29/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-3A - GT 3 - Análise das Práticas |
30128 - ARTICULAÇÃO DO SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA DOMICILIAR NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE DE UM MUNICÍPIO BAIANO LIVIA DOS SANTOS MENDES - IMS-UFBA, LINDIANE DE AZEVEDO NEVES OLIVEIRA - UEFS, ALBA BENEMÉRITA ALVES VILELA - UESB, ANA ÁUREA ALÉCIO DE OLIVEIRA RODRIGUES - UEFS, ADRIANO MAIA DOS SANTOS - IMS-UFBA
Introdução: A Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) é uma modalidade de serviço complementar a Atenção Básica e substitutiva e complementar aos serviços de urgência à internação hospitalar valorizando novos espaços e novas formas de organização das tecnologias, como os cuidados paliativos (BRASIL, 2016). Como resposta para o fenômeno dos altos custos sociais com a atenção hospitalar o Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) surge como um investimento realizado pela iniciativa privada e pelo SUS (SILVA et al., 2005). Além disso, o rápido envelhecimento da população em vários países do mundo, proporcionaram um aumento das condições crônicas, gerando novas demandas e desafios assistenciais para os sistemas de saúde (OMS, 2015). Neste cenário, o Programa de Internação Domiciliar surge para qualificar o cuidado por meio de inovações produtoras de integralidade da atenção, diversificação das tecnologias de saúde e da articulação da prática dos diferentes profissionais e esferas de assistência (MARTINS; LACERDA, 2008). Este tipo de atenção pode contribuir para conformação de sistemas de saúde mais integrais e menos onerosos, através da ação do trabalho interdisciplinar e da articulação da atenção em redes.
Objetivo: Analisar a articulação do Serviço de Assistência Domiciliar na rede de atenção à saúde do município de Guanambi, Bahia.
Metodologia: Consiste em uma das análises da pesquisa intitulada “Produção do cuidado ao paciente no serviço de assistência domiciliar de Guanambi-Bahia”. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, realizado no serviço de assistência domiciliar de Guanambi, Bahia. Os dados foram coletados por meio de 18 entrevistas semiestruturadas. Os sujeitos do estudo foram distribuídas em três grupos de representação: grupo I (trabalhadores do SAD); grupo II (cuidadores dos pacientes em cuidados paliativos); grupo III (chefe de serviço do SAD). O método utilizado para a análise de dados foi à análise de conteúdo temática. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Multidisciplinar em Saúde da Universidade Federal da Bahia, sob parecer n° 2.410.266.
Resultados e discussão: A assistência domiciliar demanda a articulação com todos os pontos da rede de atenção à saúde. Isso implica em construir elos com outros serviços de saúde, com atores e instituições. Durante as entrevistas foi possível perceber pouca articulação do SAD com outros serviços, mantendo ações concentradas somente na atenção domiciliar e sem fazer uso de dispositivo de rede. A ausência de uma correta referência e contrarreferência no relacionamento do SAD com outros setores da rede de atenção compromete especialmente a resolutividade do caso e a integralidade da assistência aos pacientes. Mesmo diante de avanços no sistema de saúde, a organização do SUS por meio de redes regionalizadas e integralizadas de serviços ainda é incipiente, assim como os mecanismos de regulação, de referência e contrarreferência. Outrossim, para a efetivação do sistema de referência é necessário que exista e funcione um sistema hierarquizado de serviços formando uma rede integrada com fluxo normatizado dos pacientes nos dois sentidos. O bom funcionamento deste sistema pressupõe não só o fluxo do paciente, mas também a troca de informações a respeito do seu estado clínico entre os profissionais dos diferentes níveis que participam no processo do seu tratamento.
Considerações finais: Pode-se reconhecer muitos desafios e entraves encontrados pelo SAD na articulação em rede. No entanto, a articulação entre os serviços é essencial para a operação do SAD e também dos outros pontos de atenção, necessitando do envolvimento e da construção de espaço de conversa entre serviços para que haja cooperação, solidariedade e confiança entre os mesmos. Deste modo, quando o incentivo ao implantar a atenção domiciliar é a defesa da vida e a garantia da integralidade do cuidado é preciso priorizar as necessidades de saúde no centro da organização dos serviços. Neste sentido, é preciso aprofundar os estudos acerca das redes em saúde e como construí-las de forma a favorecer uma gestão do cuidado mais compartilhado.
Referências
______Ministério da Saúde. Portaria nº 825, de 25 de abril de 2016. Redefine a Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e atualiza as equipes habilitas. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 abr. 2016. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2016/prt0825_25_04_2016.html>. Acesso em: 22 dez. 2016.
MARTINS, S. K.; LACERDA, M. R. O atendimento domiciliar à saúde e as políticas públicas em saúde. Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste, Fortaleza, v. 9, n. 2, p. 148-156, abr./jun. 2008.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Relatório Mundial de Envelhecimento e Saúde. Brasília, 2015.
SILVA, K. L.; SENA, R.; LEITE, J. C. A.; SEIXAS, C. T.; GONÇALVES, AL. M. Internação domiciliar no Sistema Único de Saúde. Revista de Saúde Pública, Belo Horizonte, v. 39, n. 3, p. 391-397, 2005.
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