29/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-3A - GT 3 - Análise das Práticas |
30957 - HISTÓRIA DA ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE EM CAMPO GRANDE, MS DURANTE EPIDEMIAS DE DENGUE EDINEIA RIBEIRO DOS SANTOS - UFMS, RIVALDO VENÂNCIO DA CUNHA - UFMS, SONIA MARIA OLIVEIRA DE ANDRADE - UFMS, CÁSSIA BARBOSA REIS - UEMS, ALESSANDRA MOURA DA SILVA - UFMS, CRHISTINNE CAVALHEIRO MAYMONE GONÇALVES - UFMS
Os casos de dengue ocorrem principalmente em regiões de clima tropical e subtropical como países da Ásia, Oceania, África e das Américas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a incidência por dengue se elevou drasticamente em todo o mundo, com estimativa de 390 milhões de infecções por ano (OMS, 2018). A doença causa impacto na saúde pública, principalmente nos primeiros meses do ano, quando ocorrem as epidemias, período de maior incidência de calor e chuva. Desde a década de 80 o Brasil enfrenta problemas com o controle das infecções oriundas do contato humano com o vírus dengue. Pode-se afirmar que a doença tem avançado e mobilizado esforços para o seu enfrentamento. Portanto, é necessário compreender como se dá organização do serviço de saúde em situações de epidemias. Conforme a legislação brasileira, a organização do SUS dos diferentes níveis de atenção, deve ser feita por meio de Redes de Atenção à Saúde para garantir a integralidade do cuidado. (BRASIL, 2010, p. 1). Entretanto, além do setor saúde, observa-se que existem fatores internos e externos que contribuem para o bom andamento das atividades de controle e prevenção de dengue. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com base na Teoria das Representações Sociais (TRS), com tratamento de dados feito através do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), realizada em Campo Grande – MS, abrangendo o período de 1987 a 2017, com 12 profissionais de saúde, aprovada no Comitê de Ética da UFMS sob o número 2.437.814. Os resultados foram organizados em Eixos Temáticos, destacando- se a Ideia Central Organização da rede de saúde. O discurso revela dificuldades vividas pelos profissionais quanto ao impacto que a desorganização da rede gera no atendimento ao paciente, destacando-se a importância da vigilância epidemiológica estruturada, da organização dos serviços de saúde e da estruturação adequada da rede. A Vigilância Epidemiológica é conceituada como um “conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes da saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos” (BRASIL, 2010, p. 46). No discurso foi ressaltado o sistema de notificação que compõe o trabalho da vigilância epidemiológica, apresentado pela dificuldade de registro e comprometimento de profissionais em implementar as fichas de notificação. A falha no processo de notificação gera inconsistências no processo de monitoramento da vigilância (ARAÚJO et al., 2016). O DSC revela a preocupação dos profissionais na organização dos fluxos de atendimento e também do reconhecimento da abertura de dois hospitais-dia como pontos de atenção essenciais para a absorção dos casos durante a epidemia. Sabe-se que uma boa organização da rede de serviços de saúde é fundamental para o enfrentamento de uma epidemia. Nesta ótica, ressalta-se que profissionais capacitados e comprometidos na vigilância e na atenção à saúde, processos de trabalho voltados à responsabilização e ao vínculo com o paciente são molas propulsoras de melhorias no manejo e no controle da epidemia. A organização, em especial nas epidemias, é essencial no lócus da atenção primária, que de acordo com Andrade (2004) é considerada a porta de entrada no sistema de saúde, prestando atendimento na maioria dos casos de dengue. No entanto para o devido encaminhamento dos atendimentos é necessário que o setor primário esteja adequadamente estruturado. Quanto aos procedimentos de encaminhamentos, as equipes de saúde devem estar bem informadas, cientes de quais e quando efetuarão, ou seja, fluxos definidos e prontos para serem colocados em prática. No processo de organização do serviço de saúde, o envolvimento das equipes é essencial, de forma a estimulá-las a serem co-responsáveis. Os resultados da pesquisa evidenciaram as fragilidades do setor saúde frente as epidemias dengue, em particular a organização dos serviços de saúde, a vigilância epidemiológica e a estruturação adequada da rede.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Dengue e dengue grave, 2018 https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/dengue-and-severe-dengue. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso. 8. ed. rev. Brasília. Ministério da Saúde, 2010.;
ARAÚJO, Y. B.; REZENDE, L. C. M.; QUEIROGA, M. M. D.; SANTOS, S. R. Sistemas de Informação em Saúde: inconsistências de informações no contexto da Atenção Primária. Journal of Health Informatics, v. 8, p. 164-170, 2016.; ANDRADE, L. O. M.; BARRETO, I. C. H. C.; FONSECA, C. D. A estratégia saúde da família. In: DUNCAN, B. B.; SCHMIDT, I. M.; GIUGLIANI, E. R. J. (org.). Medicina ambulatorial: condutas na atenção primária baseada em evidencia. Rio de Janeiro: Artmed, 2004.
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