28/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-7A - GT 7 - Processos de formação, saúde e práticas no contexto dos adoecimentos de longa duração I |
30363 - CONVIVER COM PARKINSON: PROJETO TERAPÊUTICO INTERPROFISSIONAL NO CUIDADO AO PACIENTE E A EDUCAÇÃO PERMANENTE PARA OS CUIDADORES NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE THAINÁ OLIVEIRA FELICIO OLIVATTI - UNESP, LUÍSA ROCCO BANZATO - UNESP, GUILHERME FERREIRA BORGES - UNESP, LEONARDO MARTINS - UNESP, ELIANA GOLDFARB CYRINO - UNESP
Contextualização: A Doença de Parkinson (DP) é enfermidade neurodegenerativa crônica e progressiva, de acometimento universal, independentemente da classificação étnico-econômico-social. Embora haja heterogeneidade em sua manifestação, sua história inclui sintomas motores na fase inicial, como distúrbio de marcha e instabilidade postural, tornando-se progressivamente complicada por disfunções autonômicas, cognitivas e neuropsiquiátricas. A DP tem uma incidência na população mundial de 1 a 2% nas pessoas que possuem idade superior a 65 anos e uma prevalência no Brasil de 3%. Considerando o caráter crônico e progressivo da doença, devemos levar em consideração as eventuais mudanças ocorridas no campo social e familiar, assumindo-se que o familiar pode se tornar o principal cuidador. Sendo assim, é necessário que a família seja compreendida, valorizada e devidamente instrumentalizada, para integralidade do cuidado nesse processo de adoecimento crônico. O projeto terapêutico no cuidado ao portador da DP deve prever o trabalho de equipe interprofissional compreendendo demandas não só do paciente, mas também do cuidador, a medida que é frequente a sobrecarga nas relações do cuidado e convivência. Nesse contexto, estratégias como visitas domiciliares podem apoiar a compreensão da abrangência do problema e adequações frente à nova realidade. Descrição: Projeto construído coletivamente, a partir de necessidades apresentadas por cuidadores, do estudo e análise da situação de pacientes portadores de Parkinson, atendidos no Centro de Saúde Escola (CSE) de Botucatu e do interesse da equipe (profissionais de saúde, residentes e graduandos) em ampliar a integralidade do cuidado às pessoas envolvidas com a DP. Atividades ocorreram semanalmente, divididas em 8 encontros, ofertadas por duas vezes. As rodas de conversa aconteceram no CSE, utilizando metodologia problematizadora com pacientes de DP, familiares e cuidadores. Os aspectos abordados foram o autocuidado, a segurança, a autonomia, o empoderamento do paciente e sua família no cotidiano da DP. As atividades contemplaram a interação entre alunos de graduação, residentes, profissionais de saúde e comunidade. Para complementar o estudo cinco pacientes e familiares foram visitados em seus domicílios realizando-se entrevista aberta sobre o contexto do adoecimento e do cuidado. Período de realização: O projeto foi executado de maio a dezembro de 2018. Objetivos: Realizar trabalho em grupo visando a troca de experiências e criação de vínculo, simultaneamente ao desenvolvimento de atividades que visassem a atender as principais demandas dos participantes em relação à DP e suas repercussões no cotidiano da vida. Realizar visitas domiciliares para compreender a história e implicações do adoecimento na dinâmica familiar, para compreensão de aspectos singulares e assim embasar o trabalho dos grupos. Resultados: Foram realizados dois grupos de pacientes e cuidadores com oito encontros semanais cada um. A média de participação foi de 6 a 8 pacientes e de 2 a 4 cuidadores, por encontro. Os pacientes tinham de 41 a 90 anos e diferentes graus de comprometimento da doença. Observou-se diversidade social, econômica, familiar e cultural dos integrantes dos grupos. No primeiro grupo participaram cinco pacientes do sexo masculino e duas do sexo feminino, com quatro cuidadoras. No segundo quatro pacientes do sexo masculino e duas do feminino, com uma cuidadora. Os encontros contaram com a participação de pacientes e cuidadores, sendo coordenados por residentes multiprofissionais da Saúde do Adulto e do Idoso. Trouxeram a percepção da doença como um grande comprometimento da saúde, produção de dependência, obstáculo no viver cotidiano e significado negativo e exaustivo para todos. Observamos o papel fundamental dos familiares no cuidado. Concomitantemente aos encontros foram realizadas entrevistas no domicílio a 5 pacientes e 3 cuidadores. A partir delas foram redigidas narrativas que continham histórias contadas pelos entrevistados e demandas percebidas pelos entrevistadores. Aprendizado: As entrevistas mostraram que os cuidadores necessitam de um espaço reservado para expressar a sobrecarga do cuidado do paciente. Destacamos a percepção do estigma da doença, do quanto os serviços de saúde precisam acolher esses pacientes e como a sociedade necessita de um trabalho para romper o preconceito. Análise Crítica: Acreditamos que os objetivos do projeto foram alcançados e que seus resultados foram muito satisfatórios para todos os envolvidos. Desse modo o projeto terá continuidade em 2019. Algumas modificações foram feitas, valorizando o cuidado aos cuidadores, dadas as demandas trazidas e o entendimento de que esse papel exige grande energia física e psíquica. Também entendemos que as rodas de conversa com os pacientes devem ser mais dinâmicas e que eles devem assumir papel de protagonismo nos encontros. Esperamos atender de forma compartilhada as necessidades de pacientes e familiares.
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