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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-3D - GT 3 - Metodologia

29858 - O VALOR DA EXPERIÊNCIA NA FORMAÇÃO DE SANITARISTAS: REGISTRANDO NARRATIVAS
KARINE WLASENKO NICOLAU - ISC/UFMT, PABLO CARDOZO ROCON - ISC/UFMT, BÁRBARA DA SILVA NALIN DE SOUZA - ISC/UFMT, MARCOS AURÉLIO DA SILVA - ISC/UFMT, CASSIA MARIA CARRACO PALOS - ISC/UFMT


CONTEXTUALIZAÇÃO: a experiência relatada ocorreu na disciplina de Eixo Integrador II da graduação em Saúde Coletiva de uma universidade federal. Nas trilhas dialéticas da Análise Institucional, especialmente na convergência de suas correntes para a incorporação do sujeito e da subjetividade por meio da autonomia, da alteridade e da diversidade, adotou-se como premissa a vitalidade de produções do saber pautadas pela experiência, em oposição a estratégias formativas orientadas pela transmissão da informação (tanto as que vislumbram a produção de experts quanto as que se propõem a uma dada conscientização política que tira do sujeito o protagonismo no processo formativo). Para a formação de sanitaristas, incluir sujeitos significa aproximá-los(as) de movimentos instituintes e ampliar compreensões em relação ao instituído.

DESCRIÇÃO: a disciplina de Eixo II, ofertada para turmas do 2.º semestre, objetiva integrar as demais disciplinas curriculares do semestre, articulando-as a uma problemática comum, elaborada junto aos discentes. Orientando-se pela intersetorialidade nas políticas de saúde, estabeleceu-se como problema a alienação dos sujeitos na produção de saúde. Aos 11 discentes matriculados(as), propôs-se uma disciplina-viagem, possibilitando espaços para a experienciação singular. O que poderia ser denominado projeto de viagem foi norteado pelo cronograma e tornou-se flexível à condução das chamadas linhas de aprendizagem inventiva, guiadas pelo princípio da enação ou, pela experimentação do vivido. A partida foi iniciada pela discussão coletiva de textos que incluíam noções de intersetorialidade, pesquisa-intervenção, utilização do diário de campo e políticas de narratividade: combustão necessária para o deslocamento nessa disciplina-viagem, orientada pela perspectiva cartográfica, segundo a qual o método não antecede o caminho, mas é produto do caminhar. Os(as) discentes foram a campo orientados pela escuta ativa e aberta em relação às percepções de saúde de moradores(as) de bairros previamente selecionados. Solicitou-se que o registro no diário fosse realizado imediatamente após o encontro com o(a) entrevistado(a). No decorrer de seis aulas consecutivas, os diários de campo foram publicizados por meio da leitura em grupo.

PERÍODO DE REALIZAÇÃO: a experiência ocorreu entre 14 de novembro de 2018 e 16 de abril de 2019.

OBJETIVO: produzir narrativas baseando-se em experiências de saúde relatadas em encontros com moradores(as) da região metropolitana, registrados em diário de campo personalizado.

RESULTADOS: as narrativas apresentaram-se enriquecidas por sons, odores, sensações térmicas, dores, alegrias, lembranças, valores, entre outros elementos que superaram paulatinamente olhos e ouvidos silenciados pela busca de informações, em detrimento da experiência. Ao longo da disciplina, cada discente problematizou sua narrativa, desde a violência conectada à pobreza, etnia e classe social; passando pelo território universitário como espaço produtor de saúde-doença e o acesso aos serviços de saúde associado à renda familiar; até a produção de saúde mental influenciada por alterações climáticas. A problematização emergiu da leitura das narrativas, as quais se transformaram em narrativas comuns, no sentido de produção coletiva.

APRENDIZADOS: a experiência foi identificada não como sinônimo de experimento laboratorial controlado, mas como processo de singularização, abertura à porosidade da vida, ao imprevisível devir que transforma. A discussão das narrativas trouxe a percepção de que somente é possível planejar e intervir junto às populações considerando os saberes que advêm da experiência. Informações técnicas para a gestão e a conscientização política em relação às desigualdades sociais são imprescindíveis; no entanto, são insuficientes no que se refere às manifestações singulares nas quais a vida cotidiana dos sujeitos transcorre.

ANÁLISE CRÍTICA: a experiência de conexão decorrente das narrativas trouxe visibilidade para os sujeitos, sem os quais se tornam inefetivas ações para o enfrentamento do adoecer, condição inseparável do viver. Nessa direção, o registro em diário de campo e a produção comum de narrativas mostraram-se estratégias válidas para sensibilizar futuros(as) sanitaristas em relação à complexidade das intervenções em Saúde. Ademais, a inclusão dos sujeitos precisa consolidar-se como postura ético-profissional pelo reconhecimento de que todos os envolvidos são atores fundamentais do processo saúde-doença, sejam eles usuários, gestores, profissionais de saúde ou de outros setores.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

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