30/09/2019 - 15:00 - 16:30
EO-2C - GT 2 - Pesquisa qualitativa em saúde: A construção de diálogos de territórios |
30013 - PRINCÍPIOS BÁSICOS QUE REGE A PESQUISA QUALITATIVA EM SAÚDE E A OBSERVAÇÃO EM UM MUSEU DE ARTE: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE PESQUISADORES EM FORMAÇÃO
LÍVIA KARLA SALES DIAS - UFC, MÁRCIA MARIA TAVARES MACHADO - UFC, MARIA DO SOCORRO DE SOUSA - UFC
Contextualização A pesquisa qualitativa em saúde, não tem sido ainda uma opção de primeira escolha na saúde para exploração de questões advindas da realidade. Mesmo, que se evidencie que locais e pessoas diferentes têm necessidades diferentes, e por isso soluções e esforços diferentes devem ser feitos de acordo com o contexto em questão, para consolidá-la de Norte a Sul nos deparamos com vários desafios entre eles, o da formação de pesquisadores qualitativos, ao considerar os cursos de Saúde Coletiva com turmas interprofissionais, o ensino com enfoque qualitativo é ausente ou insignificante, necessitando fortemente de investimento na formação destes profissionais desde a graduação. Neste sentido autores, alertam para os modelos formadores e o papel docente. É nesta realidade que se insere a disciplina de Métodos e Técnicas em Pesquisa Qualitativa no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Saúde Coletiva, espaço gerador desta experiência.
Objetivo Relatar a visita a um museu arte como experiência de observação, produtora de conhecimento e aprendizagem sobre os princípios básicos que rege a pesquisa qualitativa em saúde.
Período A experiência ocorreu em março de 2019.
Descrição Na formação acadêmica nos cursos de Mestrado e Doutorado, mesmo os discentes sendo instigados, diariamente, a ampliarem o conhecimento e ultrapassar os muros da sala de aula para novas percepções e olhares. A proposta de visitar o museu causou entusiasmo e questionamentos sobre o sentido para a aprendizagem de métodos e técnicas de pesquisa. O Museu de Arte de uma universidade pública foi escolhido e no local, os discentes foram convidados a observar, a contextualização: a história, a cultura, a história de vida, os vários estilos movimentos artísticos e ainda procurar ver além do visível. Assim em uma visita guiada, os mestrandos e doutorandos puderam conhecer a história dos artistas, suas obras, em duas temporárias, “Novos olhares de Monalisa” e “Á flor da pele”. Após visita foram instigados em uma roda de conversa refletir sobre: Você conhecia este museu? As obras retratam que realidade? O que mais chamou a sua atenção? Que relação você fez com o objeto da sua pesquisa? Que sentido fez, para você pesquisador em formação esta visita? As docentes relacionaram as respostas aos princípios da pesquisa qualitativa em saúde e solicitaram um ‘Texto Sentido’, usando as diversas linguagens para apresentação na aula seguinte.
Resultados A visita, a produção de “Textos Sentidos” permitiram aos alunos: participarem do processo, perceber proximidade do pesquisador em relação aos fenômenos estudados, o enfoque da observação e da interpretação do objeto, entre outros aspectos, quando em círculo cada um apresentou o seu “Texto Sentido” de forma gráfica, poética, cordel, desenho e foram se dizendo: “percebi que cada pessoa tem uma forma diferente de ver a mesma coisa e de representá-la”, “ao chegar no museu, percebi que naquele momento precisava me despir”, “vivencie imersão, questionamentos, chuva de ideias, exposição”, “o museu não é muito largo mas tem muito que dizer”. Assim este momento foi provocando discussões, conhecimento e vivencia sobre pesquisa qualitativa em saúde e interação entre alunos e professores.
Aprendizados A disciplina de Métodos e Técnicas em Pesquisa Qualitativa do programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva visa envolver o discente em uma atitude mais reflexiva e motivadora, buscando propostas emancipatórias e críticas que rompa com os modelos tradicionais de ensino e foque no diálogo, na relação entre professor e aluno e na reflexividade de ambos. O envolvimento do aluno com as obras de arte e o despertar para o aprendizado do conhecimento da abordagem de pesquisa qualitativa, favorecem entre outros aspectos: Olhar, para além do sentido de ver, aprimorar-se em busca de compreensão e questionar olhar reflexivamente, como também se colocar no lugar do outro em Imersão, na qual, o espectador coloca sua vivência, seu eu, para buscar entender o outro, ampliando o seu olhar de mero espectador. Acentua-se, ainda, o incremento do uso do método qualitativo como alternativa eficiente para resposta nos âmbitos coletivo ou individual de acordo com o contexto em questão.
Análise Crítica Os museus sempre foram pensados como instituições de ensino, locais onde se acessa um conjunto de objetos com a intenção de obter informações sobre determinado tema ou assunto e, para, além disso, são também espaços de lazer onde se compartilham sensações e emoções e aprendizagem. Os processos educativos têm um caráter contínuo e permanente na construção de conhecimento, na troca, na relação entre o ensino formal e o não formal e, a inovação dos métodos e as técnicas devem ser apoiadas. Realidade evidenciada, também nos programas de pós-graduação quando a disciplina de metodologia qualitativa não é obrigatória, pela predominância do paradigma positivista na construção do modo de fazer ciência.
|
 |
