30/09/2019 - 15:00 - 16:30 CB-7C - GT 7 - Adoecer por câncer, espiritualidade e velhice no contexto da cronicidade |
31315 - O MANEJO DE EFEITOS COLATERAIS DA TERAPIA ANTINEOPLÁSICA ATRAVÉS DA FITOTERAPIA POR SOBREVIVENTES DE CÂNCER DE MAMA VALÉRIA MENDES BEZERRA - UECE - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ, MARIA LUCILA MAGALHÃES RODRIGUES - UECE - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ, HELENA ALVES DE SAMPAIO - UECE - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ, ELIANE MARA VIANA HENRIQUES - UECE - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ, FRANCISCA VILMA DE OLIVEIRA - UECE - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ, ANTÔNIO AUGUSTO FERREIRA CARIOCA - UECE - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ, SORAIA PINHEIRO MACHADO - UECE - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ, PATRÍCIA CANDIDO ALVES - UECE - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
Introdução:
O câncer de mama é o tipo de neoplasia que mais atinge as mulheres no mundo todo. No Brasil, espera-se que entre os anos de 2018-2019, ocorram 60 mil novos casos de neoplasia mamária em mulheres (INCA, 2018).
A medicina alternativa e complementar é um conjunto de cuidados, práticas e produtos que não fazem parte do tratamento convencional. No mundo todo, entre os paciente com câncer, os com câncer de mama são os que mais fazem uso delas, principalmente, o uso de produtos naturais. São utilizadas na recuperação e cicatrização, fortalecimento do sistema imune e redução dos efeitos colaterais do tratamento convencional (SÁRVÁRY, 2019).
No Brasil, o Ministério da Saúde (MS), criou, através da Portaria nº 971 GM/MS em 03/05/2006, o Programa Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), que engloba 29 modalidades. A fitoterapia faz parte das PIC e é uma forma terapêutica caracterizada pelo uso de plantas medicinais em suas diversas formas farmacêuticas, para a prevenção e/ou tratamento de doenças (BRASIL, 2006).
Desse modo, o objetivo desse estudo é identificar a utilização da fitoterapia por sobreviventes do câncer de mama.
Metodologia:
Trata-se de um estudo analítico, com abordagem quantitativa, realizado em mulheres com câncer de mama, atendidas em uma Instituição de referência, localizada na cidade de Fortaleza, Ceará, Brasil. O mesmo é um recorte de um estudo multicêntrico, vinculado a Universidade Federal de Goiás, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos desta Instituição, CAAE 59485816.9.1001.5078.
A amostra foi composta de 203 mulheres sobreviventes de câncer de mama, sendo entrevistadas no período de março a novembro de 2017. Foram incluídas mulheres portadoras da doença, que não tivessem câncer em outro sítio anatômico e que demostrassem condições de responder ao instrumento de coleta de dados. Utilizou-se um questionário semi-estruturado onde estavam inseridas perguntas sobre a utilização de práticas integrativas e complementares.
Os dados foram tabulados para apresentação em frequências simples e percentual. Os fitoterápicos utilizados foram avaliados em relação à existência de publicações tanto de respaldo à sua utilização, como de descrição de riscos envolvidos com tal utilização.
Resultados e Discussão:
Verifica-se que as práticas do uso de plantas medicinais são comuns por sobreviventes de câncer. Dentre as 203 mulheres entrevistadas, 145 (71,4%) acreditavam na ação das PIC no organismo e 108 (53,2%) fazia uso de algum tipo de PIC. No mundo, cerca de 35-47% de indivíduos com câncer usam práticas alternativas e complementares, sendo as sobreviventes de câncer de mama as maiores usuárias. (GREENLEE et al., 2014).
As plantas mais citadas pelas mulheres foram, principalmente, a folha de graviola (36,74%), a camomila (13,27%) e a folha da babosa (13,27%).
De acordo com Vasquez (2014), a folha de graviola (Annona muricata L.) é utilizada quando ocorre um caso de inflamação ou mal-estar. Gavamukulya et al. (2017), os estudos in vivo mostraram ação anti-inflamatória, imunomoduladora, anti-depressiva, cicatrizante e anti-câncer. Caetano et al. (2018) cita que esta planta atua na melhora da imunidade e da qualidade de vida.
Al‑Dabbagh et al. (2019) mostra que efeitos evidenciados na literatura, indicam que a camomila (Matricaria chamomilla) possui efeito anti-inflamatório, antioxidante, anti-câncer e antialérgico, além de poder melhorar a função cardíaca.
Segundo Dell’Antônio (2016), estudos tem evidenciado os efeitos da folha da babosa (Aloe Vera), detectando-se poder antisséptico, antitumoral, anti-inflamatório, antioxidante, imunoregulador e detoxificante.
Alves e Caes (2015) destacam que, na maioria das vezes, as PIC são exploradas para auxiliar a melhora dos efeitos colaterais. No presente estudo, as mulheres apresentaram justificativas para a utilização das plantas, às vezes mais de uma, como “Sente-se melhor/bem”, “Alivia dores/sintomas”, “Ajuda no tratamento”, “Acalma/traz tranquilidade” e “Não melhora”. A justificativa mais frequente foi relativa a sentir-se bem ou melhor. Madeiro e Lima (2015) destacam que é essencial que os profissionais de saúde conheçam as plantas utilizadas pela população, a fim de identificar benefícios e riscos potenciais, orientando melhor o uso destas práticas.
Conclusão:
A fitoterapia é bastante utilizada pelas pacientes sobreviventes do câncer de mama entrevistadas, como uma estratégia de melhorar sintomas. Contudo, apenas a babosa, está incluída na lista de fitoterápicos a serem recomendados no SUS. É importante que estudos semelhantes a este sejam realizados, no sentido de identificar quais as plantas mais utilizadas pela população e que efeitos são percebidos no processo adjuvante terapêutico. Desta forma, irá se criando, aos poucos, respaldo para inclusão ou não de determinadas plantas na lista daquelas reconhecidas pelo Ministério da Saúde como fitoterápicos em oncologia.
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