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28/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-7A - GT 7 - Processos de formação, saúde e práticas no contexto dos adoecimentos de longa duração II

30456 - O CUIDADO EM SAÚDE A PARTIR DAS NARRATIVAS: VIVÊNCIAS DE MULHERES IDOSAS COM CÂNCER DE COLO DO ÚTERO NO SUS
NÁIADE MELO COSTA - SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DE PERNAMBUCO, ADRIANA FALANGOLA BENJAMIN BEZERRA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, KEILA SILENE DE BRITO E SILVA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, NÁIADE MELO COSTA - SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DE PERNAMBUCO, ADRIANA FALANGOLA BENJAMIN BEZERRA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, KEILA SILENE DE BRITO E SILVA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO


INTRODUÇÃO: O envelhecimento populacional, antes considerado privilégio dos países ditos desenvolvidos, é hoje realidade para os chamados países em desenvolvimento. No Brasil, esse processo teve início nos anos 1940, devido às transformações epidemiológicas e demográficas. Diante da maneira desigual que se envelhece no país, essa população passa a ser amplamente acometida pelas doenças crônicas, dentre elas, uma das que mais tem prevalência nesta população são as neoplasias. Para as mulheres, no país, os tipos de câncer mais recorrentes no Brasil são os de mama e do colo do útero. Em relação a este tipo de morbidade na população de mulheres idosas, embora a faixa-etária preconizada pelo Ministério da Saúde seja dos 25 aos 64 anos, é comum o não rastreamento dessas mulheres para a realização do exame preventivo. Entre outras razões, há uma ideia de que a mulher idosa é um ser assexuado, portanto, não há assim necessidade para o seu rastreio, invizibilizando uma população que continua exposta a doença. Inúmeros estudos têm sido realizados a fim de ampliar as informações e trazer avanço científico no cuidado à doença, contudo, as publicações constantemente centram-se apenas nos dados estatísticos, deixando de lado as experiências e vivências dos sujeitos que enfrentam diariamente a doença. OBJETIVO: O presente trabalho objetivou compreender, a partir da narrativa de mulheres idosas com CCU, como se dá o cuidado em saúde. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo qualitativo, cujo método utilizado foi o da narrativa, buscando ampliar a possibilidade de compreensão acerca da vida dessas mulheres. A pesquisa foi realizada em um Hospital de referência para o cuidado ao câncer no estado de Pernambuco, no período de janeiro a março de 2016. As participantes da pesquisa foram cinco mulheres idosas, com idades variando entre 62 a 89 anos; todas estavam em seguimento para o CCU. Os dados foram coletados por meio de entrevista não estruturada, em profundidade. Para a análise dos dados foi utilizada a narrativa. RESULTADOS E DISCUSSÃO: As histórias das cinco mulheres, juntas, resultaram em três narrativas: raízes e significados sociais do adoecimento; práticas de promoção, proteção ou recuperação da saúde e tecnologias leves no processo de cuidado: acolhimento e vínculo. A primeira narrativa apresentada, nos mostra um misto de sentimentos. Destaca-se o sofrimento relatado, antes e após a descoberta da doença, este envolve diversas dimensões: físico, psíquico, financeiro, sendo a dor algo constante na vida delas. A segunda narrativa apresentada aponta para o desconhecimento por parte das mulheres das formas de prevenção da doença. Além do desconhecimento, há também um ideário em torno do exame preventivo, fica latente o peso do que significa “abrir as pernas” para uma pessoa que lhe é estranha, principalmente quando esse cuidado é encabeçado por um profissional do sexo masculino. O cuidado integral a essas mulheres deve considerar a relação delas com seu corpo e seus sentimentos diante dos significados do adoecimento e seus rebatimentos para a vida delas. Constata-se que, para além da falha nas ações preventivas, há também uma falha na entrega dos resultados dos exames. Há, na narrativa, relato de que nunca foi recebido o resultado do exame realizado. Dessa forma, se sua realização já constituía um processo íntimo e difícil para a mulher, o fato de não receber o resultado fragiliza ainda mais a crença no serviço e na ação preventiva, uma vez que, se não chegou o resultado, talvez sua realização não seja de fato tão importante. A partir da última narrativa, pode-se entender que houve sim a construção de vínculo entre usuária e profissionais do serviço de saúde. A vinculação entre os sujeitos implicados no processo de cuidado é fundamental para a adesão e o alcance de respostas positivas durante o tratamento. Embora a narrativa demonstre a todo o momento o destaque dado para essa vinculação, esse aspecto que a caracteriza não é observado. Um olhar mais atento em busca da essência revela que, de fato, em diversos momentos o que houve foi, sim, uma violência de gênero, assim como uma violência institucional. CONCLUSÃO: As narrativas construídas nos transportam para a realidade de vida de mulheres idosas e revelam que não diferem da realidade para este público no país. O processo de adoecimento ocorre diante das inúmeras ausências do Estado ao longo de todas as suas vidas. Faz-se necessário, ainda, um olhar diferenciado para a mulher idosa porque, além das questões biológicas e fisiológicas ocasionadas pelo processo de envelhecimento, essas mulheres são resultado de um construto de diversas determinações sociais, históricas, culturais, que interferem diretamente no modo de entender e enfrentar a vida, perpassando pela sua relação com a saúde. O cuidado integral a essas mulheres deve considerar a relação delas com seu corpo e seus sentimentos diante dos significados do adoecimento e seus rebatimentos para as suas vidas.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

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