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Grupos Temáticos

28/09/2019 - 13:30 - 15:00
P-11 - GT 11 - Painel de Abertura- Descolonizar e reinventar a Saúde Coletiva

29847 - ARTICULANDO ECOLOGIAS, EPISTEMOLOGIAS E PROMOÇÃO EMANCIPATÓRIA DA SAÚDE: A PROPOSTA DO NEEPES
MARCELO FIRPO PORTO - NEEPES/ENSP/FIOCRUZ, MARINA TARNOWSKI FASANELLO - NEEPES/ENSP/FIOCRUZ, DIOGO FERREIRA DA ROCHA - NEEPES/ENSP/FIOCRUZ


GT 11 Descolonizar

Introdução e Objetivos

O trabalho apresenta os referenciais teórico-metodológicos da criação do Núcleo Ecologias, Epistemologias e Promoção Emancipatória da Saúde (Neepes), fundado em 2018 no âmbito da ENSP/Fiocruz. Trata-se de um Núcleo de Pesquisa, Formação e Extensão baseado em uma estrutura flexível, em parceria com vários departamentos, laboratórios e unidades, com o principal objetivo de discutir contribuições conceituais e metodológicas para compreender e enfrentar as crises social, ecológica e sanitária. Nesse sentido, o Neepes assume a centralidade da dimensão epistemológica para fortalecer o potencial emancipatório da Saúde Coletiva.
Para isso, o Neepes busca desenvolver conhecimentos interdisciplinares a partir de metodologias colaborativas sensíveis e diálogos interculturais que apoiem as lutas sociais por saúde, dignidade e direitos territoriais nas cidades, campos, florestas e águas.

Metodologia e Resultados

Em termos teórico-metodológicos, a proposta do Neepes pode ser entendida a partir de duas dimensões que se articulam e estruturam nossa concepção de Promoção Emancipatória da Saúde (1).
Em termos teóricos, busca-se articular quatro dimensões de justiça: social, sanitária, ambiental e cognitiva a partir de contribuições de três campos do conhecimento: a saúde coletiva, a ecologia política (2) e as abordagens pós-coloniais, em especial as Epistemologias do Sul (EdS) (3). As justiças social e sanitária são fundantes da Medicina Social Latino-americana e da Saúde Coletiva, tendo por horizonte teorias como a da determinação social da saúde e dos estudos sobre os impactos das desigualdades sociais e iniquidades em saúde. A justiça ambiental é central para a Ecologia Política, que atualiza a Economia Política para pensar a crise ecológica frente ao capitalismo contemporâneo e seus impactos territoriais e globais. Por fim, as abordagens pós-coloniais, em especial as EdS, que expressa a obra de Boaventura de Sousa Santos e propõe a justiça cognitiva como condição para a construção de caminhos alternativos para a emancipação social. As EdS buscam avançar na compreensão articulada entre capitalismo, colonialismo e patriarcado que geram exclusões radicais através de um pensamento abissal que invisibiliza, despreza e aniquila saberes, direitos e modos de vida de inúmeros povos do Sul Global (como indígenas, quilombolas, camponeses e pobres das periferias urbanas), ou grupos sociais como mulheres e as populações LGBTI.
Em termos metodológicos, o Neepes busca incorporar, (re)conhecer os critérios de validação e articular epistemologicamente múltiplas linguagens e narrativas científicas, artísticas, poético-musicais e populares que integram razão e afeto. A ideia é o desenvolvimento de abordagens teórico-poéticas e metodologias colaborativas sensíveis não extrativistas (4) que permitam o “corazonar” como base para encontros interdisciplinares e interculturais envolvendo academia, comunidades e movimentos sociais na construção de práticas mais éticas, sensíveis e sábias dentro da academia.

Considerações

A proposta do Neepes traz diversas contribuições para pensar a descolonização e reinvenção da Saúde Coletiva. Possui como importantes campos empíricos diversas experiências de cooperação com movimentos sociais, os casos sistematizados através do projeto “Mapa de Conflitos Envolvendo Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil”, além das discussões realizadas no âmbito de disciplinas de pós-graduação como “A Saúde Coletiva em Diálogo com as Epistemologias do Sul”, em colaboração com o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.

Notas

(1) Sobre a noção de promoção emancipatória ver os artigos:
Emancipatory promotion of health: contributions from Brazil in the context of the Global South
Comunidades ampliadas de pesquisa ação como dispositivos para uma promoção emancipatória da saúde: bases conceituais e metodológicas.
Saúde e ambiente na favela: reflexões para uma promoção emancipatória da saúde.

(2) O livro e o artigo abaixo fazem a conexão entre Saúde Coletiva e a Ecologia Política.
Saúde como Dignidade: riscos, saúde e mobilizações por justiça ambiental.
Ecologia política, economia ecológica e saúde coletiva: interfaces para a sustentabilidade do desenvolvimento e para a promoção da saúde.

(3) O livro Epistemologias do Sul, organizado por Boaventura de Sousa Santos e Maria Paula Menezes, apresenta uma ampla visão sobre essa abordagem, considerada por Boaventura como uma "alternativa de alternativas".
Já o artigo abaixo faz a conexão entre as Epistemologias do Sul e a Saúde Coletiva.
Pode a Vigilância em Saúde ser emancipatória? Um pensamento alternativo de alternativas em tempos de crise.

(4) Ver o artigo.
Metodologias colaborativas não extrativistas e comunicação: articulando criativamente saberes e sentidos para a emancipação social.

(5) Todos os artigos e livros anteriores, com exceção do livro em (3), podem ser obtidos no portal http://neepes.ensp.fiocruz.br/ .

local do evento

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