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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 15:00 - 16:30
EO-11E - GT 11 - Políticas públicas de saúde e experiências de atenção, cuidado e cura

31018 - CLÍNICA (IN)COMUM: EXPERIÊNCIAS E CARTOGRAFIAS DO TRABALHO E CUIDADO EM SAÚDE EM PSICOLOGIA NO AMBITO DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
RUI TEIXEIRA LIMA JUNIOR - ISC/UFF, TÚLIO BATISTA FRANCO - ISC/UFF


É possível destacar a importância do trabalho em psicologia nas políticas públicas, tanto no nível setorial quanto intersetorial, em especial na saúde pública, quando nos ocupamos com a construção e ampliação da Atenção Básica (AB). A estratégia da formação de redes de cuidado, através do trabalho compartilhado, emerge como aposta para o manejo das intervenções, ao passo que coloca em xeque as formas e modos de atuação em psicologia dentro dos moldes clássicos, fazendo-se necessária a compreensão dos modos pelos quais essas articulações, bem como as possibilidades de agenciamentos entre os distintos órgãos públicos e suas respectivas políticas, escapem aos padrões individualizantes.
É no processo de desconstrução do paradigma hegemônico do trabalho e cuidado em saúde que se busca diálogo com outras políticas públicas, construindo pontes intersetoriais. O funcionamento azeitado da AB, via Estratégia Saúde da Família (ESF), pode vir a fortalecer o trabalho e cuidado em saúde num conjunto ampliado de ações, noções e práticas em saúde. Nesse sentido, em detrimento de questionamentos acerca das verdades e normalizações sobre concepções e modelos de ‘corpo‘, saúde, doença, ou ainda, ‘representar‘ a realidade (das narrativas sociais, coletivas, antropológicas e etc.), questionamos quais políticas, modos de vida, essas ditas ‘verdades‘ em conteúdo e concepção produzem e reproduzem. Ainda, quais forças (ativas, reativas) operam tal perspectiva, tal modelo e, a quais interesses atendem e o que elas produzem?
A proposta de inserção de profissionais de psicologia nas políticas públicas é recente, sendo o campo da saúde pública um dos cenários de experimentação na atuação, características que indicam os desafios de um modelo em construção, não havendo clareza quanto a produção de uma dita ‘clínica’.
Por se tratar de uma proposta ministerial com pouco mais de uma década - a Portaria MS/GM nº154 de 24 de janeiro de 2008 normatiza o Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF) - carecemos de produção de conhecimento nessa área. Desse modo, esta pesquisa auxiliará na amplificação no campo de conhecimento das interfaces das práticas em psicologia nas políticas públicas, em especial na AB/ESF/NASF. Essas são problematizações acerca das possibilidades de fissuras nos velhos moldes do agir em psicologia, em especial no âmbito da saúde e da produção de uma dita clínica tradicional.
Esta investigação, com financiamento CAPES/CNPq, tem como objetivo refletir, a partir de experiências de atuação profissional em psicologia no NASF, aos processos e atravessamentos biopolíticos e de subjetivação imanentes aos processos de trabalho e cuidado em saúde através do NASF em um munícipio de grande porte. Ainda, descrever os contextos territoriais e institucionais de trabalho no NASF/AB.
A partir das contribuições dos estudos decoloniais, da filosofia da diferença, pesquisas cartográficas e autoetnográficas, estudos acerca da memória e experiência, essa pesquisa opera na vizinhança dos estudos em autores como Michel Foucault, Mercedes Blanco, Renato Rosaldo, Achille Mbembe, Henri Bergson e Suely Rolnik. Desse modo, a presente investigação fará uso da produção de fragmentos discursivos autoetnográficos denominados memórias-narrativas como analisadores aos processos de trabalho e cuidado em saúde, no âmbito da atuação em psicologia lotado no NASF. Assim, no processo de elaboração, ressignificação e [re]visitação às experiências de atuação profissional, será possível refletir aos processo de produção das práticas do trabalho e cuidado em saúde.
A experiência é um processo singular produzido socialmente por meio das interações intersubjetiva, culturais, políticas e econômicas. A partir de estudos etimológicos, encontraremos que experiência deriva do latim experiri, que indica os processos de “provar” e “sentir” e, no extremo, aquilo que ‘nos acontece’ em determinada relação. Ainda, periri, o radical que compõe a herança do latim, situa-se na vizinhança de periculum, ou seja, perigo. Assim, a experiência produz uma formatação significante para um sensação junto a nossa percepção daquilo que nos é estranho, externo, exílio, ou seja, exterior a nossa existência. Nesse sentido, quando revisitarmos a experiência, assumimos nossa exposição às incertezas e perigos da produção de uma situação e ocasião.
O trabalho e cuidado em saúde na AB para o psicólogo é desafiador e heterogêneo, visto a multiplicidade e diversidade de cenários de atuação e características territoriais, tanto quanto se toma como parâmetro a proposição de uma política nacional ou quando nos ocupamos da experimentação da execução municipal: os territórios constituem-se entre blocos singularizantes e blocos totalizantes.
Compreender os processos de formação e formatação no contexto do trabalho e cuidado em saúde, operacionalizado via AB/ESF/NASF, em um município de grande porte contribuirá com os entendimentos das potencialidades e desafios para a efetivação do Sistema Único de Saúde.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

A Universidade Federal da Paraíba é reconhecida pela sua excelência no ensino e em pesquisas tecnológicas e, atualmente, encontra-se entre as melhores Universidades da América Latina.

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