29/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-7B - GT 7 - Os serviços de saúde e os adoecimentos de longa duração: práticas no hospital, no domicilio e na atenção básica |
29974 - DO CUIDADO HOSPITALAR PARA O DOMICÍLIO: DESAFIOS NA ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA NA PERSPECTIVA DA ALTA COMPARTILHADA ARILENE LISBOA DE ARAÚJO - UFRN, ERIKARLA BARACHO AVELINO - UFRN, JÉSSICA ÍRIS FRANCO DA SILVA - UFRN, ALLANE CRISTINA COSME RODRIGUES - UFRN, VALTÉRCIO MOREIRA DA SILVA - UFRN, AMANDA MICHELLY BRAGA DA MATA - UFRN, ANALICE CARLA DA SILVA ARAÚJO - UFRN, JOYCE DE OLIVEIRA MENEZES PIMENTEL - UFRN
CONTEXTUALIZAÇÃO
A assistência pediátrica deve contemplar um conjunto de cuidados dedicados à saúde da criança e adolescente, nos seus diversos aspectos. A experiência como equipe multiprofissional (EM), composta por residentes da ênfase Atenção à Saúde da Criança, do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), foi baseada nesses cuidados em âmbito hospitalar, com base no conceito ampliado de saúde e nos princípios do SUS. Assim, é fundamental que os direitos desse público sejam abordados, por se encontrarem em reconhecido e especial processo de desenvolvimento, devendo gozar de prioridade absoluta (BRASIL, 1990, art.6). O processo de preparação para a alta hospitalar (AH) de crianças com condições crônicas é uma das demandas mais frequentes relacionadas à continuidade do cuidado, que requer mediações e articulações com a rede, e também com o sistema de garantia de direitos, tendo em vista as condições necessárias para seguimento do cuidado. Durante o processo de preparação da AH, a equipe de saúde e os familiares se deparam com a necessidade do cuidado especializado no domicílio, que se defrontam com inúmeras dificuldades. Portanto, essas situações não podem ser tratadas apenas como problema da família ou de outros níveis de atenção, pois requerem uma abordagem capaz de assegurar a contrarreferência, bem como articulações intersetoriais na perspectiva da garantia da assistência integral.
DESCRIÇÃO
Criança nasceu sem intercorrências no parto, sendo diagnosticada com hidrocefalia e importante atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, precisando de acompanhamento em centro de saúde especializado. Aos 6 anos apresentou comprometimento respiratório, sendo hospitalizado em unidade de terapia intensiva (UTI), com complicações que necessitaram de diversas intervenções para tratamento do seu quadro crítico, dentre elas a traqueostomia e gastrostomia. Entre UTI e enfermaria permaneceu por 84 dias, evoluindo com estado geral comprometido, acamado e não contactuante, sendo acompanhado de sua genitora. Em visita multidisciplinar realizada com os pais, decidiu-se pelo seguimento baseado em cuidados paliativos, dada condição da criança e prognóstico desfavorável. A rede foi acionada para resolução da AH, envolvendo diversos atores e cenários, devido à necessidade de insumos e apoio direto da própria rede de atenção à saúde (RAS) para continuidade do cuidado.
PERÍODO DE REALIZAÇÃO
De 21/01/2019 a 24/04/2019
OBJETIVO
Relatar a experiência de uma equipe multiprofissional em saúde no processo de alta compartilhada de criança hospitalizada.
RESULTADOS
Observou-se que a EM conseguiu, através de articulações intersetoriais, a aquisição dos insumos e equipamentos necessários para garantir o direito do usuário à continuidade do cuidado após a AH, o que se caracterizava como uma das principais barreiras encontradas na rotina hospitalar. Para isso, durante o período de internação, os acompanhantes receberam orientações e treinamentos relativos aos cuidados do paciente, como aspiração, dieta, uso de medicamentos, entre outros, além de encaminhamentos aos profissionais de saúde que acompanharão a evolução da criança. A família retornou ao seu domicílio após a visita da equipe da atenção básica (AB) ao hospital, sendo a primeira vez que uma ação dessa magnitude ocorreu, consolidando-se como uma alta compartilhada (AC).
APRENDIZADOS
O trabalho da EM, visto como um processo de interdisciplinaridade, instaurou reflexões e demandou a reconsideração dos papéis profissionais. Com isso, o grau de integração entre as disciplinas e as trocas entre distintos especialistas em formação proporcionou a quebra da divisão vertical do trabalho, assim como a superação da inércia burocrática tão presente em instituições públicas. Portanto, a interdisciplinaridade é uma necessidade interna do campo e extremamente necessária, no que se refere ao desenvolvimento de competências para lidar com os desafios do meio, fundamental para o agir profissional.
ANÁLISE CRÍTICA
A AC envolve diversos atores e cenários sociais visando garantir a continuidade do cuidado, de modo que a AB, como política estruturante do sistema, deve ser acionada para a efetivação da transição do cuidado (WEBER et al., 2017). Contudo, a escassez de recursos ainda é um obstáculo e compromete o seguimento terapêutico, caracterizando uma dificuldade de contrarreferência (PEREIRA; MACHADO, 2016). No presente caso, a articulação entre a EM e a equipe de AB do município foi eficaz e primordial para garantia dos insumos necessários na AC, pois permitiu identificar as limitações de recursos e solucioná-las, minimizando o risco de descontinuidade do tratamento. Destaca-se que, durante todo o processo, a articulação da EM configurou uma ruptura do modelo biomédico e fortaleceu a integralidade do cuidado, sendo imprescindível para a endossar a AC.
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