29/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-2A - GT 2 - Pesquisa Qualitativa em Saúde no Norte do Brasil: Uma Abordagem de Pesquisa Promotora de Equidade |
31179 - NAVEGANDO NA PROMOÇÃO À SAÚDE NO INTERIOR DA AMAZÔNIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DEJAYNE OLIVEIRA DE SOUSA - UFOPA, LAÍS GABRIELLE CARDOSO DE OLIVEIRA - UFOPA, TEÓGENES LUIZ SILVA DA COSTA - UFOPA
CONTEXTUALIZAÇÃO: A Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, da Floresta e das Águas (PNSIPCFA), objetiva promover “o acesso aos serviços de saúde, a redução de riscos e agravos decorrente do processo de trabalho e das tecnologias agrícolas e a melhoria dos indicadores de saúde e da qualidade de vida.” (Brasil, 2013). Nessa perspectiva, o navio-hospital Abaré (Uma Unidade Básica de Saúde Fluvial – UBSF) tem a missão de levar serviços de assistência à saúde às comunidades ribeirinhas, geograficamente distantes, para adaptar os serviços de assistência à saúde de acordo com as necessidades das populações das florestas, dos campos e das águas, um projeto idealizado pela ONG Holandesa Terre Dês Hommes (TDH) através do Projeto Saúde Alegria (PSA) iniciado suas atividades em 2006, atendendo cerca de 15 mil ribeirinhos em 72 comunidade como resolubilidade de 93%, de cada 100 paciente atendidos apenas 7 eram encaminhados para os serviços especializados dos centros urbanos . Assim, através do atendimento daquela UBSF passaram receber cuidados regular básicos de saúde. Logo, o projeto passou a ser objeto de estudo do Ministério da Saúde e em 2010 virou modelo de política pública na Amazônia. Atualmente o Abaré funciona, por meio de uma gestão compartilhada com a Universidade Federal do Oeste do Pará e a Secretaria Municipal de Saúde do Município de Santarém, conta com uma equipe multiprofissional composta por um único médico, enfermeiros, cirurgião dentista, técnicos de enfermagem e auxiliares de saúde bucal e o apoio dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS).
DESCRIÇÃO: Vigem à comunidades de rios da região do baixo Tapajós, acompanhando os trabalhos da equipe multiprofissional de saúde através da UBSF atendendo cerca de 20 comunidades. PERÍODO DE REALIZAÇÃO: A viagem ocorreu no período 22 de setembro a 01 de outubro de 2018.
OBJETIVO: Relatar a experiência da assistência à saúde prestada às populações das águas no navio/hospital Abaré.
RESULTADOS: A chegada do Abaré é avisada, previamente, pelo ACS das respectivas comunidades a serem atendidas pela UBSF. Durante os dez dias de assistência, foi possível participar e observar de atividades como o fluxo de dispensação de medicamentos, educação em saúde realizada nas comunidades, reconhecimento do território, acompanhamento dos profissionais na aplicação de vacina, acolhimento dos comunitários no setor da triagem, consultas médicas, odontológicas e de enfermagem. Uma das grandes dificuldades do abaré é a presença de apenas um médico, o que limita o número de consultas por comunidade. Existem também os pacientes que tem limitações motoras que não conseguem chegar à UBSF. Portanto, o ideal seria um profissional que pudesse ir até essas pessoas e que os serviços não se limitassem apenas dentro das instalações do abaré. A baixa coberta aos serviços como de saúde bucal, apontam ausência de promoção da saúde nesse âmbito específico e a oferta de ações efetivas levando em consideração as realidades dessa população e as disparidades socioeconômicas. Outro ponto é a formação dos profissionais que ainda nos dias atuais é focada em modelo tecnicista, que não visa olhar o paciente como um todo levando em considerações dimensões culturais, ambientais, econômicas e geográficas, dificultando assim o profissional de devolver habilidade que permitem adequar os serviços de acordo com as necessidades e ferramentas disponíveis.
APRENDIZADOS E ANÁLISE CRÍTICA: Ao longo da viagem pode-se perceber o quão importante é o Abaré enquanto política de saúde para essas pessoas, para muitas delas esse é o único acesso aos serviços de saúde. Também destaca-se o quanto é relevante o Sistema Único de Saúde com seus princípios e diretrizes, principalmente a equidade, que visa atender as pessoas de uma forma que compreenda suas reais necessidades para assim, respeitar as peculiaridades dessa população. A atuação dos profissionais da saúde pública, para as populações ribeirinhas, precisa ir muito além da simples prática medico-curativa, levando em conta toda as diversidade cultural e histórica que rodeia essas comunidades, “Diversidade essa que resulta em saberes, crenças e práticas específicas que caracterizam os povos ribeirinhos’’ (Silva et al 2013).
REFERÊNCIAS:
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.866, de 02 de dezembro de 2011. Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta (PNSIPCF). Diário Oficial [da] União, Brasília, DF, Disponível em: http://www.saude.go.gov.br/public/media/EU6sWLAaw55isy/21131001103041610209.pdf . Acesso em: 13 mai. 2019.
Silva, P. C. C. et al. Organização do Cuidado à Saúde em Populações Ribeirinhas: experiência de uma Unidade Básica de Saúde Fluvial. Belo Horizonte. 2013
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