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Grupos Temáticos

30/09/2019 - 13:30 - 15:00
EO-16D - GT 16 - Experiências e políticas de saúde reprodutiva

30297 - PLANEJAMENTO REPRODUTIVO NO BRASIL: AVANÇOS E DESIGUALDADES
MARIANA SANTOS FELISBINO-MENDES - ESCOLA DE ENFERMAGEM, UFMG, RAQUEL ELIAS TRINDADE - ESCOLA DE ENFERMAGEM, UFMG, BÁRBARA BARROZO SIQUEIRA - ESCOLA DE ENFERMAGEM, UFMG, THAYANE FRAGA DE PAULA - ESCOLA DE ENFERMAGEM, UFMG


Introdução: O Brasil apresentou elevada queda em sua fecundidade nas últimas décadas. O indicador de Demanda por Planejamento Familiar Satisfeita do país é o segundo maior da América Latina. No entanto, apesar da redução da taxa de fecundidade ter ocorrido em todo o país, as desigualdades da sociedade brasileira têm um importante impacto na autonomia reprodutiva das mulheres. Metade das brasileiras refere ter gestações não planejadas, sendo que nas diferentes nuances geográficas e socioeconômicas impactam diretamente no acesso a métodos contraceptivos (MC) e a serviços de planejamento reprodutivo. Mesmo diante desse cenário, não existem inquéritos nacionais recentes com informações sobre planejamento reprodutivo e o uso de MC. Em 2006 foi desenvolvida a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS) último inquérito que tratou o planejamento reprodutivo como tema estruturante. Contudo, os estudos que utilizaram dados da PNDS consideraram apenas as mulheres com companheiro para investigar o uso dos MC pela população brasileira. Em 2012, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) inquérito com enfoque em doenças crônicas não transmissíveis abordou o planejamento reprodutivo das mulheres brasileiras e acredita-se que podem ter havido mudanças, sendo pertinente analisar a prevalência do uso e o ranking dos MC segundo as características sociodemográficas, como proposto neste estudo, possibilitando investigar diferenças importantes no planejamento reprodutivo das mulheres brasileiras independente de seu estado civil.
Objetivos: Estimar a prevalência do uso dos MC, de acordo com as variáveis sociodemográficas entre as mulheres brasileiras em idade reprodutiva.
Métodos: Trata-se de um estudo transversal de base populacional que utilizou dados secundários da PNS de 2013. Foram entrevistadas 60.202 pessoas com mais de 18 anos. Dessas, 34.282 eram mulheres, sendo que 22.621 estavam em idade reprodutiva (18 a 49 anos). Foram excluídas mulheres que relataram não menstruar (n= 998) e não ter relações sexuais nos últimos 12 meses (n=3.155), totalizando 17.809 mulheres estudadas. Utilizamos como variáveis dependentes os métodos contraceptivos e independentes as características sociodemográficas. Por meio do programa estatístico Stata, versão 15.0 e os comandos do módulo survey, estimou-se para cada prevalência intervalos de 95% de confiança (IC95%). Aplicou-se teste qui-quadrado de Pearson com um nível de significância de 5% (p < 0,05).
Resultados: Das 17.809 mulheres de 18 a 49 anos, que menstruam e são sexualmente ativas, 17,6% afirmaram não utilizar nenhum MC. O principal motivo apresentado para o não uso de contraceptivos foi querer ou não se importar de engravidar (37,3%). Destaca-se ainda o fato de 3,7% das brasileiras não evitam gravidez, pois não sabem como evitar ou onde ir ou quem procurar para lhe dar orientações. A maioria das mulheres estudadas (82,4%) relataram utilizar algum MC, dentre essas, o método mais utilizado é o contraceptivo oral (34,2%) seguido dos métodos cirúrgicos (25,9%) e da camisinha (14,5%). Constatamos também que as variáveis sociodemográficas se relacionam com o MC utilizado pela mulher. Mulheres vulneráveis são as mais esterilizadas, como as pretas/pardas (30,2%), as nortistas (32,5%), e as de baixa escolaridade (39,7%). Por outro lado, as mulheres brancas, com maior escolaridade e que habitam regiões mais desenvolvidas são as que mais utilizam contraceptivo oral e dupla proteção. Apenas 2,0% das brasileiras utilizam o DIU como MC. A dupla proteção foi mais utilizada pelas mulheres da região sul (13,6%), da zona urbana (10,5%), brancas (11,3%), com maior nível de escolaridade (13,6%) e que tem plano de saúde (3,8%).
Conclusão: Houve uma mudança importante no ranking nacional, principalmente pela diminuição da prevalência do uso de métodos definitivos apesar de ainda estar distante dos rankings encontrados em países de primeiro mundo, nos quais os métodos de longa duração são mais frequentemente utilizados. Contudo, não houve diminuição da prevalência do não uso de MC e ainda existem desigualdades de acesso à contracepção no país. As mulheres com maior vulnerabilidade social têm ranking mais próximos ao de países de baixa renda, sugerindo iniquidades. Mesmo com uma taxa satisfatória de mulheres em idade reprodutiva que utilizam algum MC, a maior parte deles são de curta duração, sendo uma hipótese para o alto índice de gestações indesejadas no país. Por outro lado, os métodos de longa duração e reversíveis são mais utilizados pela minoria das brasileiras, ou seja, aquelas que possuem melhores critérios sociodemográficos e econômicos.
Palavras-chaves: Planejamento Familiar / Family Planning; Anticoncepção / Contraception; Disparidades nos Níveis de Saúde / Health Status Disparities; Saúde da Mulher / Women's Health; Saúde Pública / Public Health; Enfermagem/ Nursing
Acknowledgements: Siqueira BB e Paula TF agradecem à CAPES pela bolsa de mestrado demanda social.

local do evento

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Campus Central

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