28/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-7A - GT 7 - Processos de formação, saúde e práticas no contexto dos adoecimentos de longa duração II |
29655 - GESTÃO DO CUIDADO NA DOENÇA CRÔNICA INFANTOJUNEVIL: PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM BRUNA GABRIELLE DE ARAÚJO SILVA - UFPB, AMANDA NARCISO MACHADO - UFPB, ELENICE MARIA CECCHETTI VAZ - UFPB, NEUSA COLLET - UFPB
Introdução: Frente ao diagnóstico da doença crônica, a criança/adolescente e sua família buscam por serviços e profissionais que minimizem as implicações geradas por essa cronicidade. Sendo assim, a gestão do cuidado torna-se estratégia indispensável para o melhor manejo da doença, por meio do provimento de tecnologias de saúde, de acordo com as necessidades de cada indivíduo1. Quando estes se encontram em ambiente hospitalar, o cuidado torna-se complexo e dependente dos profissionais, em destaque a equipe de enfermagem, que os acompanha em período integral. Objetivo: Evidenciar ações desenvolvidas por profissionais de enfermagem na atenção terciária à criança/adolescente com doença crônica e sua família na perspectiva da gestão do cuidado. Método: Pesquisa qualitativa, exploratório-descritiva, realizada no Hospital Universitário Lauro Wanderley, com cinco profissionais da equipe de enfermagem, sendo uma Enfermeira, duas Técnicas de enfermagem e duas Auxiliares de enfermagem, por meio de entrevista semiestruturada, que ocorreram entre dezembro 2018 e abril 2019. Os dados foram interpretados a partir da análise temática à luz do conceito de gestão do cuidado. Resultados e Discussão: Apesar das preocupações da equipe de enfermagem em garantir assistência humanizada às crianças/adolescentes hospitalizados com doença crônica, identificaram-se lacunas nas múltiplas dimensões da gestão do cuidado. Na dimensão individual, destacou-se a fragilidade em desenvolver técnicas que auxiliem o binômio nos cuidados, e os profissionais imaginam que, por este não referir dúvidas, está preparado para o adequado manejo da doença crônica infantojuvenil. Quando a instrumentalização do cuidado ocorre de forma vulnerável, o cuidar da criança/adolescente com doença crônica torna-se ainda mais difícil, principalmente porque alguns profissionais não reconheceram formas para diminuir a sobrecarga de cuidados que, na maioria dos casos, recai para um cuidador principal, enfraquecendo a dimensão familiar. Somando-se a isso, percebeu-se a falta de responsabilização profissional com atividades que vão além dos procedimentos técnicos, refletindo a ineficiência da dimensão profissional. A exemplo, a alta hospitalar que tem sido executada de forma mecânica, com o preenchimento de impressos institucionais pelo profissional médico, sem a devida comunicação entre a equipe. Além disso, a alta não se constitui em momento para explicar os cuidados permanentes a serem realizados no domicílio, evidenciando dificuldades na efetivação da dimensão organizacional. Ao sair do hospital esse binômio necessita de apoio dos diferentes níveis de atenção por meio de um cuidado compartilhado, entretanto alguns profissionais relataram a inexistência dessa ação. Devido aos óbices em seu acompanhamento pela atenção primária à criança/adolescente com doença crônica fica vulnerável a reinternações hospitalares. Isso se dá devido à problemas na dimensão sistêmica, dificultando o cuidado integral e contínuo. Diante de necessidades biopsicossociais essa criança/adolescente e sua família demandam atenção longitudinal, porém foram expostas dificuldades na realização de exames com cunho diagnóstico, o que impossibilita atuação dos profissionais em tempo oportuno. Em relação à dimensão societária, identificou-se que os profissionais não conhecem as políticas públicas voltadas à crianças/adolescentes com doença crônica, empobrecendo o cuidado na medida em que não conseguem atender suas singularidades. Em contrapartida, a gestão do cuidado foi contemplada por meio da facilidade da equipe de enfermagem em formar vínculos com a família, além de utilizar uma linguagem compreensível para interação. Identificou-se, também, que, por vezes, a equipe do hospital em estudo atua na perspectiva multiprofissional, viabilizando momentos de cuidado compartilhado e integral. Conclusão: Diante do exposto compreende-se que a equipe de enfermagem é responsável por cuidados diretos à criança/adolescente com doença crônica, e a vulnerabilidade de suas ações gera transtornos no cuidado e acampamento desses indivíduos. Nesse sentido, tornam-se necessárias estratégias que estimulem o desenvolvimento de ações em saúde pela equipe de enfermagem para minimizar o impacto gerado pela cronicidade. Ao pensar na gestão do cuidado, cabe aos profissionais buscarem um cuidado ampliado e visando o bem-estar de crianças/adolescentes com doença crônica e sua família.
Descritores: Criança hospitalizada; Adolescente hospitalizado; Doença crônica; Gestão; Relações profissional-família.
1CECILIO, L.C.O. Apontamentos teórico-conceituais sobre processos avaliativos considerando as múltiplas dimensões da gestão do cuidado em saúde. Interface (Botucatu), v. 15, n. 37, p. 589-599, abr./jun. 2011.
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