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Grupos Temáticos

29/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-11B - GT 11 - Fronteiras epistemológicas e teórico-metodológicas

30137 - SAÚDE E AGROECOLOGIA: NARRATIVAS E DIÁLOGOS POSSÍVEIS
LORENA PORTELA SOARES - ENSP/FIOCRUZ, ROSELY ALMEIDA DE OLIVEIRA - ENSP/FIOCRUZ, DANIELLE RIBEIRO DE MORAES - ENSP/FIOCRUZ


Apresentação
Esta pesquisa encontra-se em fase de desenvolvimento enquanto projeto do Programa de Mestrado em Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, na Fundação Oswaldo Cruz.

Introdução
Sobretudo nas últimas duas décadas a agroecologia tem sido um objeto no campo da saúde. Reconhecendo a saúde coletiva e a agroecologia como campos do conhecimento cuja produção científica é influenciada e exprime determinada configuração sociopolítica e acadêmica, é importante compreender quais são as narrativas sobre agroecologia dentro da saúde coletiva.

Objetivos
(1) conhecer como o campo da saúde coletiva se apropria de conceitos da agroecologia e em que medida essa apropriação se aproxima e se distancia do campo original e das demandas dos movimentos sociais ligados a este tema;
(2) identificar como os campos têm abordado a questão da produção do conhecimento na agricultura familiar camponesa;
(3) discutir limites e possibilidades de uma integração entre a saúde coletiva e o campo da agroecologia, tendo em vista os modelos de saúde coletiva vigentes.

Metodologia:
O método escolhido para investigação foi revisão sistemática e análise de conteúdo. Levantamento bibliográfico preliminar foi realizado entre junho e outubro de 2018 nas bases de dados BVS e Scielo, chegando a 18 artigos. Em uma leitura ainda exploratória, identificou-se conflitos nas diferentes abordagens que associam agroecologia e saúde e ideias principais e significados gerais para as noções de segurança/soberania alimentar, agrotóxicos, produção do conhecimento, promoção da saúde, determinação social do processo saúde-doença.

A partir de questões norteadoras foram definidas unidades de significados (chaves interpretativas) para estranhar as narrativas produzidas pela saúde coletiva. Na etapa posterior, esses conteúdos serão comparados com bibliografia de referência do campo da agroecologia, documentos institucionais e relatos de experiências autoetnográficas (junto a agricultores familiares em transição agroflorestal em diferentes territórios no país).


Discussão

Nas leituras ainda exploratórias identificou-se que alguns conceitos importantes da agroecologia não são abordados ou vêm sendo apropriados de maneira reducionista, o que apaga contradições internas da agroecologia enquanto campo também de disputas epistemológicas.

Para compreender esse processo, parte-se da problematização da noção moderna fragmentada de natureza e cultura, fundante do campo da saúde pública e da agricultura. Em seguida propõe-se abordagens relacionais de natureza e cultura, fornecidas pelas epistemologias ecológicas e pela educação popular, para pensar a produção do conhecimento desde uma perspectiva complexa.

De forma mais radical que a saúde coletiva, a agroecologia se estrutura como campo que propõe o diálogo a ciência convencional e conhecimentos “ancestrais”, “tradicionais”, “locais”. Isto restitui a centralidade da experiência direta e do convívio entre os sujeitos nos processos de produção do conhecimento.

Para Maturana (1) é no tensionamento de interesses, originário dessa diversidade de conhecimentos/conhecedores, ora conflitantante, ora solidário, que está o dinamismo da construção de conhecimentos. Entendendo a produção partilhada do conhecimento como processo criativo produção da própria vida, afirma-se que na experiência dialógica das relações é que se localizam as possibilidades de transformação social e ambiental.

Esta noção é utilizada para compreender, de um lado, a partilha de saberes entre agricultores familiares camponeses em transição para sistemas agroecológicos e; do outro lado, para olhar os distintos interesses que integram os campos da saúde e da agroecologia. é a partir das convergências e divergências emergentes que sujeitos e grupos engajados com o movimento agroecológico são levados a problematizar uma narrativa dominante, produzindo tensionamentos e fornecendo novos elementos que podem aprofundar o debate.

Considerações finais
Nas transições para sistemas agroecológicos protagonizados pela agricultura familiar camponesa, a cooperação e a reunião para o trabalho coletivo produzem conhecimentos em relações que fogem à lógica neoliberal e por isso entendidas duplamente como resistência e caminho para emancipação.
Também pode fazer parte deste caminho a abertura à potencialidades de diálogos entre os campos da saúde e da agroecologia, sobretudo no atual período em que cresce a necessidade de expor nossa implicação política na produção científica. Dessa forma, uma interface fundamental entre agroecologia e saúde coletiva está no engajamento em processos emancipatórios.
Na ocasião do congresso será acrescida à apresentação avanços e primeiros resultados do estudo realizados até então.

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(1)MATURANA, H. R. Emoções e linguagem na educação e na política. 4. ed. Belo Horizonte: UFMG, 2002.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

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