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Grupos Temáticos

30/09/2019 - 15:00 - 16:30
CB-7C - GT 7 - Adoecer por câncer, espiritualidade e velhice no contexto da cronicidade

30724 - A RELAÇÃO COM O OUTRO NO ENFRENTAMENTO DA EXPERIÊNCIA DO C NCER INFANTIL EM SISTEMA NERVOSO CENTRAL: SIGNIFICADOS DE PACIENTES, MÃES E PROFISSIONAIS SOBRE O TRATAMENTO
CLARISSSA CARVALHO FONGARO NARS - UNIFESP, DANTE MARCELLO CLARAMONTE GALLIAN - UNIFESP


Introdução: Por ser uma condição crônica, o câncer exige cuidados complexos, sendo os tumores de Sistema Nervoso Central (SNC), uma das doenças que mais impõe desafios ao seu enfrentamento, pelas transformações geradas no corpo. Embora seja uma doença rara, as taxas de cura do câncer infantil vêm aumentando e, ao se pensar em práticas de Humanização em Saúde, trazer à baila o que os envolvidos no processo têm a dizer sobre esta experiência torna-se de suma relevância. Objetivo: Pretendemos compreender as significações atribuídas à experiência de se ter a vida marcada pelo câncer infantil em SNC, através do entrecruzamento de narrativas de profissionais, mães e pacientes, ao final do tratamento. Metodologia: Em decorrência dos objetivos, para esse estudo (que teve financiamento CAPES), escolhemos a metodologia qualitativa, por favorecer o aparecimento das dimensões do subjetivo e experiencial, já que a utilização de narrativas permitiria a análise singular dos fenômenos. Assim, utilizamos a História Oral de Vida, que parte do princípio de que pela narrativa sobre a história de vida dos colaboradores, através de entrevistas livres, é possível compreender um fenômeno (MEIHY e HOLANDA, 2011). Foram entrevistados nove colaboradores em uma unidade de Oncologia Pediátrica de São Paulo, entre eles pacientes, suas mães e profissionais envolvidos com o tratamento do câncer infantil em SNC. Posteriormente, as narrativas foram interpretadas através da abordagem da imersão/ cristalização de Borkan (2009), baseada no estilo da Fenomenologia Hermenêutica. A categoria analítica utilizada foi referente aos recursos de enfrentamento para lidar com a experiência problematizada no estudo. A interpretação das narrativas foi feita a partir de teorizações da Filosofia da Saúde, principalmente através da autora Jacqueline Lagrée (2002), utilizada também como referencial teórico para apoiar na compreensão do fenômeno. Resultados e Discussão: Com o entrecruzamento das narrativas, foi possível encontrar uma temática central que emergiu dos relatos de todos os colaboradores: a relação com o outro como forma de enfrentamento à experiência do câncer infantil em SNC. Esta relação foi entendida através de pressupostos teóricos de que o doente é considerado uma pessoa e a pessoa é construída justamente a partir da relação com o outro e de vivências singulares. O diálogo é a maneira como tais relações são estabelecidas (Lagrée, 2002). Durante o tratamento, ocorreram importantes encontros entre os diversos envolvidos no processo, que foram fundantes para as relações que se estabelecem no decorrer da experiência e que assim como o tratamento medicamentoso, também foram responsáveis pelo seu sucesso. Nesse sentido, a abordagem da Medicina Centrada na Pessoa fornece subsídio para se pensar as relações estabelecidas no processo do adoecimento, pois existem evidências de que a relação médico-paciente é um fator importante no que se refere a confiança ao profissional, a adesão ao tratamento e a própria cura dos pacientes (BARONIO E PECORA, 2015). Assim, as formas de se relacionar que emergiram como subtemas e deram significado à experiência para todos os colaboradores foram: a relação profissional-paciente, a relação profissional-familiares, as relações de amizade e o saber técnico como discurso mediador dessas relações. Este permeia todas as narrativas e se configura também como uma forma com que a experiência é significada. Embora haja a primazia de tal discurso, chama atenção que este é posto em xeque em alguns momentos, o que nos faz considerar que o aspecto relacional e humano ganha destaque como forma de enfrentar o tratamento. Considerações Finais: A relação com o outro constitui um pilar fundamental de sustentação do tratamento oncológico infantil em SNC e figura como importante recurso de enfrentamento para lidar com o tratamento, ao se considerar as significações em comum de pacientes, pais e profissionais para o atravessamento da experiência do câncer infantil em SNC. A ênfase dada pelos colaboradores ao aspecto humano durante o tratamento nos faz considerar que, para além da indiscutível importância do protocolo médico para o sucesso do tratamento, a relação com o outro se configurou como recurso tão importante quanto, no alcance da cura. Para além da relação entre profissional-paciente e profissional-pais, já consagrados pela literatura, o encontro entre profissional e seus familiares e as relações de amizade despontaram com originalidade nesta pesquisa, o que foi propiciado pela metodologia História Oral de Vida. Assim, a relação dialógica com o outro, para além da relação de cuidado profissional, vai ao encontro de uma proposta que leva em conta o humano durante o tratamento oncológico, contribuindo para as discussões acerca da Humanização em Saúde. Isto pode colaborar no desenvolvimento de estratégias para o cuidado complexo do câncer infantil.

local do evento

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