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Grupos Temáticos

28/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-16A - GT 16 - Gênero, Sexualidade e Diversidade Sexual

31518 - DESIGUALDADES DE GÊNERO NO ACESSO DOS ADOLESCENTES À INFORMAÇÃO SOBRE SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA
HENNY LUZ HEREDIA MARTÍNEZ - MINISTERIO DE SALUD DE VENEZUELA, ELIZABETH ARTMANN - ENSP/FIOCRUZ, MARCOS NASCIMENTO - IFF/FIOCRUZ


Apresentação: na agenda da saúde global, o alcance do acesso equitativo para os adolescentes é um tema prioritário. Os desafios passam por compreender, entre outros, a existência da adolescência como construções sociais; os adolescentes como sujeitos de direitos; a natureza socializada da atenção em saúde; o acesso como um processo relacional; a influência das normas de gênero que regem as sociedades e da cultura nas práticas dos serviços de saúde.
Objetivos: analisar os fatores que influenciam o acesso à informação sobre saúde sexual e reprodutiva, a partir da perspectiva dos/das adolescentes e profissionais de saúde num estado da Venezuela.
Metodologia: realizaram-se 12 entrevistas com adolescentes e 12 com profissionais, que foram trabalhadas com a Análise de Discurso Crítica de Fairclough. Os resultados estruturaram-se em 3 temas: desigualdades de gênero; estratégias utilizadas pelos adolescentes; contradições/dificuldades dos serviços de saúde.
Resultados e discussão: a produção discursiva de profissionais e adolescentes é fortemente marcada pelas normas de gênero, estereótipos e crenças presentes na sociedade venezuelana. A idade aparece como uma barreira naturalizada e instituída nos serviços de saúde e no arcabouço jurídico-legal; em alguns casos é utilizada para mascarar os reais motivos do não atendimento relacionados com: a não aceitação de que os adolescentes exerçam seu direito de se iniciar sexualmente, com maior discriminação das meninas; os receios dos profissionais de assumir responsabilidades perante os pais/representantes/sociedade; o desconhecimento e limitações para oferecer aconselhamento sobre questões controversas, como homossexualidade, aborto, entre outros. Os adolescentes homossexuais devem fazer um maior esforço no acesso à informação ao ter que procurar os serviços fora de sua área de residência por não confiar no sigilo profissional ou por temor à família. Os amigos e a internet são as fontes privilegiadas pelos adolescentes para obter informação. Por vezes, os adolescentes são vítimas duplas: por um lado os pais podem ser a primeira barreira a ser superada, negando-lhes a possibilidade de ir aos serviços de saúde, sobretudo no caso das meninas, e, por outro, os serviços podem se constituir numa barreira, ao dificultar o acesso especialmente dos grupos mais vulneráveis (meninas e adolescentes homossexuais) ao exigir a presença de um adulto para atendê-los. Tais barreiras reforçam o “sexual double standard”, perpetuando preconceitos machistas de dominação. Há uma geração de adolescentes e profissionais produzindo um discurso que exige um tratamento equitativo independentemente da idade e do gênero do adolescente.
Considerações Finais: A prática nos sistemas de saúde está sendo influenciada pelas normas de gênero que reforçam as desigualdades no acesso dos adolescentes (afetando com maior ênfase às meninas e aos adolescentes homossexuais) aos serviços de saúde e à informação sobre saúde sexual e reprodutiva. Através do discurso dos profissionais e dos adolescentes foi possível captar a brecha social existente nos sistemas de saúde e analisá-los desde uma perspectiva complementar e não oposta. Assim como identificar discursos e práticas distintas, de resiliência que problematizam e combatem ações hegemónicas que reproduzem o “sexual double standard” nos serviços de saúde. Apesar dos grandes desafios para o alcance da equidade no acesso dos adolescentes aos serviços de saúde no contexto venezuelano, exacerbados pela crise económica e social que afeta o país com mais forca desde 2017, acreditamos que é possível desenhar e aplicar estratégias de resiliência (algumas aqui identificadas) que combatam o rol das normas de gênero restritivas como as desigualdades de gênero dentro e fora dos serviços de saúde. Nestas, os adolescentes devem ser verdadeiramente reconhecidos como sujeitos de direitos, na família, na escola, nos sistemas de saúde. As práticas nos serviços de saúde se devem converter em um espaço para reivindicar os direitos que tem esta população ao exercício de uma sexualidade plena e responsável, valorizando as práticas que resistem e problematizam as desigualdades de gênero. O trabalho com os pais é fundamental e aqui o sistema de saúde pode construir e reforçar discursos diferentes ao hegemônico. O empoderamento dos próprios adolescentes é um caminho pouco explorado, mas os discursos dos adolescentes contra a discriminação, o aborto e outros temas, mostram que é possível fazer outras construções com e para eles. Uma vinculação efetiva dos adolescentes com os serviços de saúde é fundamental. Ao garantir a participação dos adolescentes na tomada de decisões sobre: sua saúde, a atenção que recebem, a avaliação dos serviços de saúde, entre outros, se fortalece o protagonismo deles como sujeitos de direitos.
Palavras chaves: Adolescência, Gênero, Serviços de Saúde, Equidade no Acesso aos Serviços de Saúde, Saúde Sexual

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

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