29/09/2019 - 13:30 - 15:00 EO-11B - GT 11 - Fronteiras epistemológicas e teórico-metodológicas |
30418 - EDUCAÇÃO EM SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA NO SUS: UM ESTUDO A PARTIR DA EDUCAÇÃO POPULAR E DA TEORIA DA AFROCENTRICIDADE. JOSÉ CARLOS DA SILVA - UFPE, VILDE GOMES MENEZES - UFPE, MARIA DA CONCEIÇÃO REIS - UFPE
Introdução: O presente estudo tem sua base nos campos das Ciências da Educação e da Saúde Coletiva. Tem o objetivo de compreender a concepção de educação em saúde desenvolvida junto à população negra no Sistema Único de Saúde Brasileiro (SUS). Fundamenta – se num diálogo entre a educação popular em saúde e o pensamento afrocêntrico. Apoia – se na metodologia de pesquisa qualitativa de cunho exploratório. E se justifica pela necessidade no campo da saúde coletiva e a inexistência de estudos similares (BRASIL, 2010). Desde 1988, com a constituição dita cidadã, que a saúde no Brasil passou a ser um direito de cidadania, muitas vezes negada ao povo negro, o que gera iniquidades e injustiças. Isso inclui a dificuldade do acesso aos serviços de saúde e aos processos educativos em saúde. Ao analisarmos o campo da educação em saúde com a população negra no Brasil, percebemos que esta ainda é desenvolvida numa perspectiva biomédica e eurocêntrica, e poucas vezes incorpora os saberes tradicionais do povo negro. Para modificar esse cenário é necessário desenvolver processos de educação em saúde no Sistema Único de Saúde (SUS) como uma possibilidade (não a única) de produzir conhecimento a partir da valorização dos conhecimentos dos povos africanos, e que seja entendida como um processo de produção do saber, que se faça no diálogo de saberes (FREIRE, 2002). Acredita - se que a educação em saúde com o povo negro possa ser compreendida como um processo de construção coletiva de uma consciência crítica para uma vida saudável. Partindo da premissa acima exposta, haveremos de entender que a educação em saúde com a população negra ainda é desenvolvida na perspectiva da educação verticalizada, que se sustenta na ideia de transmitir conceitos de doenças, com pouca reflexão sobre a realidade (FREIRE, 2002; SILVA, 2006). Esse pensamento reforça a concepção de educação bancária, buscando esclarecer como esse tipo de educação colabora na normatização de condutas junto à população negra. É importante evidenciar o racismo na concepção de que os principais problemas de saúde tem origem na ignorância do povo do povo negro e sua má índole, juntamente com a educação bancária(FREIRE, 2002¸ JR, 2011, FANON, 2008). Nossa proposição para o campo da educação em saúde da população negra, se inspira no paradigma civilizatório negro-africano, a partir do ‘paradigma afrocêntrico’ proposto por Mazama (2009), Rabaka (2009) e Asante (2009). Assim, busca – se no paradigma da afrocentricidade uma perspectiva teórica que pode inovar o campo da educação em saúde para a população negra, e assim, possa apontar caminhos na produção uma concepção de educação em saúde, voltada para a população negra, partindo dos povos africanos Assante (ASANTE, 2009; NASCIMENTO, 2009). Objetivos: Analisar atividades de educação em saúde voltados para a população negra ofertados no SUS, buscando a influência da população negra na construção da Política Integral de Atenção à Saúde da População Negra. Metodologia: Trata-se de uma estudo de cunho qualitativo, do tipo exploratório e descritivo, sendo o nosso estudo, voltada para análise da educação em saúde considerando os saberes do povo negro. Realizar-se-á análise de documentos oficiais relativos aos processos educativos sobre saúde da população negra. Também será feita revisão integrativa da literatura da fundamentação teórica. Também serão realizadas coleta de dados nos sistemas de informações do SUS, e entrevista semiestruturada, produção de relatórios de pesquisa, análise de dados à luz da análise de discurso e a produção de tese. Resultados e Discussões: O projeto está em sua fase inicial, e temos a consciência de que não podemos falar de resultados alcançados. Por outro lado, é salutar falarmos de resultados pretendidos. Almejamos produzir uma análise acerca dos processos de educação em saúde com a população negra no Brasil com a produção de um artigo de revisão integrativa, bem como um relatório de pesquisa de um mapeamento de estratégias de educação em saúde realizadas. A produção de um artigo sobre os avanços da educação em saúde com a população negra no Brasil. Por fim, a produção e a defesa de uma tese acerca da pergunta de pesquisa que versa sobre contribuições do povo negro nos processos de educação em saúde voltados para população negra no SUS. Considerações /Conclusão: Ao considerarmos que o estudo é ainda incipiente, portanto, cabe-nos também apontar a sua potencialidade, afirmando a sua inovação. Cientes da carência de estudos acerca da educação em saúde da população negra no Sistema Único de Saúde Brasileiro (SUS). Afirma – se com isso, o papel da academia da produção do conhecimento voltado para a população negra. Acredita-se que tal estudo, por apresentar uma leitura da realidade no campo da educação em saúde com a população negra, auxiliará na identificação de alternativa Afrocentrada para educação no campo da educação em saúde desenvolvida no SUS.
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