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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-11C - GT 11 - Políticas públicas de saúde e experiências de atenção, cuidado e cura

31571 - SAÚDE INDÍGENA E MULTIMORBIDADE, O PROCESSO DE EMPODERAMENTO DOS POTYGUARA
MARIA DO SOCORRO LITAIFF RODRIGUES DANTAS - UECE, ANDREA CAPRARA - UECE, ELIANE MARA VIANA HENRIQUES - UECE


INTRODUÇÃO: Empoderamento como polissêmico teve crescente visibilidade a partir dos anos 1990, relacionado aos movimentos que buscam afirmar o direito de cidadania sobre distintas esferas sociais, dentre as quais a da saúde. Foi influenciado na década de 1970 pelos movimentos de auto ajuda pela psicologia comunitária no movimento feminista e na ideologia da ação social nas sociedades do primeiro mundo, a partir dos anos 1950. Tem assumido significações que se referem ao desenvolvimento de potencialidades e ao aumento de informação e percepção. Assim, tem como objetivo aumentar o poder da autonomia pessoal e coletiva de indivíduos e grupos sociais, nas relações interpessoais e institucionais, essencialmente daqueles submetidos a relações de opressão, discriminação e dominação social com o objetivo de que exista uma participação real e simbólica que possibilite a democracia.
O “olho no olho” é descrito como elo para a personalização do cuidado empoderador, envolvendo o sujeito, o profissional e a família em todas as decisões e ações construídas para o cuidado de si. O empoderamento é uma ferramenta tecnológica para o cuidado de si, através do acolhimento, acessibilidade à informação. O conhecimento, o respeito, o vínculo, a identidade e a responsabilidade são apontados como traços principais na compreensão das interações entre profissionais de saúde, pacientes e familiares. As autoras se utilizaram de estratégias singulares de explicação do comportamento do corpo, tais como tarjetas, anotações com orientação conjunta aos familiares e especialmente até mesmo no próprio lar do paciente.
OBJETIVOS: Analisar os casos de multimorbidade e o processo de empoderamento junto à comunidade indígena Potyguara, através da descrição da organização da atenção, identificação dos casos, compreensão a percepção das pessoas adoecidas e desenvolver instrumentos e ferramentas com a comunidade para o empoderamento das pessoas com multimorbidade, com foco nas ações de promoção da saúde, prevenção e cuidados com foco no estímulo ao autocuidado com inserção e participação social.
METODOLOGIA: Elaboração conjunta de uma cartilha para o acompanhamento de pacientes indígenas com multimorbidade, durante o ano de 2018. No processo de elaboração, foram realizadas rodas de conversas nas aldeias indígenas e oficinas com profissionais de saúde e a própria comunidade indígena, principalmente lideranças, pajés e benzedeiras, no sentido de elencar os aspectos necessários para a compreensão da mesma pelos usuários. Ademais, as próprias pesquisas indígenas apresentaram elementos figurativos e termos coloquiais que auxiliaram na construção da mesma. Além dos registros de atendimentos realizados pelos profissionais da Equipe multidisciplinar de Saúde Indígena, na cartilha constam as práticas da medicina tradicional indígena. Com isso, se tem um registro dos dois tipos de terapias.
RESULTADOS: Esse movimento ocasionou grande inquietude na comunidade que observava de perto que as mudanças no cotidiano das pessoas com “muitas doenças num corpo só” (foi como renomearam o termo multimorbidade) se empoderando do cuidado de si e coletivo, indissociadamente. Elaboração de uma cartilha específica para o cuidado do paciente Potyguara com multimorbidade.
DISCUSSÃO: O movimento da comunidade foi marcado pela oportunização e convergência das práticas tradicionais de tratamento de doenças relações sociais, tendo a saúde como um resultado das relações com a natureza, da cosmologia, da organização social, e do exercício do poder relacionando as práticas de alimentação como promotores de saúde em comunidade. Ficou bem caracterizada a preocupação da comunidade em demonstrar seus conhecimentos, enfatizado e representado nas cartilhas.Esse registro acessado por esta abordagem e sob o olhar cuidadoso e prévio pelos profissionais, da vida do paciente, na perspectiva de que suas práticas tradicionais de cura como elemento favorável em seu tratamento, permitia a abertura do discurso dos pacientes; deixando mais compreensível para si mesmo a percepção e a convergência de opiniões de que uma alimentação mais natural, oriunda de alimentos produzidos na própria comunidade, promovem sua saúde e previnem o adoecimento principalmente e até mesmo daqueles familiares que ainda não tinham a doença e que desde criança, como um princípio válido para todos, todo o tempo e durante toda a vida poderiam usufruir dessa alimentação de modo a viver bem e não adoecer por essas doenças trazidas pelo não-índio e que não são curadas pelas curas tradicionais na perspectiva da doença como experiência, a doença é vista como um processo construído através dos processos socioculturais.
CONCLUSÃO: O empoderamento dos Potyguara no acompanhamento da multimorbidade, das "muitas doenças num corpo só" é marcado pela convivência cultura-vida-saúde, indissociadamente.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

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