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Grupos Temáticos

28/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-7A - GT 7 - Processos de formação, saúde e práticas no contexto dos adoecimentos de longa duração II

30332 - PROJETO INOVASUS GESTÃO DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE: A UTILIZAÇÃO DE NARRATIVAS NOS CURSOS DE FISIOTERAPIA, MEDICINA E NUTRIÇÃO EM UM CENTRO UNIVERSITÁRIO DE SÃO PAULO
RENATA LASZLO TORRES - CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO- SÃO PAULO, MAYUMI UCHOA NAWA PAGOTTO - CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO- SÃO PAULO, MARIA ELISA GONZALEZ MANSO - CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO- SÃO PAULO


INTRODUÇÃO
O ensino tradicional dos cursos de fisioterapia, nutrição e medicina vem sendo amplamente debatido, pois estes são considerados cursos cuja formação de futuros profissionais é pautada na racionalidade instrumental, em um modelo medicalizante, fragmentado e hiperespecializado.
Desde a década de 1980 do século passado, principalmente nos países do Reino Unido, estudos vêm sendo desenvolvidos sobre a utilização de narrativas de adoecimento na formação de profissionais de saúde. Estas tratam das explicações causais da doença, trazem interpretações do grupo familiar e social sobre o adoecer; o itinerário terapêutico e gerenciamento do(s) tratamento(s) pelo indivíduo; sendo tidas como potencias para a humanização da atenção, já que permitem ao profissional de saúde se aproximar do que diz e sente o adoecido.
Tendo o exposto como pressuposto, propôs-se, em uma instituição de ensino superior privada, situada na cidade de São Paulo, um projeto com vistas a coleta e utilização de narrativas de adoecimento por alunos e professores dos cursos de fisioterapia, medicina e nutrição. Este projeto foi inicialmente aprovado pelo Ministério da Saúde e Organização Pan-americana de Saúde no ano de 2015, como parte do edital Prêmio INOVASUS: Gestão da Educação em Saúde. Porém, devido a questões burocráticas, somente foi concretizado a partir de junho de 2018 e terminado em 2019.
O objetivo do presente artigo é relatar a percepção dos educandos e professores envolvidos no projeto.

METODOLOGIA
Participaram do projeto 22 alunos e 7 professores, selecionados por edital entre os docentes e discentes dos cursos de fisioterapia, medicina e nutrição de uma instituição de ensino superior particular situada na cidade de São Paulo.
Para a coleta das narrativas foi utilizado o instrumento desenvolvido segundo o referencial teórico da antropologia da saúde e denominado McGill MINI Narrativa de Adoecimento. Este é um roteiro validado e adaptado transculturalmente para o Brasil que permite a apreensão de eventos ou problemas relacionados à saúde. Os alunos, sob orientação dos docentes, iniciaram a aplicação do instrumento para coleta de narrativas através de entrevistas individuais com pessoas que procuraram o serviço ambulatorial da instituição de ensino e que anuíram participar. As entrevistas ocorreram nas dependências do serviço, nos dias nos quais os docentes se encontravam presentes, e tiveram como duração média 30 minutos a 1 hora.
Após cada coleta de narrativa, os graduandos e discentes conversavam sobre a experiencia, conversa esta gravada, e, paralelamente, os alunos e professores realizaram um diário de campo, onde puderam explanar sobre suas impressões e sentimentos. Para o trabalho aqui apresentado, foi realizada a análise qualitativa do material constante destes diários de campo e as transcrições das conversas pós-coleta, buscando verificar as percepções quando da utilização das narrativas na prática clínica. Esta pesquisa obteve aprovação ética do Comitê de Ética (CAAE 90936618.8.0000.0062).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o andamento do projeto, as experiências mostraram-se ricas e produtivas. As professoras consideraram o projeto inovador e que as narrativas proporcionaram o desenvolvimento da habilidade de escuta ativa, permitindo aprimorar a atuação profissional, por aproximar mais os discentes da realidade da população: seus sentimentos, desejos, dificuldades e motivações. Ressaltaram ainda que a experiencia de coletar as narrativas fez com que os alunos considerassem a singularidade e subjetividade dos indivíduos, para além dos aspectos físicos.
Para os alunos, as narrativas permitiram a incorporação do sofrimento social e psíquico destas pessoas. Nas palavras de um aluno: “Eu comecei a refletir quando foi a última vez que vi um profissional da área da saúde sentar para ouvir o paciente, sem aquela anamnese dirigida, simplesmente sentar para ser ali um confidente, ser um ouvinte que tenta identificar problemas sem a ditadura do tempo.”
A maioria dos enfermos entrevistados queixou-se da falta de escuta de seus problemas pelos profissionais de saúde. Estas questões foram muito valorizadas nas discussões do grupo e nas anotações feitas nos diários.
Notou-se, entretanto, que, apesar dos alunos terem elogiado a experiência, ainda há resistência à mudança na forma de abordar o adoecido e que a aplicação de narrativas aos enfermos gerou sobrecarga emocional para vários destes alunos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Incorporar a escuta ativa e as narrativas ao currículo dos diversos cursos de saúde pode propiciar aos futuros profissionais a vivência junto aos adoecidos de seus sofrimentos e proporcionar pensamento crítico em relação não apenas à medicalização que perpassa os dias atuais, mas à falta de responsabilização e de vinculação por parte da equipe de saúde para com quem necessita de seus cuidados.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

Campus I - Lot. Cidade Universitaria, João Pessoa - PB, 58051-900