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Grupos Temáticos

28/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-7A - GT 7 - Processos de formação, saúde e práticas no contexto dos adoecimentos de longa duração I

30334 - O USO DE NARRATIVAS NO ENSINO DA SAÚDE: QUATRO ANOS DE EXPERIENCIA EM UM CENTRO UNIVERSITÁRIO NA CIDADE DE SÃO PAULO
CELIA MARIA FRANCISCO - CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO - SP, RENATA LASZLO TORRES - CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO - SP, MARIA ELISA GONZALEZ MANSO - CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO - SP


CONTEXTUALIZAÇÃO
Os cursos de formação de profissionais de saúde ainda priorizam o ensino hospitalocêntrico e biologizante em detrimento das dimensões éticas e humanizantes. As diretrizes curriculares nacionais buscam modificar este padrão de ensino, aliando à formação técnica preceitos como respeito à dignidade humana e autonomia do indivíduo.
O adoecer não é apenas o desvio da norma ou o silêncio dos órgãos, mas um movimento que ocorre no plano social, com caráter histórico e repleto de simbolismo, mediado pela linguagem. O adoecido, ao contatar com o profissional de saúde, irá narrar este processo vivenciado, uma narrativa de aflição.
Este trabalho apresenta um relato de experiencia com a utilização de narrativas de adoecimento em diversos contextos de atenção e em diferentes cursos de graduação da área da saúde, em um Centro Universitário localizado na cidade de São Paulo, experiencia esta que vem sendo realizada há quatro anos.

DESCRIÇÃO E PERÍODO DE REALIZAÇÃO
Desde 2015, grupos de alunos de diferentes cursos de uma instituição de ensino superior privada localizada na cidade de São Paulo, coletam narrativas de pessoas adoecidas portadoras de condições crônicas que procuram atenção nos cenários de prática destes cursos. Para a coleta destas narrativas é utilizado um instrumento desenvolvido segundo o referencial teórico da antropologia da saúde, denominado McGill MINInarrativa de Adoecimento, roteiro semiestruturado, adaptado transculturalmente.
O projeto teve seu começo durante o primeiro semestre do ano de 2015 com um grupo de 4 alunos do curso de medicina, os quais realizaram a coleta de narrativas de um grupo de pessoas que utilizavam o ambulatório escola da instituição. Devido à repercussão positiva da experiencia destes alunos, em 2016 o projeto foi estendido. Neste novo braço do projeto, os alunos colheram narrativas de pessoas portadoras de câncer, vítimas de queimadura, com bulimia nervosa e doenças renais, compondo assim quatro diferentes iniciações cientificas. Participaram desta fase 4 alunos do curso de enfermagem, 10 do curso de medicina e 3 do curso de psicologia. Estas narrativas foram coletadas tanto em visitas domiciliares quanto em ambiente hospitalar.
Já em 2018, com financiamento do Ministério da Saúde e Organização Pan-americana de Saúde, via prêmio INOVASUS-Gestão da Educação em Saúde, a coleta de narrativas foi realizada por 22 alunos dos cursos de fisioterapia, medicina e nutrição, os quais entrevistaram pessoas no âmbito da atenção básica e, paralelamente, por 16 alunos de medicina, que realizaram entrevistas em visitas domiciliares. Atualmente, 2019, a coleta das narrativas encontra-se incorporada às práticas na atenção básica à saúde do curso de medicina.

OBJETIVO
Espera-se que os alunos reconheçam os determinantes e condicionantes do processo saúde-doença; o itinerário terapêutico; o papel da família e grupo social enquanto influenciadores no processo de adoecer; como as crenças deste grupo influenciam sua vivencia de adoecimento, e, a partir destes conhecimentos, propor projeto terapêutico singular adequado às necessidades de cada uma destas pessoas. Espera-se ainda o aprender a trabalhar em equipe interprofissional e o reconhecimento do outro como uma pessoa autônoma, cuja dignidade deve ser respeitada.

RESULTADOS
Os alunos destacam que as narrativas os fizeram repensar e reformular a ideia que tinham sobre a doença, calcada no modelo biologizante, e ressaltam a importância de ouvir, incluindo as vivências e crenças destas pessoas nas suas práticas. Referem ainda que construíram uma visão diferenciada dos enfermos, por incorporar aspectos anteriormente não pensados por eles, relacionados aos fatores psíquicos, culturais e sociais.
Como pontos negativos, os alunos trouxeram a utilização do roteiro de escuta, o que os impediu, segundo eles, de aprofundar determinados aspectos que gostariam durante as entrevistas. Alguns se mostraram preocupados com o tempo utilizado para a coleta das narrativas e do impacto que este teria sobre o atendimento, concluindo sobre a importância da longitudinalidade nestes casos.

APRENDIZADOS
Ao longo destes quatro anos, muito se aprendeu com este projeto. Não só na relação com os alunos, mas também com a participação dos orientadores docentes que compuseram o grupo. O grupo de trabalho evoluiu como equipe, vários pontos foram revistos e novas formas de trabalho com os alunos foram aprimoradas, principalmente no que tange à grande mobilização de afetos que a coleta das narrativas traz a alguns alunos.

ANÁLISE CRITICA
Os alunos se mostraram motivados durante todos estes projetos, mas não de maneira uniforme, já que ainda se nota resistência à mudança. O grupo concluiu que trabalhar com narrativas de adoecimento pode contribuir para ampliar o vínculo entre profissionais e adoecidos e incorporar a integralidade da atenção.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

Campus I - Lot. Cidade Universitaria, João Pessoa - PB, 58051-900