28/09/2019 - 15:00 - 16:30 EO-3B - GT 3 - Análise Institucional e Saúde Coletiva: inventando enfrentamentos na construção compartilhada do SUS |
30953 - CONTRIBUIÇÕES DA INTERPROFISSIONALIDADE PARA A REORIENTAÇÃO DA FORMAÇÃO EM SAÚDE THANIA MARIA DINIZ - UFG, EDLAINE FARIA DE MOURA VILLELA - UFG
Introdução: A preocupação com a formação dos profissionais de saúde e suas habilidades técnicas suficientes para promover mudanças nos fatores determinantes da saúde, na qualidade de vida e bem-estar da população, bem como para sustentação dos princípios do SUS fazem parte de várias pesquisas. O Trabalho em saúde se desenvolve num ambiente marcado por um traço teórico-conceitual fortemente dominado pelos “silos profissionais” e que é fragilmente ligado ao ambiente das práticas, onde realmente o cotidiano do trabalho em saúde acontece. Nesse contexto, a Educação Interprofissional (EIP) tem sido estudada como uma possibilidade de melhorar os recursos humanos, melhorar os resultados de saúde, a satisfação dos usuários, visando um atendimento integral ao direcionar a centralidade do cuidado ao usuário e suas necessidades de saúde; através de uma efetiva comunicação, trabalho em equipe e colaboração. Objetivo: Descrever as percepções de docentes coordenadores, preceptores de diferentes profissões de saúde e discentes de graduações de saúde da UFG sobre a importância da educação interprofissional em saúde. Metodologia: Trata-se de pesquisa de abordagem qualitativa utilizando a técnica de grupo focal, no segundo trimestre de 2019, no Município de Jataí, Goiás. Este grupo focal foi conduzido com participantes selecionados para participarem do PET-Saúde Interprofissionalidade no município antes da execução de intervenções educativas do PET, e pretende-se realizar novo grupo focal após as intervenções. Discussão/Resultados: O PET-Saúde coloca o aluno em contato com colegas e professores de outros cursos, com profissionais da saúde e usuários do SUS, proporciona encontros de diferentes saberes e favorece a construção de um conhecimento do SUS que possibilita a formação de profissionais mais preparados e conscientes para as necessidades dos usuários. Na pesquisa foi realizado um grupo focal para identificarmos as percepções dos participantes sobre o trabalho em saúde, suas expectativas sobre EIP na formação universitária e no trabalho em saúde antes da experiência vivida quanto à implementação e participação do PET Saúde Interprofissionalidade. Os participantes têm a concepção ampliada de saúde compreendendo a complexidade das necessidades dos pacientes e entendem que é necessária uma atenção integral ao sujeito para ter um resultado efetivo, e que esta não depende de um trabalho multiprofissional. Onde entra o debate sobre trabalho em equipe e EIP. O pré-requisito e facilitador para EIP seria descentralizar o objetivo do profissional para o paciente. Focar o tratamento no usuário e nas suas necessidades de saúde. As dificuldades para ações de EIP apontadas pelo grupo foram que no trabalho coletivo em saúde há uma forte fragmentação do processo de cuidar, sendo muito marcada pela separação das profissões, presença de competitividade e pelo “ego das profissões”. Os profissionais de saúde trabalham no mesmo ambiente, mas têm dificuldades para se comunicarem, ocasionando o desconhecimento do processo de trabalho do outro, e limitando a forma que os conhecimentos, competências e habilidades poderiam interagir em favor do paciente. O desenvolvimento dos docentes é fundamental para o sucesso de atividades, porque em geral, eles têm uma visão uniprofissional, e é o docente que potencializa as discussões e facilita o processo de ensino-aprendizagem. Conclusões: A EIP é uma estratégia importante para promover recursos humanos e fortalecer o SUS. No entanto, não se trata de juntar atores de diferentes profissões no mesmo espaço. Precisa ser um aprendizado interativo, planejado, com experiências significativas para o desenvolvimento de competências colaborativas entre diferentes profissionais. Não há como qualificar o Cuidado e a assistência em saúde sem pensar em multiprofissionalidade, interdisciplinaridade e interprofissionalidade. O PET-Saúde veio como uma proposta para ajudar a reconstruir o SUS, como uma política indutora da reorientação da Formação em saúde. Mas ele vai além da humanização, onde o trabalho de saúde é entendido como uma construção coletiva para o fortalecimento do SUS e todos são responsáveis pelo processo de trabalho e precisam estar falando a mesma língua, precisam conhecer-se uns aos outros. Que o PET Saúde possa contribuir nesse quadro e de alguma forma mudar a realidade e formar multiplicadores, possibilitando mudanças na formação e prática na perspectiva da integralidade, além de contribuir na perspectiva dos saberes e práticas da Saúde Coletiva, onde o cuidado é orientado pela necessidade coletiva sobre os condicionantes e o próprio processo saúde-doença, situados pela responsabilidade ética, social e política.
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