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Grupos Temáticos

28/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-7A - GT 7 - Processos de formação, saúde e práticas no contexto dos adoecimentos de longa duração II

29930 - ALTA HOSPITALAR DE CRIANÇAS COM DOENÇA CRÔNICA NA PERSPECTIVA DAS MICROPOLÍTICAS DOS PROCESSOS DE TRABALHO NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE
VANESSA MEDEIROS DA NÓBREGA - UFPB, ELENICE MARIA CECCHETTI VAZ - UFPB, ALTAMIRA PEREIRA DA SILVA REICHERT - UFPB, NEUSA COLLET - UFPB


Introdução: Quando recebe alta hospitalar, a criança com doença crônica necessita que as micropolíticas do processo de trabalho na rede de atenção à saúde estejam alinhadas para garantir a continuidade dos cuidados. Objetivo: Analisar as micropolíticas dos processos de trabalho na rede de atenção à saúde no pós alta hospitalar de crianças com doença crônica. Metodologia: Estudo exploratório, de natureza qualitativa, realizado com 25 famílias de crianças com doenças crônicas hospitalizadas, cuja captação deu-se durante o internamento e a coleta de dados ocorreu dois meses após a alta hospitalar, por meio de entrevista semiestruturada. A análise temática subsidiou a organização e interpretação dos dados. O projeto foi aprovado pelo parecer nº 2.382.594. Resultados e discussão: No preparo para alta hospitalar houve mobilização da equipe de saúde para suprir, temporariamente, algumas famílias com insumos descartáveis e, em alguns casos, com aparelho de aspiração das vias aéreas para as crianças que necessitavam. Os encaminhamentos dos profissionais da equipe e as experiências prévias das famílias nortearam os caminhos seguidos para a continuidade do cuidado. Na alta, não houve unanimidade dos profissionais em orientar as famílias a buscarem a Estratégia Saúde da Família para dar continuidade ao acompanhamento da criança. Por outro lado, há uma heterogeneidade de ações no processo de trabalho das equipes de Saúde da Família para a efetivação do acompanhamento dessas crianças. Algumas famílias se sentiram apoiadas pela equipe e observaram resultados positivos na evolução clínica da criança. Enquanto outras, a contrarreferência hospitalar resultou em atenção inicial, mas que não perdurou, pois as equipes não se sentiram capacitadas para acompanhar os casos e nem se mobilizaram para organizar o processo de trabalho para atender às demandas desse público. Ademais, para a atenção básica cumprir seu papel de coordenadora e ordenadora do cuidado dessa criança na rede de atenção, necessita de suporte adequado dos sistemas de apoio diagnóstico e terapêutico, de regulação, logístico e de governança, o que, na prática, não vem ocorrendo. Assim, as famílias recorrem ao serviço hospitalar novamente em busca de resolutividade das demandas. Geralmente, uma semana após a alta hospitalar, uma consulta ambulatorial com especialista era agendada e, a depender da avaliação, havia novo retorno marcado, que possibilitava identificar alterações clínicas e intervenção para prevenir novos internamentos. Contudo, no serviço em estudo, mudanças no sistema de agendamento de consultas com especialistas (com no máximo dois retornos sem passar novamente pela regulação) dificultaram a marcação e refletiram negativamente no acompanhamento dessas crianças na prevenção de recidivas, tendo em vista que o sistema de regulação da rede para marcação via município não tem se demonstrado efetivo. Contudo, como no cotidiano desse serviço também pode ocorrer imprevistos, como o não comparecimento do especialista no dia agendado, as famílias tiveram que passar novamente pela regulação com consulta reagendada sem prioridade (cerca de um a dois meses de espera, ou mais dependendo da especialidade) o que posterga a avaliação das crianças e pode resultar em descompensação do quadro clínico. Na tentativa de sanar esses problemas, alguns especialistas realizavam a produção do cuidado de modo extraoficial, inclusive com orientações por telefone. As famílias vivenciaram, por vezes, processos extremamente burocráticos para agendamento dos encaminhamentos médicos, aquisição de medicamentos e materiais, nos quais os fluxos e contrafluxos não estavam bem estabelecidos e eram desconhecidos pelos profissionais atuantes na rede. Quando se trata de medicações e insumos de alto custo, geralmente, as famílias tiveram que recorrer a processos judiciais. O agendamento de exames via sistema de regulação mostrou-se deficitário por não estar alinhado às demandas solicitadas pelos especialistas para o acompanhamento das crianças, resultando em ônus para o orçamento familiar. De modo a sanar esse entrave e não onerar as famílias, bem como agilizar a avaliação, alguns especialistas internaram a criança para a realização dos exames, ação que a expõe a vulnerabilidades desnecessárias. As habilidades relacionais dos profissionais foram fundamentais para um processo de trabalho efetivo que minimize os entraves vivenciados pelas famílias na busca pelo cuidado da criança após a alta hospitalar, sendo o contrário também evidenciado. Considerações finais: Compreende-se a necessidade de fortalecimento da micropolítica do processo de trabalho dos profissionais de saúde da rede de atenção, com seu trabalho vivo em ato, na resolutividade de muitas demandas de crianças com doenças crônicas para redução das recidivas, de hospitalização e do sofrimento ocasionado pelas mesmas.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

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