbais ou não, explícitas ou não que promovem as reais transformações (BAREMBLITT, 1998). Deste modo, o acesso pode ser abordado como uma instituição, pois possui um conjunto de lógicas que regulam uma atividade da vida humana, aqui compreendida como as práticas dos profissionais da saúde e o direito à saúde dos indivíduos. A instituição acesso apresenta seu momento instituído, que representa a prática real do acesso em cada unidade de saúde. O momento instituinte, representa a potência existente no coletivo para questionar o instituído no acesso a partir da identificação de necessidades e fragilidades, possível pela autoanálise. O momento da institucionalização no acesso representa o processo de mudança e atualização das práticas dos agentes dessa instituição, é a autogestão (BAREMBLITT, 1998). Assim, a instituição acesso encontra na organização Secretaria Municipal de Saúde do município de Porto Alegre uma das unidades que se destinam a materializá-la. Esta, por sua vez, é composta por estabelecimentos que são as Unidades de Saúde onde atuam os trabalhadores, que são os agentes que desenvolvem as práticas de promoção de acesso aos serviços de saúde da AB. Dessa forma, o acesso foi pensado como uma instituição a ser analisada pelo coletivo dos seus agentes. Para tanto, a coleta de dados foi pensada em dois momentos. No primeiro momento, entrevistas individuais com os participantes. O segundo momento, a restituição, com a finalidade de abordar as demandas em uma análise coletiva. Assim, a implicação primária em nível estrutural-profissional da promoção do acesso aos serviços de saúde será tomada como campo de análise para possibilitar uma análise coletiva do instituído e da potência instituinte relacionados a essa prática na perspectiva dos trabalhadores da AB do município de Porto Alegre.
Considerações finais: a aproximação do desenvolvimento desta pesquisa com a AI possibilitou compreender o acesso como instituição e deste modo qualificar a abordagem da pesquisa, pois otimizou a análise coletiva de uma prática, também coletiva, que é desenvolvida pelos profissionais de uma equipe de saúde.
BAREMBLITT, G. Compêndio de Análise Institucional e outras correntes. Teoria e Prática. 4 ed. Rio de Janeiro. Rosa dos Tempo. 1998.
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