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Grupos Temáticos

30/09/2019 - 15:00 - 16:30
EO-2C - GT 2 - Pesquisa qualitativa em saúde: A construção de diálogos de territórios

29809 - VIOLÊNCIA E ESTIGMA: EXPERIÊNCIAS DE USUÁRIOS E USUÁRIAS QUE FAZEM USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS
ROZILAINE REDI LAGO - DOCENTE, CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO DESPORTO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE (UFAC), BRUNA LIMA DA ROCHA - MESTRADO EM SAÚDE COLETIVA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE (UFAC), HELEM CHRISTIANE CUNHA DE SOUZA - BACHARELADO EM SAÚDE COLETIVA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE (UFAC), PATRÍCIA DE MESQUITA LIMA - BACHARELADO EM SAÚDE COLETIVA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE (UFAC), CAROLINA VIEIRA DOURADO - BACHARELADO EM SAÚDE COLETIVA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE (UFAC), SOLANGE LUSTOZA DOS SANTOS - BACHARELADO EM SAÚDE COLETIVA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE (UFAC), CLÉRISTON NUNES SAMPAIO - RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL INTEGRADA EM SAÚDE DA FAMÍLIA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE (UFAC)


Introdução: O conjunto de problemas associados ao consumo abusivo de substâncias inclui questões como estigma e, consequentemente, marginalização social. Nesse contexto, os espaços de reprodução dos discursos da sociedade sobre esse tema, em geral, destacam aspectos da dimensão individual deste adoecimento, transmitindo a mensagem de que o uso abusivo de substâncias se trata de um problema comportamental, gerado por uma “escolha” pessoal, gerando estigma e marginalização relacionados a essa população. Na perspectiva da equidade em saúde, essa visão reducionista do processo saúde-doença dos transtornos mentais devidos ao uso de substâncias psicoativas, promove a estigmatização social dessa população e incrementa sua vulnerabilidade a diversos problemas, a exemplo das múltiplas formas de violência. A abordagem ética de saúde pública junto a essa população evoca a necessidade de abordagens terapêuticas promotoras de equidade que valorizem a dimensão social do processo saúde-doença. Essa perspectiva terapêutica pode contribuir para melhor visibilidade, compreensão do contexto de inserção e vulnerabilidade social que intensificam a experimentação de violência por pessoas que fazem o uso de substâncias. Objetivos: Descrever os tipos de violências e estigma experimentados por usuários e usuárias de substâncias psicoativas que buscam tratamento em serviços de saúde mental. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa de base comunitária, conduzida com 18 usuários e usuárias atendidos em um Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e outras Drogas e uma Comunidade Terapêutica, situados em uma capital da Região Norte do Brasil, entre janeiro 2017 e julho de 2018. Os dados foram gerados por meio de entrevistas individuais e grupais, conforme roteiro norteador. Todos os aspectos éticos foram resguardados. Os dados foram analisados utilizando-se o conceito teórico crítico de autonomia relacional, portanto, as percepções dos entrevistados foram organizadas em temas relacionados a esse conceito, conforme as ideias centrais apresentadas pelos participantes. Resultados e discussão: Durante a análise dos resultados, foram organizadas três dimensões explicativas dos problemas associados ao uso abusivo de substâncias psicoativas: 1) Violências sofridas e a marginalização social, 2) Violências geradas e o exercício de autonomia ineficaz e 3) Estigma e preconceitos enfrentados e a escassez de oportunidades de escolha. Os participantes encontraram-se em situação de múltiplas vulnerabilidades, em função do contexto social no qual estavam inseridos, da respectiva opressão social experimentada e da trajetória de uso de substâncias, gerando poucas oportunidades de escolha no tratamento, bem como baixa capacidade de exercer de forma eficaz sua autonomia quando haviam opções de escolha disponíveis. As mulheres experimentaram mais episódios de violências sofridas no decorrer da vida, resultado que também se articula a posição de menor autonomia social, em função de iniquidades de gênero. Considerações Finais: Os achados destacam o uso de substâncias como condição relacionada à violência e criminalidade, em função do contexto de social no qual usuários e usuárias de substâncias psicoativas estão inseridos, bem como da trajetória de adoecimento vivenciada. Ressalta-se a necessidade de investimento em estratégias intersetoriais promotoras de equidade junto a essa população, as quais impactem, prioritariamente, na dimensão social deste adoecimento. O enfoque em políticas públicas já existentes nas áreas de promoção, prevenção e superação das iniquidades sociais e em saúde pode, em longo prazo, reduzir a violência e outros problemas vivenciados por pessoas que sofrem com transtornos mentais devidos ao uso de substâncias psicoativas.
Referências
BARD, Nathália D. et al. Estigma e preconceito: vivência dos usuários de crack. Revista Latino Americano de Enfermagem, Ribeirão Preto, vol.24, n.1, p.1-7, 2016.
DAHLBERG, Linda L; KRUG, Etienne G. Violência: um problema global de saúde pública. Ciência e saúde coletiva. Rio de janeiro, v.11, p.1163-1178, 2006.
FRAGA, Paulo C. P. A escola, as drogas e a violência: experiência e representação. Rio de Janeiro, Letra capital, 2016.
KRUG, Etienne. G. et al. (EDS.). World report on violence and health. Geneva, WHO, 2002.
MINAYO, Maria C. S; DESLANDES, Suely F. A complexidade das relações entre drogas, álcool e violência. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 14, n. 1, p. 35–42, jan. 1998.
ROCHA, Bruna L. et al. Necessidade e experiências de mulheres, lésbicas, gays, bissexuais e transexuais em tratamento para o uso de substancias: a voz de usuárias e profissionais de saúde. In: CONGRESSO BRASILEIRO INTERDISCIPLINAR DE PROMOÇÃO DA SAÚDE: 1988 -2018: TRINTA ANOS DE SAÚDE COMO DIREITO, 2018, Franca. Anais... Franca: UNIFRAN, p.16-34, 2018.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

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