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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 15:00 - 16:30
EO-7C - GT 7 - Saúde Mental, estigmas e intersecções nos adoecimentos de longa duração

30059 - O FENÔMENO DA “ESTETIZAÇÃO DA SAÚDE” NO CONTEXTO DAS TRANSFORMAÇÕES SOCIETÁRIAS: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE SUAS DETERMINAÇÕES
CAMILA RACHEL LIRA SILVA - UFPE, KATHLEEN ELANE LEAL VASCONCELOS - UEPB


INTRODUÇÃO
O processo de valorização dos parâmetros estéticos enquanto definidores de saúde - denominado por Ferreira (2015) de “Estetização da Saúde” - vem ganhando força na sociedade atual. Esse fenômeno cultural se evidencia numa pressão social pela busca da saúde através da realização de atividades físicas, dietas, procedimentos estéticos, traduzidas na busca pelo “estilo de vida” saudável e fitness. Diante da relevância desse processo na contemporaneidade, constata-se a necessidade de entender as múltiplas determinações de sua emergência e espraiamento. No entanto, geralmente as discussões sobre o corpo – e sua relação com a saúde – trazem consigo preocupações teóricas que não tem convergido para as questões mais amplas da vida social, angulação teórica que se busca adotar neste trabalho. Assim, a questão norteadora desse estudo foi: que condições socioeconômicas e culturais permitiram a emersão e ampla divulgação da “estetização da saúde”?

OBJETIVO
Analisar a estetização da saúde, buscando situá-la no contexto de relações que constituem a sociedade capitalista, à luz da perspectiva da totalidade.

METODOLOGIA
A investigação consistiu num ensaio teórico que, conforme Severino (2007), é um tipo de estudo formal, discursivo e concludente, a partir de uma exposição lógica e reflexiva.
RESULTADOS
A partir do estudo realizado, observou-se que, distante de ser um fenômeno isolado, meramente cultural ou sanitário, a “estetização da saúde” está intimamente relacionada ao processo de transformações societárias ocorridas no capitalismo tardio. A primeira transformação que se destaca e está associada ao processo investigado é a emersão do discurso neoliberal, no cenário dos anos 1970, marcados por uma forte crise do capital, que preconiza a “necessidade” de enxugamento do Estado no âmbito das políticas sociais: em lugar de assegurar direitos sociais universais, estas deveriam ser direcionadas aos setores mais pauperizados da sociedade, num processo que delega aos indivíduos a responsabilidade por sua condição social e a busca da promoção de seu bem-estar via mercado. A segunda modificação abrange a ascensão do ideário pós-moderno que, de modo geral, diz respeito ao fortalecimento de valores próprios do capital e que tem se tornado referência na sociedade atual: a imediaticidade da vida social, o individualismo e a ênfase na aparência. Não por acaso, no período em tela se fortalece um terceiro processo que tem íntima relação com a estetização da saúde, que é o “mercado da saúde” (ou do “bem-estar”), que passa a disseminar uma “paixão pela forma”, envolvendo desde regimes alimentares, cirurgias estéticas, até diferentes tipos de ginásticas, entre outros. Outro elemento de destaque associado a esse fenômeno se refere ao crescente papel das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no perfil de morbimortalidade das populações. Neste contexto, a epidemiologia dos “fatores de risco” teria o papel de identificar os “fatores” relacionados ao surgimento das patologias, que estariam associados especialmente à alimentação e ao sedentarismo, sendo este último visto como um mal (como doença), e a atividade física como o remédio. É, portanto, no interior desse caldo socioeconômico e cultural que se pode pensar a relação entre saúde e estética, num processo que culpabiliza o indivíduo por sua condição de saúde, sem levar em consideração questões objetivas como suas condições de vida e de trabalho, o papel do Estado na regulamentação dos alimentos e propagandas comerciais, a violência urbana, entre outros. Não obstante, o discurso do estilo de vida saudável e ativo ganha cada vez mais destaque na cultura do consumo de “saúde” e a estética se miscigena na construção da percepção da saúde e do que é considerado saudável, alimentando inclusive a expansão de problemas de saúde mental, como anorexia, bulimia, etc.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Coetaneamente, verifica-se a ampla difusão da estetização da saúde, que tem impregnado o cotidiano dos indivíduos e alimentado a “necessidade” dos sujeitos adotarem um estilo de vida “saudável”. As determinações para o surgimento e espraiamento desse fenômeno estão estreitamente relacionadas aos processos econômicos e culturais da fase atual do capitalismo, os quais estabelecem padrões de saúde e beleza a serem seguidos, cada vez mais associados ao culto ao corpo, ao narcisismo, ao individualismo.

REFERÊNCIAS

SEVERINO, A.J. Metodologia do trabalho científico. SP, Cortez, 2007.

FERREIRA, F.R. A estetização da saúde. In: BAGRICHEVSKY, M; ESTEVÃO, A. (orgs).  Saúde coletiva: dialogando sobre interfaces temáticas. Ilhéus, Ba: Editus, 2015. 

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

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